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Plano Real completa hoje
20 anos de existência

Antes de 1994, inflação mensal chegava a
atingir 82,39%; em maio, IPCA marcou 0,60%

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
01/07/2014 | 07:07
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Denis Maciel/DGABC



O Plano Real completa hoje 20 anos de existência. A atual moeda foi criada em 1994 pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, como medida para valorizar a moeda e conter os altos índices de inflação.

Nos anos que antecederam o plano, as variações mensais de inflação chegavam até a 82,39% segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Como comparação, até maio, o índice acumulado do ano está em 3,33% e, no mês, a variação ficou em 0,60% segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). A inflação oficial encerrou 2013 em 5,91%.

De 1994 até hoje, o índice acumula 359,8%. Apesar de o número assustar, esse percentual era facilmente alcançado em três meses, conforme os meses de janeiro (67,55%), fevereiro (75,73%) e março (82,39%) de 1990. Em um ano, acumulava 2.400%.

Em reportagem publicada no Diário em 16 de fevereiro, Fernando Henrique Cardoso comentou o sucesso da medida. “Não há dúvidas de que o Plano Real foi um mecanismo eficaz para controlar um surto de hiper-inflação. Mas a inflação é uma manifestação insidiosa de desequilíbrio nas contas públicas, precisa ser continuamente vigiada e controlada.”

O professor de Economia da Fundação Santo André Volney Gouveia exemplifica que R$ 1.000 na época da criação do plano hoje valem R$ 280. “Para comprar as mesmas coisas que 20 anos atrás, esses R$ 1.000 precisariam valer em torno de R$ 5.300. Este aumento é explicado pelo custo de produção e margem de lucro que as empresas incorporaram aos produtos, além da alta da oferta e demanda.”

Desde a implantação do real, segundo Gouveia, o governo entendeu a importância do controle inflacionário. “Há um consenso nacional de que manter os preços sob controle é primordial para que a economia avance, o que é um legado muito importante. As pessoas mais jovens não presenciaram a inflação, não têm noção do custo que é para uma sociedade. Era um mal que tirava toda e qualquer perspectiva da população.”

O metalúrgico aposentado de Santo André, Isaías Urbano da Cunha, 72 anos, atualmente secretário-geral da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC viveu esta realidade. “Como integrante do sindicato da categoria era muito difícil, já que tínhamos que pedir um reajuste salarial praticamente todo mês porque era impossível acompanhar a inflação. Também era terrível para as donas de casa, já que era necessário fazer uma compra inteira de uma vez, porque você não sabia como estariam os preços no dia seguinte.”

Conforme estimou o professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Agostinho Celso Pascaliccio, o fim do processo inflacionário significou uma grande economia no bolso dos brasileiros. “Os índices que tínhamos naquela época eram tão absurdos que eu chamo de imposto inflacionário. O Plano Real significou um retorno financeiro de R$ 31 bilhões para o País. Isso corrigido corresponde a R$ 120 bilhões hoje em dia.” 




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