Dez anos de uma conquista inesquecível. Em 30 de junho de 2004, o Santo André escreveu, definitivamente, seu nome na história do futebol brasileiro. O Ramalhão, na época ainda um mero desconhecido para o restante do País, conquistou o título da Copa do Brasil sobre o Flamengo, por 2 a 0 no Maracanã, diante de 80 mil vozes que apoiavam o time carioca. O título histórico é lembrado até hoje por torcedores, dirigentes e jogadores da época. 

 Considerado zebra na maior parte dos confrontos no torneio, o Santo André superou as próprias dificudades para ser campeão. Com equipe modesta, longe dos holofotes da imprensa e sem grande estrutura, o time iniciou a temporada 2004 literalmente com os pés no chão.

 “O clube não dispunha de muita estrutura. Em algumas oportunidades, quando chovia, tínhamos que treinar debaixo das arquibancadas do Brunão (Estádio Bruno Daniel) ou até mesmo em ginásios. Mas nós, jogadores, conseguiamos entender isso”, recorda o ex-lateral Dedimar. 

 Ao longo da Copa do Brasil, entretanto, o Ramalhão foi mostrando superação e capacidade de reverter também outros problemas extracampo, como a troca de técnicos – logo após as quartas de final (Luiz Carlos Ferreira deixou o clube e Péricles Chamusca assumiu o posto) –, além de situações praticamente irreversíveis, como nas quartas de final, diante do Palmeiras, e na seminal, contra o XV de Novembro (RS). 

 “Até hoje, acho que ainda não caiu a ficha daquela conquista. Passaram alguns dias da decisão e ainda não havia entendido o que era um título da Copa do Brasil. Nunca vivi um momento semelhante à aquele”, relembra o atacante Makanaki, oriundo das categorias de base do Santo André e que foi decisivo nas semifinais. 

CAMPANHA

 O Santo André estreou na Copa do Brasil com goleada que não deixava dúvidas sobre seu potencial. Em 18 de fevereiro, bateu o Novo Horizonte por 5 a 0, em Ipameri (Goiás). O placar garantiu o time na segunda fase do torneio, sem a necessidade do jogo de volta. 

 Depois, veio pela frente o Atlético Mineiro. Logo na primeira partida (24 de março), no Bruno Daniel, os comandados de Ferreira mostraram que não queriam ser apenas meros participantes e venceram por 3 a 0, gols de Edimilson, Dedimar e Jean Carlos. Na partida de volta, em Minas, o time perdeu por 2 a 0, mas se garantiu na terceira fase. 

 Veio então o Guarani, de Campinas. E dois empates – 1 a 1 em Campinas e 0 a 0 noBruno Daniel – novamente fizeram com que o time avançasse na competição. Na etapa seguinte, Ferreira deixou o clube, seduzido por proposta do Sport Recife. 

 “O (Péricles) Chamusca quase não mexeu na equipe, ele não atrapalhou em nada. Aquele time estava jogando junto há uns três, quatro anos. Esse foi o grande segredo da equipe”, analisa o ex-volante Ramalho. 

 Nas quartas de final, o adversário foi o Palmeiras. No jogo de ida, em Santo André, houve empate por 3 a 3. E, na volta, em São Paulo, outra igualdade, desta vez por 4 a 4, com gol do atacante Tássio aos 44 minutos do segundo tempo, que garantiu a classificação andreense por ter marcado mais gols fora de casa.

 No caminho do título, o XV de Novembro (RS). O frio do Sul do País e o futebol da equipe comandada por Mano Menezes fizeram com que o Ramalhão quase dissesse adeus ao título. O time perdia por 4 a 1 até o início do segundo tempo, quando anotou dois gols salvadores, evitando derrota maior – final 4 a 3. Na volta, brilhou a estrela de Sandro Gaúcho, que marcou dois gols na vitória por 3 a 1. O Flamengo, na decisão, sentiria o poder do Santo André.