Ele já passou por diversos países do mundo. Superou um acidente em que perdeu a mobilidade da mão direita. Até enredo de escola de samba vencedor do Carnaval de São Paulo ele já foi. Aos 73 anos, João Carlos Martins percorre cerca de 170 cidades por ano, onde toca e rege uma orquestra para ensinar e levar música para as pessoas. E alguns desses lugares estão no Grande ABC.

O maestro está no momento viajando com o projeto Alla Corda. O programa busca despertar o gosto pela arte musical em crianças e jovens que estudam nas unidades do Sesi pelo País todo.

Na sexta-feira (30), Martins esteve no Sesi São Caetano. Em apresentação exclusiva para os alunos da instituição, o maestro regeu a Orquestra Bachiana Filarmônica, a qual coordena, e trouxe ao público partes de peças de compositores clássicos como Mozart e Beethoven. “Essa iniciativa é puramente motivacional. Queremos incentivar a criança a estudar e ensinar a importância que a música tem”, declara o regente.

Martins explica que quer que os alunos entendam como o som pode mudar a vida das pessoas, já que é fator de inclusão social. “Quem toca, traz amor e paz consigo. A música mexe com a sociedade e forma cidadãos”.

Entre cada uma das canções, o maestro conversou com os alunos, para explicar a ideia do projeto e contar quais eram os autores das músicas que a orquestra tocaria. “Quem aqui quer aprender música?”, pergunta, logo depois da primeira canção, já recebendo resposta positiva da maioria dos jovens presentes.

Após a última música, uma versão do Hino Nacional tocada em vários ritmos, João Carlos Martins chamou três crianças ao palco. Com um pequena ajuda do maestro, elas começaram a reger a orquestra, composta por dezenas de músicos. Todos da plateia aplaudiram, após agradecimentos de Martins.

O roteiro se repete em Diadema. O maestro se apresenta na unidade junto da Orquestra Bachiana Filarmônica no dia 16.

O PROJETO
O projeto conta com um método de ensino idealizado por João Carlos Martins e escrito pelo violinista e pedagogo Enio Antunes. A ideia esboça uma maneira única de fazer com que os pequenos aprendam a tocar instrumentos de cordas friccionadas (viola, violino, violoncelo e contrabaixo), além de ensiná-los valores como respeito, tolerância e trabalho em equipe. “Temos a intenção de que a criança toque um instrumento como anda de bicicleta: quando menos espera, já aprendeu”, declara o maestro.

Martins conta que vê muitas bandas no Brasil inteiro, mas poucas orquestras de cordas, e que quer mudar essa realidade. “Realmente há poucas orquestras aqui. E assim, em menos de dez anos, pretendemos fazer 1.000 conjuntos de cordas no Brasil. Queremos fazer história no País”, comenta.

No processo, as crianças também têm a chance de brincar um pouquinho no papel de professores. A prática busca fazer com que o aluno transfira o conhecimento já adquirido.

As aulas tiveram início em agosto do ano passado, mas tanto alunos do Sesi quanto interessados da comunidade ainda têm acesso às turmas (os estudantes do local têm prioridade na inscrição).

Somente pessoas de 6 a 18 anos podem se candidatar às vagas e o cadastro é gratuito. Os encontros ocorrem duas vezes por semana e são ministrados por professores de música contratados pelo Sesi.

As turmas, divididas por idade, têm quatro horas de aulas por semana. Os estudantes têm aulas teóricas e práticas e, depois de algum aprimoramento, passam às orquestras, que se dividem em infantil, infantojuvenil e o último nível, a camerata.

Mais informações pelos telefones 4092-7925 (Sesi Diadema) e 4233-8000 (Sesi São Caetano).