Economia Titulo Competitividade
Setor gráfico da região, afetado por asiáticos, reduz emprego em 6,5%

Fábrica de Diadema faz ‘Bíblia’ por R$ 4,50; importada custa 40% menos

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
31/05/2014 | 07:14
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Orlando Filho/DGABC


A competição com os produtos chineses não é única para o setor metal-mecânico da região. A indústria gráfica também enfrenta desafios para driblar os impactos da queda de demanda desviada para livros importados dos países asiáticos, que contam com mão de obra muito mais barata e chegam a custar até 40% a menos do que o empresário paga para produzir por aqui.

Como reflexo deste cenário, o emprego no setor tem apresentado reduções significativas. Conforme levantamento do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), as empresas do ramo reduziram o quadro de funcionários, como medida para tentar equilibrar as contas no curto e médio prazos, em 6,57% no primeiro quadrimestre.

Considerando o período acumulado em 12 meses encerrados em abril, apresenta o levantamento do Ciesp, o recuo no emprego do setor gráfico da região atingiu 9,11%.

Nesta semana, a Prol Editora Gráfica, de Diadema, enfrentou greve dos funcionários. Após perder mercado, principalmente para os produtos asiáticos, nos últimos três anos, enfrentou o pior primeiro semestre dos últimos 25 anos e, como resultado, atrasou o pagamento de férias, PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

Diretor-presidente da Prol, Eduardo de Carvalho Filho explica que a empresa enfrenta dificuldades financeiras, principalmente pela redução da demanda. Além de encarar o combate desleal dos importados asiáticos, também perdeu mercado de revistas. “Eu tinha 620 publicações impressas. Hoje trabalho com 296”, diz, salientando que diminuiu sua estrutura de três unidades para uma e reduziu o quadro de 1.611 funcionários para 745.

No caso da produção de bíblias, por exemplo, explica o empresário, seu custo de produção é de R$ 4,50 por unidade. “As bíblias importadas entram com isenção de imposto de importação e chegam a ter preço entre 35% e 40% menor do que o meu custo de produção”, criticou.

CARGA TRIBUTÁRIA - No ano passado, o diretor financeiro da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), Luiz Gornstein, reclamou de outro problema tributário que o segmento enfrenta, o pagamento de PIS/Cofins.

Segundo o diretor, a importação de livros não arca com essa tributação federal. E, por isso, as empresas brasileiras ficam menos competitivas em relação às asiáticas.  




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