Política Titulo Entrevista
Barba diz que seu projeto eleitoral está maior que o de Grana em 2010
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
05/05/2014 | 07:54
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Claudinei Plaza/DGABC


Diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Teonílio Monteiro da Costa, o Barba (PT), ingressa pela primeira vez numa corrida eleitoral já considerando que seu projeto político rumo à Assembleia Legislativa está mais estruturado do que a campanha que levou Carlos Grana (PT), então presidente da CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), a conquistar uma das 94 cadeiras do Legislativo paulista. Barba argumenta que conta com bases de apoios em mais cidades do que o hoje prefeito andreense contabilizava em 2010, quando conquistou 126.973 votos e foi o sexto candidato a deputado estadual mais votado do PT. “O que assemelha é que nós dois somos de origem sindical. Ele só não tinha essa penetração na região da Mantiqueira, com Francisco Morato, Bragança Paulista, Franco da Rocha, Joanópolis e Atibaia, e na Baixada ele só tinha Praia Grande e Guarujá. Conseguimos ampliar a candidatura do Grana”, sublinha. Barba diz que não passa na cabeça de dirigentes petistas o fracasso de uma das três candidaturas do PT de São Bernardo à Assembleia Legislativa – além dele, Ana do Carmo e Luiz Fernando Teixeira estão na briga eleitoral – e que secretários do governo do prefeito Luiz Marinho têm de transitar em atividades do trio, pois o objetivo é obter três assentos no Legislativo estadual oriundos da cidade, que foi berço do petismo. O diretor sindical também crava que Marinho hoje é o segundo maior expoente do PT, atrás somente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à frente da presidente da República, Dilma Rousseff.

DIÁRIO – Como o sr. interpreta o movimento ‘Volta Lula’?
BARBA – Movimento ‘Volta Lula’ é natural porque o Lula é a maior liderança política deste País. Pensou a Dilma para ser sua sucessora e conseguiu com sucesso com que a Dilma fosse eleita. Pelo tanto de ataque que a Dilma vem sofrendo e por ter características diferentes da do Lula acontece o ‘Volta Lula’. Não é movimento equivocado, mas não deveria acontecer. O Lula tem obrigação de reeleger a Dilma. Pelo que conheço do Lula, ele falará: ‘Fique, Dilma.’

DIÁRIO – O fato de a própria base aliada de Dilma endossar o ‘Volta Lula’ não enfraquece a reeleição?
BARBA – A base aliada do governo federal não é orgânica, é suscetível a algumas crises e pressões da sociedade. O bom é que a base aliada não quer que o PT perca o governo. Mas eles são muito mais sensíveis às crises que o PT. A presidente Dilma seguirá firme, vai se recuperar e será eleita presidente da República.

DIÁRIO – Como o sr. avalia a candidatura do Padilha ao Estado e de que forma o sr. enxerga o envolvimento dele na Operação Lava Jato da PF (Polícia Federal)?
BARBA – Depois que o Lula foi candidato ao governo do Estado (em 1982), o PT teve boas candidaturas, mas o melhor projeto para derrotar os tucanos no Estado é o do Padilha. Essa suposta frase do André Vargas (sem partido-PR) citando o Padilha não afetará em nada porque o Padilha foi firme em sua resposta. Não tem nenhum negócio (contrato) no tempo em que ele foi ministro (da Saúde) com o (laboratório) Labogen.

DIÁRIO – A citação de Padilha na investigação atrapalha a candidatura do Padilha no momento em que o PT constrói o nome do ex-ministro no Estado?
BARBA – Pode ser que tenha efeito, mas estamos longe da eleição. Não acredito que atrapalhará o Padilha porque ele é jovem brilhante. Se cacifou para ser candidato com o Programa Mais Médicos. Ele mostrou que nosso modelo de governo não é igual ao do PSDB ou igual ao do Conselho Nacional de Medicina.

DIÁRIO – As candidaturas do PT de São Bernardo estão bem resolvidas depois do período de turbulências?
BARBA – Nunca teve turbulência. A Ana do Carmo é deputada estadual, é candidata nata. O Luiz Fernando e eu somos pré-candidatos. Em nenhum momento a pré-candidatura dele interferiu na minha, a minha na dele ou a nossa na da Ana do Carmo. O que tem é direcionamento do PT de São Bernardo para eleger os três.

DIÁRIO – O PT está preparado para a eventualidade de alguma dessas candidaturas não se eleger?
BARBA – Não acredito nisso. Acho que as três candidaturas se elegem. É missão do PT, porém dos candidatos também. Isso não acontecerá.

DIÁRIO – O sr. tem longa trajetória no PT, mas qual sua relação hoje com a administração de Luiz Marinho?
BARBA – Tenho relação forte com o prefeito Luiz Marinho. São 30 anos de trabalho juntos, desde 1985. Comecei militância no movimento sindical na Volkswagen, fábrica em que ele trabalhava. Tenho boa relação com a administração porque é projeto dos trabalhadores para o Grande ABC. Ajudei construir e eleger. Me sinto totalmente representado por essa administração. Tenho relações pessoais com secretários, como o Tarcísio Secoli (Serviços Urbanos), o Jefferson (José da Conceição, de Desenvolvimento Econômico), a própria Nilza (de Oliveira, primeira-dama e titular de Orçamento e Planejamento Participativo). Moro há 51 anos em São Bernardo.

DIÁRIO – O sr. se considera candidato de São Bernardo ou representante exclusivo do sindicalismo?
BARBA – Temos de separar por segmentos. No movimento sindical em quatro cidades do Grande ABC somos 103 mil trabalhadores. Minha candidatura nasce principalmente do movimento sindical, mas sustentada em instituições de outras lutas. Além disso tenho militância no PT há mais de 30 anos e tenho militância dentro da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Tenho atuação forte nos metalúrgicos do Estado, na CNM (Confederação Nacional dos Metalúrgicos). Enraizamos a campanha para 58 cidades, somando o Grande ABC. Tem cidade no Oeste paulista, no Alto Tietê, Baixada Santista, Vale do Ribeira e que no PT é chamado região da Mantiqueira.

DIÁRIO – Em quais pontos sua campanha se assemelha com a do prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), em 2010, quando ele foi candidato a deputado estadual pelo movimento sindical?
BARBA – O que assemelha é que os dois são de origem sindical. O mesmo eixo de atuação do Grana, com raras exceções, é o nosso. Ele só não tinha essa penetração na região da Mantiqueira, com Francisco Morato, Bragança Paulista, Franco da Rocha, Joanópolis e Atibaia. E na Baixada (Santista) ele só tinha Praia Grande e Guarujá. Conseguimos ampliar a candidatura do Grana.

DIÁRIO – Com esse cenário de comparação com a campanha do Grana em 2010, quando ele recebeu 126.973 votos, quer dizer que o sr. está eleito?
BARBA – Ninguém está eleito antes da hora. Pior do que o já ganhou é o já perdeu. Tenho insistido de maneira muito dura: vamos trabalhar para ganhar a eleição.

DIÁRIO – O sr. se sente incomodado ao ver o Tarcísio e o Jefferson, ligados ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em atividades de campanha de Ana do Carmo?
BARBA – Muito tranquilamente, não. O próprio Braz (Marinho, presidente municipal do PT), que tem coordenadores da campanha da Ana, participa dos eventos de pré-candidatura minha. Ele também está em atividades do Luiz Fernando, como o Tarcísio participa da minha, o Jefferson está na da Ana. Todos estão filiados ao PT e têm obrigação de eleger os três deputados.

DIÁRIO – Muito já se comenta sobre a divisão de forças entre Luiz Fernando e Tarcísio para levar a bandeira do PT na sucessão de Marinho, em 2016. Como o sr. vê essa disputa interna?
BARBA – O Marinho é a principal liderança depois do Lula para mim que sou metalúrgico, que vi o Lula no movimento sindical. E não é só de São Bernardo. Ele é a principal liderança depois do Lula dentro do PT.

DIÁRIO – O Marinho é maior do que a presidente Dilma?
BARBA – A presidente é a presidente. Estou falando das lideranças que estão fora do poder. O Marinho é um dos grandes articuladores do Estado e do Brasil, é cabeça brilhante, tenho certeza de que conduzirá de maneira brilhante a sucessão em São Bernardo e não debaterá essa sucessão municipal em 2014. Nossa missão é derrotar os tucanos no Estado e reeleger Dilma.

DIÁRIO – A dobrada anunciada entre os deputados estaduais Alex Manente (PPS) – que será candidato a federal – e Orlando Morando (PSDB) – que buscará a reeleição – atrapalha de alguma maneira sua estratégia eleitoral?
BARBA – O Alex e o Orlando, um é do PPS e outro do PSDB, são dois inimigos políticos a quem quero derrotar. Em qualquer campo. Seja no campo do governo majoritário ou do proporcional. Representam a direita mais conservadora no Grande ABC. Minha estratégia não muda.

DIÁRIO – O sr. mora há 51 anos em São Bernardo, ajudou o governo, como vê a situação da Educação em São Bernardo, com a secretária Cleuza Repulho (PT) investigada pelo Ministério Público e atraso na entrega dos uniformes?
BARBA – O atraso na entrega dos uniformes é por conta de cidade no Paraná (Londrina) ter utilizado a mesma ata de registro de preço daqui. A Constituição permite isso, mas quem usou lá fez de maneira equivocada e causou reflexo na Prefeitura de São Bernardo. O grande problema da Educação não é o município, mas o Estado. O governo do PSDB precarizou a Educação pública. Principal investimento em Educação tem de ser na base. Modelo de pré-vestibular é atrasado. Porque fazer pré-vestibular dá condição de não construir mais universidade.

DIÁRIO – O sr. acha que a Cleuza tem condições políticas de permanecer à frente da Secretaria de Educação?
BARBA – Não tenho acompanhado direito o debate sobre ela e vou me abster de comentar esse tema. O governo Marinho tem acompanhado de perto, ela tem dado resposta que tem cabido à sociedade. É enfrentamento que tem tido na região e vamos ver como vai se desenvolver.




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