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Viagens de um gênio da animação

Hayao Miyazaki influenciou os produtores
do gênero e ganha mostra em São Paulo

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
06/04/2014 | 11:02
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Divulgação


A genialidade de Hayao Miyazaki tem encantado o público contemporâneo. Desde o fim da década de 1970, o diretor, roteirista e animador japonês viaja entre o real e o fantástico para explorar questões humanas com estilo visual que se tornou marca registrada. Aos 73 anos, continua em alta, mas parece estar cansado da sétima arte.

Em setembro, durante o lançamento do longa animado Vidas ao Vento no tradicional Festival de Veneza, na França, a lenda anunciou sua aposentadoria. O presidente do Studio Ghibli, Koji Hoshino, leu carta na qual Miyazaki declarou: “Eu vou ser livre. Gostaria de fazer outras coisas”. Ele é conhecido pelo trabalho duro diário e por elaborar manualmente todo o storyboard dos filmes – mesmo em tempos nos quais os estúdios apostam na computação gráfica e quase não abrem espaço para processos manuais.

“Gênios como Miyazaki marcam de muitas formas o tempo em que vivem e os anos além”, afirmou o diretor e animador Alê Camargo, de Santo André, fã confesso do japonês. “É possível ver a influência de sua obra em incontáveis trabalhos de animação. Um exemplo é a presença de heroínas femininas fortes, como as personagens Mulan, Pocahontas e Merida, da Disney. Ou a convivência de um ser fantástico com uma família normal em Lilo e Stitch.”

Idealizador de filmes como O Castelo no Céu (1986), Meu Amigo Totoro (1988) e Princesa Mononoke (1997), este último responsável por seu estouro no Ocidente, o cineasta já havia anunciado que penduraria o lápis no fim da década de 1990. Voltou à direção em 2001 com o ótimo A Viagem de Chihiro, que lhe rendeu o Oscar de melhor animação.

As cores e formas inigualáveis chamam a atenção. Segundo Camargo, há um esmero pelos pequenos detalhes que faz a diferença. “Até tirar água de um poço é absolutamente lindo nos filmes do Miyazaki. Além, é claro, das histórias profundas e muito humanas.”

Sua última obra, Vidas ao Vento, continua em cartaz nos cinemas brasileiros (veja mais na página 4). Trata-se da biografia do engenheiro de aviões Jiro Horikoshi, mente por trás dos aviões Mitsubishi A6M Zero, usados pelo exército de seu país na Segunda Guerra Mundial. A história quebra as jornadas por mundos bizarros vistos anteriormente e tem tom muito mais sério.

Parte de sua obra volta à cena a partir de hoje na Mostra Hayao Miyazaki, no Sesc Ipiranga, em São Paulo. As sessões ocorrem até 11 de maio, sempre aos domingos, às 17h30. Com entrada franca, os ingressos serão distribuídos com uma hora de antecedência. A maioria dos longas terá o áudio original em japonês com legenda em português. Nausicaä do Vale do Vento (1984) abre a agenda. Mais informações estão na página da unidade no site do Sesc (www.sescsp.org.br).
O desejo do público é que a mente do ‘Disney Japonês’ continue pulsante o bastante para que desista mais uma vez da aposentadoria. “Ele já ameaçou se aposentar várias vezes antes. Acho que ele pode diminuir o ritmo, mas continuará a trabalhar enquanto viver. Vamos torcer!”, diz Camargo. Em suas raras entrevistas, Miyazaki já revelou que deseja escrever mangás. Seus deuses, bruxas, demônios, monstros e aventureiros podem ganhar outros mundos.




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