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Efeitos da
passagem do tempo

'Entre Nós' leva nesta quinta-feira para as telas as
esperanças da juventude e angústias da maturidade

Andréa Ciaffone
27/03/2014 | 07:05
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Divulgação


Romances intensos, conversas suficientemente banais para serem capazes de revelar coisas importantes, o jogo entre perspectivas, talentos, esperanças e competências e, acima de tudo, o tempo jogando a seu favor são elementos típicos da juventude que jorram da tela nas cenas iniciais do filme ''Entre Nós'', que estreia hoje.

Premiado como melhor roteiro no Festival Internacional do Rio de Janeiro, a obra chega ao público para colocar na telona uma história bem diferente das que vem sendo filmadas pelos cineastas brasileiros. Nos últimos anos, os blockbusters brasileiros são filmes de ação como Tropa de Elite ou comédias como De Pernas para o Ar. Mercadologicamente, Entre Nós, é ponto fora da curva.

Co-roteirizado e co-dirigido por Paulo Morelli (Cidade dos Homens) e seu filho Pedro Morelli, o título é um drama profundamente humano com toques de ação, suspense e comédia, mas que não perde a vocação dramática de revelar as almas que conduzem os jovens personagens, além de criar diálogo com o público capaz de fazer as pessoas pensarem em suas próprias vidas.

A história começa em 1992 quando grupo de sete amigos se reúne em sítio na região serrana de São Paulo. Em meio à curtição resolvem enterrar cartas que seriam abertas dez anos depois. A ação viaja pelo tempo e o momento de desenterrar os antigos sonhos traz inquietações.

Ao longo do filme, os grandes espaços e paisagens da Mantiqueira interagem nas cenas para reforçar sensações ou para estabelecer contraste com a claustrofobia que sentimentos não confessos costumam provocar nas pessoas.

A proposta e a condução da trama conseguem atingir o espectador num nível muito pessoal ao catalisar lembranças e provocar avaliações sobre o que cada um fez da sua própria vida nos dias que separam a juventude e a maturidade. Sensível e provocador, ele se dirige a um público-alvo mais maduro e traz elenco que saiu da adolescência e entrou na idade adulta diante dos olhos do público: Caio Blat, Carolina Dieckmann, Paulo Vilhena, Maria Ribeiro, Julio Andrade, Martha Nowill e Lee Taylor.

“O mais incrível deste filme foi o fato de que somos amigos na vida real e, profissionalmente, tivemos de fazer um mergulho nos personagens para encontrar o tom das relações nesse grupo”, diz Caio Blat, que dá vida a Felipe, personagem que carrega um segredo potencialmente desagregador para a turma. Carolina Dieckmann, que vive Lúcia, se diz muito satisfeita tanto com o resultado do trabalho quanto com o processo de filmagem que incluiu 15 dias de preparação dos atores e de ensaios na casa em que a filmagem foi realizada em 24 dias.

“Quando a equipe chegou, a gente já estava tão envolvido no trabalho que foi quase uma invasão”, brinca Paulo Vilhena. O ator dá vida a Gus, sujeito sensível e que na segunda fase do filme se mostra fragilizado por não ter alcançado o sucesso. “Esse filme me deixa muito feliz por que me deu oportunidades de interpretação que eu desejava. Chego a pensar que estou exatamente na situação com que eu sonhei há dez anos”, diz.

Maria Ribeiro interpreta Silvana, a dona da casa em que tudo se passa e uma espécie de agregadora da turma. Ela diz que a beleza do filme está em mostrar a vida interior das pessoas e, também, novas possibilidades, talvez mais intimistas, para o cinema brasileiro hoje tão focado em filmes descomplicados e extrovertidos.




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