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Música, ofurô e Canguru deixam bebê calmo e feliz

Hospital da Mulher ensina às famílias técnicas para relaxar e ajudar no desenvolvimento

Camila Galvez
23/03/2014 | 07:09
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Orlando Filho/DGABC


“Olá, João Pedro, bem-vindo, João Pedro. Que bom que você veio, gosto muito de você.”

Ao ouvir a voz da mãe cantando esses versinhos, o pequeno João Pedro, que nasceu na segunda-feira no Hospital da Mulher, em Santo André, para de sugar o leite do peito por alguns segundos. A canção é acompanhada pela melodia da kalimba, instrumento artesanal de origem africana cuja tradução literal quer dizer ‘piano de dedo’. Quem toca é a musicoterapeuta Camila Turco, que incentiva mães e pais a conversar e cantar para seus filhos como forma de acalmá-los e estimular seu desenvolvimento.

A atividade, feita um dia sim, um dia não na maternidade do hospital, faz parte de conjunto de estratégias para ampliar o vínculo do bebê com a família, além de ajudar na recuperação de crianças que nasceram prematuras. O interessante é que tudo pode ser repetido em casa pelos pais depois que o bebê recebe alta.

A mãe de João Pedro, a bordadeira Jéssica Souza Soares, 21 anos, adorou a experiência. “Sinto que ficou mais calmo até para mamar. Durante a gravidez, sempre conversei muito com ele, então, está acostumado com a minha voz.”

É exatamente isso que a musicoterapeuta destaca como importante na atividade. “É uma forma de trazer de volta ao bebê as sensações experimentadas no útero, além de estimular o desenvolvimento motor, neurológico e fisiológico como um todo.”

Outra oficina realizada na unidade de Saúde com o mesmo objetivo de resgatar a experiência intrauterina é o banho terapêutico de ofurô. Não se trata da banheira de madeira tradicional dos japoneses, mas sim de um balde de plástico perfeito para o tamanho dos bebês. A água é aquecida em torno de 36ºC a 37ºC e conta com mangueira que transforma o balde em hidromassagem.

A pequena Lorena, que nasceu prematura de 34 semanas no dia 3, foi pesada – 1,858 quilo – e enrolada no cueiro antes de ser mergulhada na água, sob os olhares atentos dos pais de primeira viagem, a representante comercial Lindinalva Souza de Brito Araújo, 32, e o eletricista Jhonas Gomes de Araújo, 33. No momento em que entrou em contato com o líquido morno, a menina se acomodou. Em nenhum momento abriu os olhinhos. Era como se dormisse.

Em certo instante, agarrou com a mãozinha miúda o braço da enfermeira neonatal Carla Laud de Faria. “O banho terapêutico é importante porque acalma o bebê e tira o foco da dor, principalmente para os prematuros, que precisam passar por intervenções como exames, sondas, entre outros. Temos de evitar ao máximo o choro, porque ele representa gasto de energia. E o objetivo maior é o ganho de peso”, explica Carla.

Araújo fez questão de clicar a filha com o celular. “É interessante porque podemos repetir em casa, assim como o Método Canguru”, diz o pai. Nesta atividade, o bebê é colocado sem roupa sobre o peito nu do pai ou da mãe, para sentir o calor corporal e as batidas do coração. Lindinalva também aprovou. “Depois que começamos a fazer o Canguru com a Lorena, o ganho de peso foi visível. Antes ela ganhava 20 gramas por dia, depois passou para 80 gramas.”

A superintendente do hospital, Rosa Maria Pinto de Aguiar, destaca ainda o método pele a pele, feito no momento do nascimento do bebê. Quando a criança chega bem ao mundo, antes de ser cortado o cordão umbilical, ela é colocada em contato direto com a mãe. “Trata-se de mais um protocolo da Rede Cegonha, do governo federal, que fazemos questão de cumprir, pois vemos resultados na recuperação e no desenvolvimento dos bebês.”

A diretora de enfermagem, Sonia Maria Almeida dos Santos, resume bem as atividades oferecidas às mães e seus bebês. “São atos de amor que independem da situação financeira da família e mudam a vida das pessoas desde o nascimento.”

Em Mauá, oficinas ensinam técnicas da massagem oriental shantala

Na UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Santa Lídia, em Mauá, mães aprendem a técnica oriental de massagem shantala, originária da Índia, para estimular os bebês por meio do toque das mãos. É necessária apenas uma aula para ensinar a massagem, que pode ser repetida em casa e proporciona estado de calma, fortalecimento da musculatura e articulações, melhoria na respiração, diminuição de dores e cólicas abdominais, entre outros benefícios.

A fisioterapeuta da Secretaria de Saúde Erlaine Alvernaz explica que os movimentos das mãos, repetidos de três a cinco vezes cada, estimulam a circulação e a produção hormonal. A serotonina produzida provoca a sensação de bem-estar e o relaxamento nos bebês, que passam a dormir melhor. Enquanto estão adormecidos, seus organismos produzem os hormônios corticoide e GH, responsáveis pelo crescimento. Além disso, quando começam a engatinhar, os bebês o fazem com mais facilidade quando estimulados pela massagem.

REGIÃO

Em São Bernardo, são oferecidas diversas oficinas para mães na Semana do Aleitamento Materno, no início de agosto, incluindo a técnica da shantala. No HMU (Hospital Municipal Universitário) também é adotado o método Mãe Canguru, assim como no Hospital da Mulher. Na Casa da Gestante do HMU, elas realizam atividades como culinária, costura, bijuteria, origami, pintura e outros trabalhos manuais, além de exercícios de relaxamento sob a orientação de fisioterapeutas e noções de nutrição para a escolha de alimentos saudáveis.

Em Diadema há o Clube do Umbigo, onde são feitos o acompanhamento do recém-nascido, orientando sobre a amamentação, cuidados com o umbigo, agendamento de consultas e vacinas. Os encontros são semanais e dão às mães a oportunidade de tirar dúvidas e aprendem com os profissionais. Quando a criança completa o primeiro aniversário a UBS faz uma festa para celebrar a vida.




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