Cultura & Lazer Titulo Música 2
Novas cantigas
do Raimundos

Com produção norte-americana, a banda lança
disco de inéditas depois de um hiato de 12 anos

Vinícius Castelli
25/02/2014 | 07:10
Compartilhar notícia
Divulgação


Algumas coisas tardam mas não falham. E é exatamente isso o que os fãs da banda Raimundos devem estar sentindo nesse momento. Após hiato de 12 anos, o grupo apresenta seu novo disco de estúdio, 'Cantigas de Roda', que traz no cardápio 12 temas inéditos.

Evaporando energia na nova empreitada, a banda aposta em sonoridade que remete às raízes do grupo: muito peso misturado ao som do sertão nordestino: triângulo e sanfona, entre outros arranjos que já se tornaram marca registrada do grupo.

“Estávamos tocando as mesmas músicas havia tempo. Tocar música nova é bom e agora, finalmente, temos 12 delas”, conta o guitarrista Marquim. Além dele, no grupo desde 2001, o Raimundos conta com Digão (voz e guitarra), Canisso (contrabaixo) – ambos da formação original –, e com o baterista Caio Cunha.

Refrões grudentos e pegadas prontas para fazer o público pular no show borbulham na obra. Para conseguir esse resultado, a banda voltou onde tudo começou. “Fizemos a pré-produção na garagem da casa do pai do Digão, em Brasília. Tem um estúdio lá, umas guitarras e um jardim com clima gostoso, tem até um pé de lichia. O lugar é inspirador. Fizemos umas dez músicas lá”, conta Marquim.

Letras com duplo sentido, outra marca registrada do Raimundos, também estão presentes. Entre elas, 'Gordelícia', 'Descendo Na Banguela', 'Cera Quente' e 'Baculejo' – single e primeiro videoclipe do álbum. “As músicas sacanas do Raimundos não são apelativas. Não falamos palavrão de forma gratuita. São trocadilhos, tiração de onda”, diz o músico.

Mas nem só de farra vive o Raimundos. A banda também levanta sua bandeira da seriedade, como já fez em outros momentos, e usa a força que tem para colocar o dedo na ferida. Um dos momentos no trabalho é 'Politics', tema que fala de problemas políticos e educacionais do Brasil.

“Fizemos essa música dois meses antes dos protestos do ano passado. Falamos na música que o povo indignado não aceita diversas coisas e em seguida olha a coincidência, todos foram para as ruas. Revolta e indignação ajudam a fazer música. O punk nasceu assim na Inglaterra, com o desemprego enorme. O rock não nasceu disso, mas funciona bem como ferramenta de protesto”, diz Marquim.

Cantigas de Roda tem produção assinada pelo norte-americano Billy Graziadei, cantor e guitarrista do Biohazard. A banda fez o convite sem pretensão, Graziadei aceitou e banda embarcou para Los Angeles para fazer o registro. “Ele conseguiu tirar um som impressionante, não conseguiríamos isso no Brasil”, conta Marquim.

Hoje o Raimundos caminha no cenário musical de forma independente. E foi assim, na correria e com a ajuda dos fãs, que conseguiu fundos para realizar esse trabalho. Depois de muita conversa e pesquisa os músicos resolveram fazer um crowdfunding (vaquinha realizada pela internet) para financiar o disco. A campanha foi lançada em agosto e alcançou as expectativas em uma semana. A ideia era arrecadar R$ 55 mil em dois meses. No fim a campanha somou a quantia de R$ 123 mil.

“Fizemos as contas do quanto precisaríamos para gravar o disco. No total a campanha faturou muito mais. Os fãs compraram pacotes. Ou o álbum digital, ou vinil, ou CD, ou CD autografado. Com esse valor está dando para fazer tudo o que precisamos. Divulgar o álbum, fazer vídeos”, conta.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;