Economia Titulo Carreira
Passar em concurso exige dedicação, dizem especialistas

É preciso ter recursos para pagar cursinho e
se preparar com pelo menos seis meses de antecedência

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
24/02/2014 | 07:10
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Nario Barbosa/DGABC


Seguir a carreira pública tem se tornado o objetivo de vida de muita gente. Estabilidade de emprego, benefícios e, em alguns casos, salários iniciais bastante atrativos são alguns dos fatores que fazem dos concursos para trabalhar no funcionalismo ou em empresas do governo disputas acirradas, que exigem tempo e recursos para os candidatos se prepararem para as provas.

Neste início de ano, diversas oportunidades estão surgindo. Dois exemplos são o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. No primeiro (com piso de R$ 2.043) as provas já foram realizadas e na Caixa (remuneração de R$ 2.932), as inscrições já acabaram, mas quem se inscreveu tem até dia 30 de março para estudar para o teste. Outros concursos estão autorizados, mas ainda não tiveram edital lançado, como é o caso de vagas para auditor fiscal da Receita Federal (que paga R$ 14.653 por mês) e o de auditor tributário municipal da Prefeitura de São Paulo (R$ 11.476), e alguns estão previstos: por exemplo, para a Polícia Federal (R$ 7.887).

No entanto, é preciso ter em mente que, por causa da forte concorrência, a preparação é a diferença entre alcançar ou não algum desses objetivos, segundo os especialistas. O gestor da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Norival Caruso, cita que, em meio a um cenário em que a economia “anda de lado” e as empresas param de contratar, a carreira pública dá mais segurança. Porém, ele ressalva: “É preciso ter disciplina e organizar o tempo livre para estudar os assuntos que vão cair na prova”.

Isso significa se preparar de seis meses a um ano, no caso de vagas que exigem nível médio, e de um ano e meio até quatro anos, para conquistar as de nível superior, estima o diretor de marketing e Recursos Humanos da rede de cursinhos preparatórios Central de Concursos, José Luis Romero Baubeta. Há ainda os custos desse sonho: quem se inscreveu para técnico da Caixa (nível médio), por exemplo, pode fazer aulas nessa rede, por R$ 1.327 (à vista) ou seis vezes de R$ 245 para curso de 184 horas; e para os que desejam se tornar auditor da Receita (exigência de nível superior), sai por R$ 6.525 à vista ou em até 12 meses de R$ 677, para 579 horas de aula.

O tempo e o dinheiro dispendidos podem desanimar quem tem o sonho de entrar no funcionalismo, mas Baubeta considera que o candidato que se dedica sai na frente. “Cerca de 20% dos inscritos nem vão fazer a prova, e dos 80% restantes, só 5% a 8% estão realmente preparados, por isso, estudar com antecedência é fundamental”, afirma.

O diretor enumera outra vantagem. Segundo ele, em torno de 80% das disciplinas estão presentes em qualquer concurso que tem testes de múltipla escolha. Dessa forma, fazer provas de anos anteriores ajuda e se a pessoa não for aprovada na primeira vez, não significa que tudo que ela aprendeu (ou reviu) estará perdido. “É estudar até passar, às vezes, não passa na primeira, nem na segunda, mas não pode desanimar”, diz.

Outros detalhes também contribuem para tornar a vida do candidato mais tranquila. Procurar ter o apoio da família para ‘perder’ horas diárias com o estudo, conversar com quem passou, para checar o que pode encontrar pela frente, e ler com atenção o edital, para conhecer bem as normas, são alguns desses pontos, observa Baubeta.


AUDITORA - A designer de interiores Ludmila Slizys, 24 anos, que mora em São Caetano, pretende deixar de lado sua atual profissão para se tornar auditora fiscal da Receita Federal. Para isso, ela está se dedicando. Iniciou em novembro curso de 11 meses de duração.

Ela conta que desfez recentemente sociedade e atua hoje sozinha na atividade, trabalhando no período da tarde e, apesar de gostar do que faz, afirma que, há dificuldades, já que nem sempre surgem clientes. Por isso, ela vê no funcionalismo a perspectiva de ter estabilidade de emprego e uma vida mais tranquila. Também a atrai o salário de cerca de R$ 14 mil.

Para isso, faz aulas à noite no cursinho e, aos fins de semana, tem se reunido com grupo de amigas que frequentam a mesma escola para revisar os temas vistos em sala.

Assim como ela, o personal trainer Erik Assis Becker, 27 anos, que mora em São Paulo, na divisa com São Bernardo, também está se dedicando para dar uma virada em sua vida profissional. Ele estuda com o sonho de ingressar na Polícia Federal, por uma questão de vocação, e também pensando no salário (a remuneração inicial é R$ 7.887) e na estabilidade. Para ajudar na preparação para atingir esse objetivo, ele fez provas, como testes, para vagas no Tribunal Regional Federal e no Metrô, Além disso, tem estudado até 12 horas diárias todos os dias, incluindo sábados e domingos. Como ele consegue? “Como sou personal trainer, consigo fazer meus horários e trabalhar de manhã”, explica.

A dedicação aos temas que vão cair na prova envolve sacríficios, pois ele acaba tendo de abrir mão de dar mais atenção a familiares. “Mas eu sei que é por um bom motivo, para ter um futuro melhor”, afirma. 




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