Economia Titulo Empréstimos
Penhor é alternativa de crédito barato

Modalidade oferece juros de 1,5% ao mês, porém, quem atrasar pagamento por 30 dias perde o bem

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/02/2014 | 07:07
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Na hora do aperto, quando as dívidas se acumulam e as pessoas não veem como honrar seus compromissos sem buscar algum tipo de empréstimo, uma das saídas que têm ganhado a adesão dos consumidores é o penhor.

Com juros em conta, por fixar como garantia o próprio bem (que pode ser uma joia, um relógio, canetas, metais nobres e objetos de prata, por exemplo), a modalidade teve crescimento de 18,6% no saldo financiado em 2013 ante 2012. Foram R$ 11 milhões emprestados no ano passado pela Caixa Econômica Federal, única autorizada a operar nesse formato no País.

Esse montante correspondeu a 9.192 contratos, cerca de 1.500 a mais que no ano anterior. Uma das pessoas que recorreram ao penhor foi Joyce Marino Lesting, 50 anos, moradora de São Caetano. “Foi por necessidade, para o pagamento de contas”, explica.

Joyce tinha joias guardadas, que resolveu colocar ‘no prego’, e obteve quase R$ 5.000, para pagar em quatro meses. Ela, que é diretora financeira de empresa, opina: “Hoje quem tem problema com cartão de crédito, que tem juros absurdos, se tiver joias pode recorrer ao penhor que vale a pena”. Enquanto o cartão tem hoje taxa média de 9,37% ao mês, o empréstimo pessoal dos bancos cobra 3,26% e o consignado (crédito com desconto em folha), 1,8%, a modalidade empresta a 1,5% ao mês.

O gerente regional de Pessoa Física da Caixa no Grande ABC, Edvaldo Contin, destaca outras vantagens, como ser empréstimo simplificado, com operação feita sem avalistas e com a possibilidade de resgate antecipado. “Ainda é importante salientar que esta operação de empréstimo realiza a guarda de valores, pois o bem fica na Caixa aguardando o pagamento para sua devolução”, diz. A modalidade pode ser feita de duas formas: com parcela única, que pode ser quitada em até 180 dias, ou parcelada, em até 60 meses. (Veja mais no quadro ao lado)

O professor de Finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração) Carlos Honorato considera um bom mecanismo de se conseguir dinheiro mais barato. No entanto, ele alerta que deve-se tomar cuidado com a finalidade para a qual o recurso será usado, e que é importante a pessoa se planejar financeiramente. “Se você gastar (o valor emprestado) com bens de consumo pode não ter (dinheiro) depois para resgatar o bem”, acrescenta. Já se o intuito for pagar dívidas mais caras, como cartão de crédito ou cheque especial, pode valer a pena. Além disso, ele cita que a avaliação da joia costuma ser abaixo do valor de mercado, já que leva-se mais em conta o material (pedras preciosas e metais) do que o design.

Outra ressalva é que, por colocar como garantia um bem que, muitas vezes, tem valor sentimental, sua perda (caso a pessoa não consiga honrar com as parcelas) pode significar mais do que o valor financeiro perdido, observa o educador finaneiro Reinaldo Domingos. Para perder o bem, aliás, basta atrasar o pagamento do empréstimo por 30 dias. E, para recuperá-la, a pessoa terá de enfrentar leilão da Caixa na tentativa de comprá-la novamente.


IMÓVEL - Outra forma de empréstimos com juros baratos é o crédito obtido com a alienação fiduciária da casa ou de veículo, em que a pessoa que é dona de um desses bens passa a propriedade para instituição financeira em troca dos recursos, que, ao serem quitados, o item alienado retorna ao devedor. A Caixa Econômica Federal oferece empréstimo correspondente a até 60% do valor do imóvel dado em garantia, com juros de até 1,49% mais TR (Taxa Referencial), com até 240 meses para pagar.

Para o professor Carlos Honorato, há o risco de a pessoa perder algo que levou anos para conquistar. Ele recomenda que se o consumidor está endividado no cartão de crédito, vale mais a pena vender um bem (como o carro) do que alienar parte dele, ou então tentar renegociar com a administradora do cartão. 




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