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Paranapanema oferece pacote de benefícios

Empresa confirma demissão de 260 e pagamento
de meio salário por ano trabalhado

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
22/02/2014 | 07:19
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Marina Brandão/DGABC


Paranapanema bateu o martelo na demissão dos 260 funcionários da linha de produção de tubos de cobre de baixa espessura da unidade fabril do bairro Capuava, em Santo André. No entanto, vai compensar todos com prêmios financeiros e extensão de plano de saúde e de vale-alimentação.

A decisão ocorreu ontem pela manhã, após reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá. A entidade ainda tentava a reintegração dos trabalhadores, que receberam o anúncio de dispensa na quinta-feira por telegrama, mas saiu da mesa de negociações com meia conquista, avaliou o secretário financeiro e administrativo, Adilson Torres Santos, o Sapão.

“Seria uma vitória se conseguíssemos o cancelamento das demissões. Mas, a empresa deixou claro que não seria possível. Perdemos o jogo de 1 x 0. Ao menos conseguimos benefícios extras aos trabalhadores”, desabafou Sapão.

A linha de produção dos tubos de cobre de menor diâmetro foi desativada porque a empresa inaugurou, em outubro, estrutura muito mais moderna para esse tipo de fabricação na unidade do bairro Utinga. A produção em janeiro compensou a antiga e bateu recorde da companhia no mês.

Segundo o sindicalista, um pacote de benefícios será pago a todos os dispensados. Eles receberão meio salário para cada ano que completaram como empregados da metalúrgica. Portanto, se um trabalhador atuou durante dez anos, receberá o equivalente a cinco salários. Caso o período de carteira assinada na Paranapanema tenha anos incompletos, o valor será proporcional, com base no cálculo inicial. Cada mês representará 4,16% do pagamento neste caso.

Outro ponto garantido a todos é o pagamento, durante seis meses, de vale-alimentação no valor de R$ 300 mensais. “Na prática, cada um vai receber R$ 1.800 só com esse benefício”, destacou Sapão.

A Paranapanema garantiu para o sindicato que também manterá o plano de saúde dos 260 demitidos por mais seis meses. E prestará consultoria para todos que desejarem, tanto para contribuir para a recolocação no mercado de trabalho, quanto para aqueles que, com rescisões maiores, se interessem em se tornar empreendedores.

Altair José da Silva, 45 anos, trabalhou por 27 anos na companhia e está na lista dos dispensados que teriam estabilidade no emprego até a aposentadoria. Sua garantia de manutenção no trabalho é proveniente de problemas na coluna e perda de audição. Ele é um entre os cerca de 70 operários que serão beneficiados com o pacote financeiro extra, além daquele comum a todos. Receberá indenização pelos anos que ainda restam para a sua aposentadoria.

“A empresa garantiu que vai pagar os anos que faltam para eles se aposentarem. Disseram que ainda vão calcular caso a caso, trazer os valores para hoje, e pagar”, explicou Sapão.

Ele comemorou ainda a vontade da companhia de liquidar essas pendências em único pagamento. “No momento em que estamos, em que as empresas vêm querendo parcelar as rescisões em várias vezes, é importante saber que decidiram fazer dessa maneira”, acrescentou Sapão.

“O sindicato bateu na mesa. Brigou como é de seu direito, em benefício do trabalhador. Mas, me parece que os funcionários compreenderam o desligamento e, aqueles que serão transferidos (110), ficaram aliviados. Tanto que hoje (ontem) a linha de tubos reto (de maior espessura) recomeçou a produção”, explicou o diretor-presidente da Paranapanema, Christophe Malik Akli.

O executivo entende que dos 260 funcionários, cerca de dez ou 15 podem não concordar com os pacotes oferecidos, mas, assegurou que cada caso será avaliado com tranquilidade. E deixou claro que os benefícios estão em fase de cálculos individuais e que, na próxima semana, a empresa já deve ter formatação para iniciar as conversas com os demitidos.


Mercado vai entender medida durante divulgação do balanço

O diretor-presidente da Paranapanema, Christophe Malik Akli, se mostrou satisfeito com o desfecho das negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá a respeito da desativação da linha de produção de tubos de menor espessura da unidade do bairro Capuava, em Santo André. Ele garantiu que toda a equação financeira sobre essa medida será explicada para o mercado durante a apresentação do balanço financeiro de 2013, por teleconferência, no dia 27.

Akli revelou que alguns acionistas da companhia, que têm ações negociadas em Bolsa de Valores, já ligaram para pedir explicações sobre a desativação da linha de produção e a demissão dos 260 trabalhadores. “Mas, não podemos falar nada ainda”, disse.

“Vamos ver se temos a capacidade de explicar para todos eles que essa medida foi necessária para a empresa e que será interessante para eles também. Nós vamos, durante a teleconferência, no dia 27, tentar explicar qual foi a mecânica financeira que tem por trás da decisão de desativar a linha”, explicou o presidente. “Por enquanto, no entanto, por determinação de lei, temos que nos abster.”
 




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