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Juventude agreste

Peça de Newton Moreno ganha releitura regional; alunos do
Núcleo de Teatro do Sesi fazem adaptação que estreia na 6ª

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
27/10/2011 | 07:05
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Entre algumas possibilidades de encenação, algumas mais leves, os alunos do Núcleo de Artes Cênicas do Sesi Santo André - a maioria formada por jovens - decidiu tratar um árduo tema: o preconceito que corrompe a harmonia e destrói as relações humanas.

A escolha recaiu sobre texto de Newton Moreno, 'Agreste', que a Cia Razões Inversas apresenta desde 2004 - e que já arrebatou o prêmio APCA de melhor espetáculo e texto e Prêmio Shell de melhor autor. O resultado será apresentado sexta, na unidade andreense do Sesi.

Desterritorializados - a trama se passa no sertão nordestino -, eles viram a possibilidade de mostrar um problema que ao mesmo tempo que acontece em tempo e espaço diferente, acontece aqui e agora.

A peça fala sobre um casal homossexual formado no meio da lavoura. Aparentemente marido e mulher, quando um deles morre, o povo da pequena cidade em que vivem descobre que o defunto tem o mesmo sexo do personagem viúvo. A intolerância, nesse momento, se torna um monstro vivo contra o amor do casal protagonista.

"É um texto de conteúdo forte, que coloca em questão o preconceito e a ignorância que faz com que as pessoas se transformem em prisioneiros das verdades que elas acreditam", diz Ana Célia Padovan, diretora da montagem e coordenadora do Núcleo.

"É uma forma de trazer um mundo que está distante e próximo. Pode ter acontecido em outro tempo, no qual a cabeça das pessoas era mais fechada, como sugere a peça, e pode falar do que tem acontecido hoje na Avenida Paulista, com a série de ataques homofóbicos. A escolha foi de se manifestar contra o preconceito e a discriminação", completa Ana Célia.

Para a diretora, além do desejo de comentar algo que os incomoda, não escapou dos alunos o desejo de fazer uma peça que traz a riqueza da cultura popular nordestina - que se expressa no sotaque, no figurino e nas expressões - e nem a veia cômica que o texto apresenta.

"Ele também tem comicidade, a forma como algumas coisas acontecem traz o riso. Todos ao lerem se encantaram também com essa qualidade da peça."

MONTAGEM
Itinerante dentro do espaço do Sesi, o espetáculo começa no saguão e vai para o teatro. A história começa do fim, e volta para o passado para se explicar-se ao público. Além de executarem música ao vivo - de composição própria -, os atores ganham o papel de narradores e intérpretes da cena.

"O texto do Newton é um contador. Ele começa narrando e em determinado ponto passa a apresentar personagens que viveram a situação contada. Tem passagens que parecem rúbricas, mas são texto do narrador, no qual a consequência dos ator ainda é vivida pelos que fazem parte da história. Essa mistura faz com que o que é contado em cena resvale para quem está assistindo também", fala a diretora.

A peça, que circulará por algumas unidade Sesi do Estado, voltará a ser apresentada em novembro e dezembro.

Agreste - Teatro. No Teatro do Sesi Santo André - Doutor Armando de Arruda Pereira, 100. Tel.: 4996-8633. Amanhã, às 20h. Grátis.




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