O crédito consignado deu sinal de ter contribuído para a melhoria das finanças das famílias brasileiras. No primeiro semestre, as operações na modalidade acumularam R$ 45 bilhões, alta de 28% sobre os seis primeiros meses de 2011. E os resultados ocorrem no momento em que a inadimplência inicia curva para queda, de 7,9% em maio para 7,8% em junho.

Na avaliação do professor de Finanças e consultor da PPS-Net Mário Amigo, que ministra aulas na Fipecafi, Fipe, FIA e Saint Paul Escola de Negócios, essa relação pode ser um sinal de que as famílias estão se conscientizando para trocarem suas dívidas mais caras pelos consignados.

"Hoje, as pessoas estão recebendo muito mais estímulos e informações para avaliarem os custos das dívidas. Isso pode ter levado muitas a refinanciarem seus endividamentos", destacou Amigo.

O consignado, criado em 2003 por lei, é a linha de empréstimo mais interessante para o consumidor. Ela é uma das mais baratas. Isso ocorre devido à forma de liquidação das parcelas, que vão direto nas folhas de pagamento.

Existem alguns limites na hora de contratar o consignado. O empréstimo não pode ter prestações superiores a 30% do salário, ou benefício, do contratante. E é possível realizar apenas uma operação por vez.

RESULTADOS

Conforme o Ministério da Previdência Social, os aposentados e pensionistas contrataram no primeiro semestre R$ 16 bilhões em consignado, alta de 12,7% sobre o mesmo período de 2011.

Descontados os valores contratados por aposentados e pensionistas, restam os consignados privados de instituições financeiras ou cooperativas de crédito, que passaram de R$ 21,4 bilhões no ano passado para R$ 29,4 bilhões, acréscimo de 37%.

Amigo também relacionou o crescimento das operações às campanhas que os maiores bancos do País vem realizando recentemente sobre reduções nas suas taxas de juros. O consignado está na lista de quedas de preços de quase todos.

PREVIDÊNCIA

Em junho, os aposentados e pensionistas emprestaram R$ 2,762 bilhões por meio de operações de consignado. Tendo em vista a comparação em valores nominais, em que não são aplicadas as correções pela inflação, o incremento sobre o mesmo período do ano passado foi de 15,75%. Sobre maio, a alta foi de 4,8%.

Em número de contratações, houve queda de 9,08%, de 876.326 em maio para 796.774 em junho.

Os aposentados e pensionistas têm disponíveis duas opções de consignado, uma por empréstimo e outra por operação com o cartão de crédito.

Nos empréstimos, que são maioria, os desembolsos dos bancos para esses consumidores atingiram R$ 2,76 bilhões em junho, expansão de 15% na comparação anual, resultado de 769.466 contratações.

Por meio do plástico, cujas regras são um pouco diferentes, tendo em vista que as parcelas dos empréstimos só podem ir até 20% do valor total do benefício, os beneficiários emprestaram R$ 313 mil, 89% a menos do que em junho de 2011.