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Santo André planeja educação patrimonial

Escolas estaduais irão basear currículo em publicação do Instituto do Patrimônio do ABC

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
26/11/2013 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


A Diretoria de Ensino de Santo André, responsável pelas escolas estaduais da cidade, estuda implantar no próximo ano letivo aulas de educação patrimonial nos colégios da rede. O material de apoio será o livro comemorativo dos 10 anos do Instituto do Patrimônio do ABC, lançado neste ano e que está em fase de distribuição nas diretorias de ensino e instituições municipais do Grande ABC. Na cidade, são 20 imóveis tombados pelo Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André).

Conforme a diretora Ariane Butrico, ensinar os alunos a importância dos patrimônios históricos é resgatar a própria formação da cidade. “Atualmente trabalhamos a questão da memória espalhada pelo currículo, em disciplinas como Arte, Geografia e História. Também fizemos diversos projetos ao longo do ano letivo que incentivaram o resgate do passado”, garante.

Ariane avalia que a questão da preservação e divulgação do patrimônio é falha no Brasil. “Muita gente acha que isso é coisa de outros países, por isso, é importante ensinar a importância de cuidar dos nossos bens históricos desde cedo.”

Entre os trabalhos citados por Ariane estão o programa Memória Escolar, no qual seis instituições centenárias do município criaram trabalho de resgate da história da própria instituição. Outro programa desenvolvido ao longo deste ano foi o Patrimônio em Rede, que reuniu acervo da Secretaria de Educação, incluindo as escolas da região. “Trabalhar o patrimônio é de extrema importância para a formação de nossas crianças como cidadãos. A criança sente que o patrimônio faz parte de sua história e, consequentemente, passa a valorizá-lo.”

A proposta da Diretoria de Ensino de Santo André faz parte da meta do Instituto do Patrimônio do ABC de levar educação patrimonial a todas as escolas públicas da região, que conta com 65 bens tombados nas sete cidades. Este é, inclusive, o maior desafio da próxima gestão, que será eleita em assembleia no sábado. “Precisamos do interesse dos envolvidos, porque não temos condição de fazer isso sozinhos”, destaca a conselheira Ana Gedankien.

Outro projeto do grupo é realizar passeios aos pontos históricos do Grande ABC com os estudantes, por meio de parceria com a Associação das Empresas de Transporte de Fretamento. Para isso, porém, Ana explica que é necessária a adesão das escolas ao projeto de educação patrimonial. “É algo que vai ficar para o próximo ano letivo.”

EXPECTATIVA
A diretoria eleita também espera receber a segunda etapa de investimentos federais para o projeto Reviver o Patrimônio, que em 2010 realizou, em parceria com o Centro de Formação Profissional Padre Leo Comissari, curso para restauradores. A primeira etapa contou com recursos de R$ 47 mil, mas o Instituto teve dificuldade na prestação de contas. “Eles usaram uma plataforma bastante difícil. Por isso mesmo, conseguimos contratar uma consultoria agora e acreditamos que logo o valor para a segunda etapa deve ser liberado”, garantiu a conselheira.

Ações realizadas em colégios públicos ainda são tímidas

A maioria das cidades da região tem ações tímidas no que diz respeito à educação patrimonial. Nenhuma delas conta com recurso do governo federal, que, por meio de parceria com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e do MEC (Ministério da Educação), estimula a adoção da educação patrimonial nas escolas por meio do programa Mais Educação.

As escolas que optam por aderir à educação patrimonial recebem investimento do Programa Dinheiro Direto na Escola para aquisição de equipamentos audiovisuais e elaboração e divulgação do inventário do patrimônio local. São cinco máquinas fotográficas com a função filmagem, cinco gravadores de áudio, HD externo, tripé de câmera, ficha para elaboração do inventário reunidas em fichários, cartucho colorido de impressora, além de R$ 1.000 como apoio para saídas de campo e R$ 700 para produzir exposições, encontros, rodas de memória, mostras de filmes, e outros, a partir dos resultados do inventário.

Das sete cidades, apenas Mauá, São Caetano e Ribeirão Pires informaram desenvolver trabalhos voltados à área na rede municipal. Em Mauá, a Secretaria de Educação criou um software interativo a partir de demanda identificada pelo Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico de Mauá), que diagnosticou a necessidade de valorizar e mostrar aos moradores os bens patrimoniais do município, a começar pelos estudantes da rede municipal. A meta da Pasta é que, em 2014, todas as 39 escolas da rede desenvolvam trabalhos a partir do software.

Já em São Caetano, a Fundação Pró-Memória, em parceria com a Secretaria de Educação, promove o projeto Era uma vez uma escola..., que tem o objetivo de recuperar a história do Ensino Infantil na cidade por meio de exposição fotográfica, que fica permanentemente na escola, e exibição de vídeo com entrevistas de funcionários. Há ainda a produção de exposição virtual, que é publicada na página de Projetos, no site da Pró-Memória (www.fpm.org.br). Todo esse material é fruto de pesquisas da instituição e também contribui para a educação patrimonial dos alunos. Até o momento, foram beneficiadas as Emeis Luiz José Giorgetti e Castorina Faria Lima.

Em Ribeirão, as escolas municipais fazem estudo sobre a história do município, envolvendo datas históricas importantes, pontos turísticos, entre outros aspectos. 




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