Artigo

O Brasil está comemorando agora o que diversos países comemoraram no passado: a descoberta de grandes reservas de petróleo. Há 50 anos, a Venezuela e vários países árabes também comemoraram, alguns sofreram o que Celso Furtado e outros economistas chamaram de ‘maldição do petróleo’. Com tantos dólares disponíveis não desenvolveram suas forças vivas: Educação, indústria, ciência e tecnologia. Para evitar isso, o Brasil tomou uma precaução sob a forma da Lei 12.858/13, que reverte parte dos royalties do pré-sal para a Saúde e Educação. Mas o texto da lei diz ‘prioritariamente’ para a Educação Básica.

Por isso, os governantes estão apresentando o pré-sal como solução para o nosso atraso educacional, escondendo que, se tudo der certo e todas as receitas do petróleo, inclusive os royalties, forem para a Educação Básica, daqui a 15 ou 20 anos o setor receberá quantia estimada em R$ 35 bilhões a mais por ano. Assim, cada criança na escola receberá R$ 600 a mais por ano para sua educação, ou seja, R$ 3 por dia letivo. Passaremos de R$ 2.500 para R$ 3.100, ao invés dos R$ 9.000 por ano que precisamos para oferecer boa educação.

O Brasil deve ficar alegre, mas sem cair na euforia da ilusão, especialmente porque os riscos são muitos e grandes. Há o risco ecológico do vazamento de petróleo nesta profundidade, que ninguém sabe como controlar. Há o risco financeiro de a Petrobras não conseguir os 40% das centenas de bilhões de reais necessários para o investimento. Tem o risco de que, tudo dando certo, ocorra fluxo de dólares que trará a maldição da desindustrialização, porque enquanto houver petróleo tudo ficará mais barato no Exterior do que internamente. Há o risco da espera com o Brasil se acomodando à espera de recursos do pré-sal. Tem os riscos tecnológico e operacional, tanto pela dificuldade de conseguir explorar petróleo nesta profundidade quanto por falta de mão de obra especializada. Há também o forte risco de o preço do petróleo cair por causa do aumento da oferta em outros campos, da descoberta de outras fontes energéticas ou pelas restrições legais ao uso do petróleo em razão do aquecimento global.

Finalmente, temos o risco da euforia que estamos vivendo ao comemorar receita incerta e arriscada e que, se tudo der certo, daqui a algumas décadas, deverá deixar R$ 3 por dia letivo para cada criança na escola.

Alegria sim, euforia não.

Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF.

Palavra do leitor

Crise
Quem é Antônio Donato? É mais um rico. Até quando vamos assistir a escândalos em nosso País? A cada dia que passa, minha indignação aumenta a milhões, enquanto a conta desses caras aumenta também a milhões. Engraçado o trocadilho? Não. Realmente, não é nada engraçado. Como precisávamos ter governantes dignos, honrados e honestos! Entretanto, o que mais me pergunto é o que falta para a Receita Federal reaver essas fortunas e investir nas prioridades? Pô! É só analisar o salário e o patrimônio. Ninguém fica milionário do nada.
Rosângela Caris
Mauá

Tampa solta
Uso esta útil coluna deste Diário para solicitar à Prefeitura de São Bernardo o reparo de tampa de ferro de esgoto que bate dia e noite com o passar dos veículos. Isso acontece há mais de um ano. Como a rua é de grande tráfego, inclusive à noite, causa grande incômodo a comerciantes e moradores, principalmente no período noturno. O local é na Rua Djalma Dutra com a Rua Mario Rossi, defronte à Padaria Boa Viagem. Ficaremos agradecidos com a solução.
Nelson Mendes
São Bernardo

Estrada Velha
Muito feliz a ideia do deputado estadual Orlando Morando de implantar parque no trecho da Estrada Velha de Santos, Caminho do Mar, após o trevo da Rodovia Índio Tibiriçá, com infraestrutura adequada para atender às centenas de pessoas que vão passear aos fins de semana no trecho e praticar esportes de forma improvisada e arriscada. Eu, amigos e familiares frequentamos o local quase todos os domingos e gostamos muito da ideia. Parabéns ao deputado. A população agradece a criatividade e os benefícios que tem trazido a São Bernardo e Grande ABC, como Poupatempo, Parque Estadual Chácara da Baronesa, monotrilho, Hospital de Clínicas etc.
Charles França
São Bernardo

Difícil entender!
A propósito do julgamento do Mensalão, há comentários de que ‘não é fácil para o cidadão comum, maioria esmagadora da população, compreender a razão pela qual o tal julgamento já se arrasta por oito longos anos’. De fato, o cidadão comum não só não compreende essa demora como também não entende quase nada do prolixo texto jurídico que é veiculado. Para o regozijo dos envolvidos! E ponto!
José Marques
Capital

Solidários
‘Sou preso político’, afirmou Genoino. Bonito. ‘Nenhuma prisão vai prender minha consciência’, disse Dirceu. Lindo. Já Lula, tirando o corpo fora, como sempre, disse: ‘Como eu posso ter uma opinião sobre uma decisão da Suprema Corte, gente?’. Feio. A direção do PT mantém distância de condenados. Maldade. Que belos exemplos de apoio e solidariedade. Mostrando quem verdadeiramente eles são. Com amigos assim...
Luiz Nusbaum
Capital

Malfeitores
Triste é ter no País que comemorar a prisão de políticos corruptos e do colarinho-branco, quando isso só nos envergonha! Obrigada ao ministro Joaquim Barbosa e demais ministros do STF, que não se deixaram influenciar por quem os nomeou, e condenaram os impunes e os malfeitores!
Tânia Tavares
Capital