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Comprar imóvel em leilão exige cautela, mas pode reduzir custo em até 60%

Para quem tem verba para pagar à vista e toma os devidos cuidados, a transação é vantajosa

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
09/11/2013 | 07:07
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Desconto está na lista das boas coisas da vida. Saúde, dinheiro, amor e casa própria, também. Pois bem, os leilões de imóveis conseguem juntar vários elementos desta lista numa mesma equação. Mas, é preciso ser quente na matemática e ter sangue frio antes, durante e depois de dar o lance.

“Um imóvel leiloado pode custar entre 30% e 70% menor do que o seu valor de mercado. Mas, apesar da diferença, apenas 5% das vendas de casas e apartamentos ocorrem por esse sistema”, afirma o presidente da Amspa (Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências), Marco Aurélio Luz. “O que dificulta para a maioria dos compradores é que quase todos os editais exigem pagamento à vista”, explica. “Alguns, entretanto, permitem algum percentual de parcelamento”, observa.

VENDAVAL - Para quem tem dinheiro na mão, entretanto, o leilão pode ser uma solução interessante. Num dos sites de imóveis em leilão, há o anúncio de um apartamento que foi comprado em outubro em São Caetano, de 100 m² (metros quadrados) de área total e 67 m² e área útil por R$ 208 mil. Nesse caso, o metro quadrado está saindo por R$ 2.080. De acordo com o índice FipeZAP para este período, a média do custo de m² para a cidade é de R$ 5.171. Ou seja, o abatimento foi de praticamente 60%.

“Os descontos são atrativos e poderiam resolver a vida de quem está querendo a paz de uma casa própria quitada mas, na maioria dos casos, quem compra esses imóveis são investidores”, observa o presidente da Amspa.

Em termos financeiros, a compra à vista com desconto grande pode não estar muito longe da realidade financeira dos candidatos a proprietários. Considerando que para fazer um financiamento bancário é preciso ter 20% ou 30% do valor total do imóvel, a questão acaba sendo os outros 20% ou 30% para chegar ao valor. Seguindo com o exemplo acima, o custo do apartamento seria de R$ 517 mil, e se a entrada exigida pelo banco for de 30%, o candidato ao imóvel teria de ter nas mãos R$ 155 mil. Ou seja, com mais R$ 53 mil (valor que se pode alcançar vendendo dois carros usados) é possível levar o apartamento quitado.

LADO B - “Embora o preço de aquisição seja atrativo, é preciso tomar vários cuidados antes de dar o lance. Em geral, esses imóveis são tomados de mutários que não conseguiram pagar as prestações. Por isso, podem ter outras dívidas como condomínio e impostos atrasados. Além disso, podem não estar no melhor estado de conservação, o que vai exigir do comprador alguma verba para reformas”, observa Luz. Além do valor do arremate, o comprador tem de pagar imediatamente os 5% do total para o leiloeiro.

Além de dinheiro, o consumidor final interessado em comprar por leilão terá de ter paciência para esperar encontrar o imóvel no local e na configuração que lhe interessa. Caso encontre, tem de competir com outros compradores, muitos dos quais bastante experientes nesse tipo de transação. Existem dois tipos de leilão: o por lance (que pode ser presencial ou on-line) e o por concorrência, em que cada interessado coloca num envelope o valor que quer pagar pelo lote, e vence quem oferecer mais. Ou seja, não dá para cobrir lances de competidores.

Luz admite que existe um aspecto subjetivo que envolve os leilões. Quem compra para morar pode achar de mau agouro ficar com o imóvel de alguém que sofreu ao perdê-lo para o banco.
 




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