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Câncer de mama mata
uma mulher a cada 2 dias

Dados do Ministério da Saúde mostram que
239 pessoas morreram em 2011 no Grande ABC

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
08/10/2013 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O câncer de mama foi responsável pela morte de uma mulher a cada dois dias nas sete cidades da região em 2011. De acordo com o dado mais recente do Datasus (Banco de dados do Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde, 239 pessoas perderam a vida em decorrência da doença naquele ano.

Apontada como a segunda maior causa de morte entre as mulheres no Brasil – a primeira é o câncer de colo de útero –, a doença fez 71 vítimas fatais em Santo André, 72 em São Bernardo, 28 em São Caetano, 26 em Diadema, 33 em Mauá, oito em Ribeirão Pires e uma em Rio Grande da Serra.

Apesar das campanhas de conscientização, como é o caso do Outubro Rosa, que simboliza alerta para que as mulheres façam o autoexame e mamografia periodicamente após os 50 anos, são esperados 52.680 casos neste ano, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer). Para especialistas, o alto número de óbitos é consequência do diagnóstico tardio, resultado, muitas vezes, da falta de informação e de acesso aos exames.

Segundo o diretor da SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia) e responsável por esse setor na FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e Hospital Estadual Mário Covas, Ivo Carelli, ainda é alta a quantidade de mulheres que não fazem exames preventivos no País. O ideal, segundo ele, é que as visitas ao ginecologista aconteçam a cada seis meses e a mamografia seja realizada uma vez ao ano a partir dos 40 anos, e não aos 50, conforme recomenda o Ministério da Saúde.

O mastologista do Hospital da Mulher Guerino Barbalaco Neto destaca que a moléstia geralmente acomete pacientes com idade entre 45 e 60 anos. No entanto, já é possível observar aumento de casos entre as mais jovens. “Em 2012, quase 20 mulheres com menos de 35 anos operaram em razão do câncer de mama no Hospital da Mulher”, diz.

Carelli associa esse tipo de neoplasia ao cotidiano da mulher moderna. “Antes elas casavam cedo, tinham mais filhos e amamentavam por mais tempo.” Entre os fatores de risco, destaque para a hereditariedade (responsável por 5% a 10% dos casos), menopausa e menarca tardia, reposição hormonal, obesidade, tabagismo e alcoolismo, além do uso do contraceptivo.

Por outro lado, tratamentos mais avançados e com alcance maior sobre a população colaboram para que as taxas de sobrevida venham aumentando nos últimos anos no Brasil. Exemplo obtido na região é o índice do Hospital da Mulher, onde a porcentagem de casos de cura está na casa de 80% a 85%, enquanto a média nacional é de 70%.

ATENDIMENTO

A porta de entrada no sistema público de Saúde para a mulher no Grande ABC é a UBS (Unidade Básica de Saúde). Após passar por consulta, a mulher que apresenta alteração é encaminhada para atendimento com especialista.

Conforme explica Neto, é preciso que a mulher tenha consciência ao procurar acompanhamento, para não superlotar o sistema. “Sem orientação, as mulheres estão ficando neuróticas com a hipótese de ter câncer. Elas procuram o médico com queixas de fisgada, quando, na verdade, não passam de sintomas do uso de sutiã apertado”, destaca. O especialista esclarece que esse problema seria facilmente resolvido com direcionamento adequado por parte dos médicos e profissionais da Saúde nas UBSs.

Fachada do Hospital da Mulher recebe iluminação rosa

O lançamento oficial do Outubro Rosa no Hospital da Mulher, em Santo André, foi realizado na noite de ontem. A fachada do equipamento de Saúde, localizado no Parque Novo Oratório, recebeu iluminação especial para alertar a população feminina acerca do câncer de mama.

As atrações em prol do evento na cidade estão sendo executadas desde a semana passada em toda a rede de atenção básica da Saúde. Estão sendo ofertados exames preventivos gratuitos, como papanicolau e mamografia, nas 33 unidades andreenses.

Em março, no mês da mulher, a Secretaria Municipal de Saúde realizou 3.122 exames de papanicolau e 1.049 mamografias, na faixa etária de 25 a 59 anos, além de 377 ultrassonografias das mamas. Outra dica dos médicos especialistas é fazer o autoexame.

O movimento popular Outubro Rosa é internacional. Em qualquer lugar do mundo, a iluminação nessa cor é compreendida como a união dos povos pela saúde feminina.

Somente em 2011, a doença fez 13.225 vítimas no Brasil. O rosa simboliza alerta às mulheres para que façam o autoexame e, a partir dos 50 anos, a mamografia, diminuindo os riscos que aparecem nesta faixa etária.

Após cura, dentista auxilia mulheres

“A vida é maravilhosa e merece que a gente lute por ela”, considera a dentista aposentada Shoila Bertoia, 69 anos. Foi esse o pensamento que ajudou a moradora de Santo André a vencer o câncer de mama, descoberto há 11 anos. Curada, hoje ela se dedica a auxiliar outras mulheres que se deparam com a doença no grupo de apoio Viva Melhor. “Quem recebe é quem dá”, observa.

Shoila revela que era desleixada com a saúde. “Passei a ficar seis anos sem ir ao ginecologista”, destaca. A descoberta de um nódulo no seio aos 58 anos só foi possível por acaso, após resultado de mamografia solicitada pelo urologista antes de uma cirurgia na bexiga. Como resultado do descuido, o nódulo já estava em estágio avançado e foi preciso a retirada da mama por completo.

Apesar do problema, Shoila não se deixou abater. “A família ajuda, mas a cabeça é metade da cura”. Segundo ela, a doença tem a peculiaridade de testar as pessoas em relação à paciência e humildade. “É preciso confiar e saber aceitar toda ajuda oferecida”, valoriza.

Mesmo com final feliz, a história da dentista poderia ter tido menos dificuldades, caso ela tivesse descoberto a doença em estágio inicial. “Certamente eu teria tido um tratamento diferente, talvez não precisasse da quimioterapia e da mastectomia”, alerta.

FAMÍLIA

Já no caso da advogada aposentada Maria Cecília de Sales Mesquita, 72, o incentivo para a superação do câncer de mama veio do amor e da necessidade de se dedicar ao filho portador de síndrome de Down. Para ela, a descoberta do tumor aos 58 anos e a remoção total da mama trouxeram sabedoria. “Além de desenvolvermos a fé e nossa força interior, me senti renascida”, comenta.

Àquelas que passam por problema semelhante, Maria Cecília recomenda a valorização dos momentos. “O importante é ter força de vontade”. 




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