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Troca divertida

Trocar presentes em vez de comprar ajuda o meio ambiente e pode ser muito divertido

Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
06/10/2013 | 07:00
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Quando se fala em Dia das Crianças, a primeira coisa que vem à cabeça é: qual será o novo brinquedo da estante? Mas que tal experimentar uma coisa diferente neste ano? Troque o brinquedo que não usa mais por outro, como fizeram os alunos do Colégio Stagium, de Diadema. Durante a Feira de Trocas também tinham livros, gibis, bolsas, lancheiras, entre outros objetos.

"O melhor é que não precisa gastar nada”, diz Lucas Collado de Melo, 7 anos, que trocou um boneco que não gostava mais por um robô. “Dá para se divertir e, no final, todos levam algo diferente para casa”, afirma Leonardo Henrique Martins de Paiva, 8. Só precisa ficar atento para não oferecer itens quebrados ou em más condições. Senão, ninguém vai querer trocar.

Mesmo sendo muito legal, nem sempre é fácil se desfazer dos objetos. “Minha irmã tinha separado uma bola, mas desistiu na última hora”, conta Luísa Gondo Cardoso, 9. “Às vezes, é difícil doar algo com que brinquei bastante”, afirma Laura Iachelli, 9. No entanto, ela sabe que não adianta deixar o brinquedo parado enquanto outro poderia usar.

Trocar ajuda a aumentar espaço no armário para novas diversões. “Se tiver muita coisa guardada, acumula bagunça e sujeira. Também pode criar mofo, quebrar e amassar”, explica Eric Cavalcanti, 10.

Jogar brinquedo fora prejudica o meio ambiente. “São feitos com matéria-prima retirada da natureza”, explica Felipe Silva Pires, 8, lembrando que muitos objetos têm petróleo, madeira, entre outros materiais, em sua composição.

Quando são descartados, voltam para a natureza em forma de lixo e levam anos para se decompor. Para se ter uma ideia, o plástico precisa de 100 anos para desaparecer e o vidro cerca de 4.000 anos.

 

Doar também é importante

Na famosa animação Toy Story 4 os brinquedos de Andy ficam muito chateados quando o dono – agora cursando faculdade – os guarda em uma caixa fechada. No fim da trama, porém, ele percebe que doando seus companheiros de infância para outra criança, todos ficarão felizes.

Na vida real a doação precisa acontecer. “Pode ajudar quem nunca teve um brinquedo na vida”, diz Isabela Barros Souza, 10, que também costuma dar alguns para a prima. “É bom porque posso bricar com eles na casa dela. Assim mato as saudades.”

Para Pietra Brado Zanatta, 10 anos, basta observar se os objetos não estão quebrados ou com peças faltando “Se estão em boas condições e ninguém usa mais, podem ganhar outro dono.”

Na Feira de Troca da escola, Eric da Silva Cavalcanti, 10, teve a oportunidade de dar um brinquedo que não usava mais. “Um dos meninos não conseguia trocar o dele com ninguém. Quando ele viu minha barraca, se interessou muito pelos meus brinquedos. Então, deixei ele pegar um para que não voltasse sem nada de novo para casa.”

 

Toda criança tem o direito de brincar

A Declaração dos Direitos da Criança diz que todas precisam de amor, educação, proteção, saúde e de momentos para brincar e se divertir. No entanto, existem cerca de 535 mil brasileiros entre 7 e 14 anos fora da escola, segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). A cada dia, 129 casos de violência são denunciados. Além disso, há 168 milhões de casos de trabalho infantil no mundo.

Pensando nisso, a RedSOLARE Brasil – associação de Salvador, na Bahia, que trabalha em defesa da cultura da infância – começou o projeto Presença, com a finalidade de exigir mais segurança nos espaços públicos para que todos possam brincar sem medo.

Como forma de alertar a população, a associação fez bonecos de pano e os espalhou por diversos espaços públicos, como parques e praças. A ideia é tão bacana que 17 países – incluindo Peru, Chile, Costa Rica, México e Itália – estão confeccionando seus próprios brinquedos.

Os primeiros bonecos costurados em Salvador, a Duda e o Dodo, ganharam passaporte de mentirinha, mas viajaram de verdade por diversos lugares, divulgando o projeto. Já estiveram na Colômbia, Uruguai e Argentina. Agora, passeiam em São Paulo e no Grande ABC. Em breve, voltarão para casa.

Alunos do Colégio Stagium em Diadema, receberam Duda e Dodo e fizeram os próprios bonecos. “Costurei a camisa, o cabelo e uma capa para ele”, conta Felipe Silva Pires, 8. Para Celena Fernandes Oliveira, 10, o projeto é importante para chamar atenção dos adultos. “Criança aprende brincando. Quando cuida da boneca, por exemplo, se prepara para um dia tomar conta do filho.”

 

Preocupe-se em consumir somente o necessário

Com frequência são exibidas propagandas na TV ou no computador com imagens de brinquedos que parecem ser extraordinários e famílias felizes se divertindo em lugares bonitos. Vendo isso dá até vontade de comprar o produto, mesmo sem saber se irá usá-lo. Assim funciona a publicidade. O problema é que na infância é difícil perceber que as imagens da tela não são realidade.

Por isso, no Brasil, o Código de Defesa do Consumidor proíbe publicidade em programas cujo público-alvo (o infantil, no caso) tenha dificuldade em percebê-la. Também exige que fique claro ao telespectador quando uma cena é, na realidade, propaganda. Mesmo assim, é bom assistir a TV ao lado dos pais e, se tiver dúvida, perguntar se a cena é ou não realidade.

Quando quiser comprar algo, questione a si mesmo se adquirir aquilo é necessário. Combine de ir ao shopping apenas quando souber exatamente o que precisa comprar. Tenha em mente que vai gastar somente o que tinha programado. Assim, é mais fácil evitar o consumismo (comprar mais do que precisa). Tem de lembrar também que tudo o que comprar será descartado um dia, prejudicando, e muito, a natureza e também o seu futuro.

 

Feiras de trocas para todos

Faça como os alunos de Diadema e experimente um Dia das Crianças diferente. Participe das Feiras de Troca incentivadas pelo Instituto Alana. O projeto começou em 2012 e percorreu 50 lugares diferentes. Neste ano, vai acontecer em várias cidades do País. Confira onde ocorre em São Paulo, no sábado (12), e leve seu brinquedo:

- Casa das Rosas (Av. Paulista, 37, tel.: 3251-5271), a partir das 11h.

- Praça das Corujas (Av. das Corujas, 186, Alto de Pinheiros), a partir das 10h.

- MuBE – Museu Brasileiro da Escultura (R. Alemanha, 221, Pinheiros, tel.: 2594-2601), a partir das 15h.

Mais : http://mobilizacao.alana.org.br

 

Saiba mais

Neste ano, o Dia de Não Comprar Nada será em 30 de novembro; a data protesta contra o consumismo.

Acredita-se que a humanidade gasta um terço a mais dos recursos naturais que a Terra é capaz de renovar.

Cerca de 25% da população mundial consome acima de suas necessidades.

 

Consultoria de Gabriela Vuolo, coordenadora de Mobilização do Instituto Alana, e Ana Maria Dias da Silva, psicóloga e coautora do livro A Criança e o Marketing.




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