Economia Titulo Crédito
Inadimplência cai mesmo com taxa de juros em alta
Pedro Souza
Diário do Grande ABC
28/09/2013 | 07:58
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Caiu a taxa média de calotes dos consumidores no País. Segundo o boletim de Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro do BC (Banco Central), a inadimplência das famílias atingiu 4,8% em agosto, após queda mensal de 0,2 ponto percentual. Este é o menor patamar registrado na série histórica da autoridade monetária, iniciada em março de 2011. Mesmo com os juros subindo de 36,2% para 36,5%, o resultado é sustentado pelo alto endividamento das famílias, em torno de 44,2%, pela estabilidade das concessões.
 

A inadimplência refere-se, especificamente, às operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional. Está inadimplente quem possui parcelas vencidas e com a liquidação atrasada em 90 dias ou mais. Segundo a publicação do BC, o resultado é reflexo de recuo de 0,1 ponto percentual nos calotes das operações com recursos livres, que passaram de 7,2% para 7,1%. As transações com recursos direcionados apresentaram estabilidade, com 1,8%.

 Os empréstimos com recursos livres são aqueles que os bancos têm total liberdade de precificação. Dentro desta modalidade, contribuíram para a baixa os financiamentos de veículos, cujos atrasos acima de 90 dias caíram de 5,9% para 5,8%.
 
Para o professor de Gestão de Concessionária Valdner Papa, que ministra aulas na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e na Fundação Dom Cabral, a seletividade dos bancos, que vem ocorrendo há, aproximadamente, dois anos, forçou as taxas de inadimplência para baixo. “Houve uma qualificação nos financiamentos”, disse, apontado que atualmente a minoria dos consumidores consegue aprovações de empréstimos com entradas inferiores a 30% ou 40%.
 

Os 5,8% são a menor taxa de inadimplência para financiamento de veículos no ano, que começou com 6,4%. “Já está em um patamar dentro da normalidade para esse tipo de operação. Está na hora de os bancos afrouxarem um pouco mais a seletividade para liberar o crédito”, criticou Papa.

CRÉDITO PESSOAL

 Os empréstimos pessoais não consignados também tiveram sua participação no resultado geral com recursos livres. A inadimplência reduziu de 7,6% para 7,4%. Mas, o especialista em Finanças e ex-economista chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) Roberto Luis Troster alertou que o resultado da linha pode não ser tão positivo. “A contribuição do crédito pessoal não consignado não significa famílias menos inadimplentes. Se olhar para os números das renegociações, está muito alto (o calote)”, observou.
 
Segundo o boletim do BC, os atrasos acima de 90 dias no crédito renegociado, mesmo com recuo de 0,4 ponto percentual, estão em 21,5%. “Eles estão apenas saindo de um tipo (de dívida) e entrando no outro”, salientou Troster.
 

O cartão de crédito é outro segmento que teve queda, contribuindo no movimento geral de recursos livres, mas com alta inadimplência. Enquanto o meio de pagamento em compras parceladas teve calote de 1,6% em agosto, redução mensal de 0,2 ponto percentual, no rotativo passou de 34,8% para 35%.


Troster destacou ainda que o crédito está crescendo menos no País. Esta seria outra hipótese de influência para a redução da inadimplência, tendo em vista que quanto menos empréstimos, menor o risco de atrasos, já que o percentual apresentado pela autoridade é sobre o estoque de crédito.

Segundo BC, o saldo de empréstimos para as famílias avançou 1,5% no mês passado, para R$ 1,189 trilhão. As concessões, porém, ficaram estáveis em relação a julho, R$ 152,2 bilhões. 




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