Artigo

Vinte anos depois da municipalização, a Saned (Companhia Municipal de Água e Esgoto de Diadema) foi estadualizada com R$ 1,1 bilhão de dívida e absorção de 293 servidores pela companhia estadual paulista, a antiga operadora. Além do débito e dos quase 300 funcionários, o que será que a municipalização gerou para os 400 mil moradores de Diadema?

A universalização dos serviços de água e esgoto não foi, porque, até hoje, 300 mil habitantes (77% da população de Diadema) não têm seu esgoto tratado. Uma qualidade superior na prestação dos serviços comparada à que havia anteriormente também não é. Afinal, o índice de perdas de água tratada aumentou de 35% para 39% no período da municipalização. Qual a vantagem que trouxe a municipalização? Na época em que o poder público reviu a prestação de serviços de água e esgoto em Diadema, a possibilidade de concessão dos serviços para empresas privadas foi descartada categoricamente. O discurso que sensibilizou os diademenses foi mais ou menos na linha do ‘a água é nossa e vamos cuidar dela’.

O fato é que junto com os serviços de água vieram os de esgoto e o município não conseguiu cuidar nem de um nem de outro, devolvendo-os agora à companhia estadual.

Esse triste desfecho vem comprovar a prática corrente de usar o saneamento básico para fazer política, em vez de usar políticas públicas para fazer o saneamento com a qualidade que a população precisa.
Na nova conjuntura, na qual a oposição assumiu o poder em Diadema, evidenciou-se a incompetência do município para cuidar desses serviços essenciais à Saúde pública e à qualidade de vida da população. Depois de 20 anos de insucesso, a saída foi livrar-se do problema da maneira antiga: voltando simplesmente ao que era. E qual é o preço que a população vai pagar?

O que não fica claro é se existe contrato que define as metas e objetivos para a universalização dos serviços. Se essas metas levam em conta o plano municipal de água e esgoto ou se foram estabelecidas regras claras para as tarifas e seus reajustes, associadas às metas previstas e a uma taxa de rentabilidade para o contrato.

Falta esclarecer ainda se existem regras claras para as futuras revisões contratuais, baseadas, definição da regulação deste contrato etc.

Se não existirem respostas objetivas a essas questões, fica claro que Diadema estará de volta ao passado, com uma diferença: mais pobre e sem a perspectiva de ser cidade mais desenvolvida, com água de qualidade na torneira e com o esgoto doméstico tratado.

Yves Besse é engenheiro e diretor da MS&B Engenharia, Consultoria e Tecnologia.

Palavra do leitor

Francisco
Não sou católico e acredito num Deus único, sem placas e tendências. Porém, o ato de profissão e fé que o papa Francisco presidiu na Praça São Pedro, no Vaticano, sábado, nos faz refletir sobre a nobreza espiritual da iniciativa, do acontecimento e, especialmente, pelo fato que uniu a razão e a emoção numa mesma leitura e perspectiva, a paz. Havia cerca de 100 mil pessoas, reunidas pelo ecumenismo racional, muitas denominações religiosas e milhões de pessoas pelo mundo num mesmo propósito espiritual para o fim das guerras, principalmente na Síria. Assistindo a manifestações como essa, que pede pela não violência contra a vida e que entrará para os anais de nossa história, deixa-nos mensagem subliminar: já não seria passada a hora de acabarmos, definitivamente, com o preconceito religioso?
Cecél Garcia
Santo André

Golpe na TV
Tive vontade de escrever para este Diário quando uma pessoa me contou fato acontecido com ela, mas acabei não fazendo. Outro sujeito me disse a mesma coisa que, aliás, eu já desconfiava tratar-se de estelionato. Em diversos canais nanicos de TV é exibido programinha infame chamado Gincana Cultural, onde o telespectador telefona para lá e tem de adivinhar entre letras embaralhadas qual é o objeto. O prêmio é em dinheiro e em momento algum é informado o preço da ligação. O incauto liga e o atendente começa a fazer uma série de perguntas infantis, pois a intenção é prender o maior tempo possível a pessoa na linha. Enquanto isso o apresentador fica horas enrolando sem que ninguém acerte. Lá para ‘as tantas’ surge suposto ganhador, sabe-se lá quem. Fim da história: conta telefônica de R$ 70 a R$ 80 e muita raiva.
Nelson Mendes
São Bernardo

Esmola
Estive no Nordeste há quatro meses. Lá visitei parte da zona rural e pude perceber que não há mais mão de obra para agricultura. Quase todas as famílias que lidavam na roça, iludidas pelos programas de caráter demagógico e eleitoreiro dos ex-(des)governos de duas décadas até então, foram embora para os grandes centros urbanos, levando com elas grandes consequências sociais. O pobre nordestino, em quase a totalidade não quer esmola. Quer emprego ou oportunidade. Pena que os governos não pensam assim! As esmolas deixaram muitos brasileiros acomodados e preguiçosos. Quem paga por isso é a classe média, com impostos infinitos.
Francisco Emídio Carneiro
São Bernardo

Resposta
Em resposta à carta do leitor Carlos Oliveira (Bares, dia 5), a Prefeitura de Santo André, por meio do DCUrb (Departamento de Controle Urbano) e DST (Departamento de Segurança e Trânsito), informa que o estabelecimento situado no cruzamento das ruas Coronel Ortiz e Santo André, na Vila Assunção, encontra-se regularizado com alvará de funcionamento número 922/09. O mesmo será notificado para o cumprimento das posturas municipais referentes à desocupação do espaço público (calçada). Quanto ao estacionamento de veículos sobre as faixas de pedestre, a fiscalização será feita de forma efetiva e serão tomadas as providências cabíveis.
Prefeitura de Santo André

Para confundir
Os ministros indicados por Dilma e Lula não vieram para esclarecer, mas para confundir, afinal de contas, alguns são petistas de carteirinha e esse sórdido DNA está infiltrado até nas entranhas deles. É triste e lamentável, depois de tanto tempo, tudo voltar à estaca zero e os corruptos, petistas – inclusive usando o poder de mando quando em atividade – vão sair dando risada de todos nós. Neste País a Justiça tarda, é cega e protege os corruptos, principalmente se forem petistas e amigos de Lula, o ‘cara’ mais honesto do País. Nota zero a todos que votaram a favor dessa corrupção, que nos envergonha. Lamentável!
Alice Baruk
Capital

Sobrando
O PT, com seu discurso demagógico de que governa para os pobres, deveria se envergonhar ao permitir que R$ 1,5 milhão da Lei Rouanet seja destinado às filmagens do documentário de observação, segundo Tata Amaral, sobre a vida de José Dirceu. Com tantas crianças fora da escola e dentro dela precisando aprender a ler e a escrever, o Brasil se comporta como País de primeiro mundo, que já resolveu seus problemas sociais e pode gastar fortuna em futilidades. Acorda, Brasil!
Izabel Avallone
Capital