Economia Titulo Estudo
Consumidor paga três
vezes por energia elétrica

Gasto indireto está nos preços de mercadorias e serviços em
que processos produtivos exijam consumo de energia elétrica

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
22/07/2012 | 07:04
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As famílias estão gastando bem mais do que imaginam com energia elétrica. Se a conta de luz mensal é de R$ 50, na média, o governo e as empresas arrancam, indiretamente, mais R$ 100 do bolso do consumidor.

O gasto indireto está nos preços de mercadorias e serviços cujos processos produtivos exijam energia elétrica. Este é o caso de produtos como os alimentos, veículos, utensílios domésticos. Nos serviço, um exemplo é conta de água e esgoto, tendo em vista que a concessionária utiliza energia para movimentar suas máquinas e turbinas.

Já o desembolso indireto com energia elétrica por meio de tributos está associado ao consumo dos órgãos públicos, que é repassado ao consumidor. Exemplo disso é a iluminação de escolas, parques e energia utilizada em hospitais.

Esta é a conclusão da pesquisa Energia Competitiva - impactos socioeconômicos da realocação e da desoneração de encargos sobre energia elétrica, desenvolvida pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

Segundo o estudo da Fipe, seis segmentos representam 50% do gasto total das famílias indiretamente. São elas as energias para o suprimento de água, luz e gás, embutida nos produtos de metal, incorporada aos alimentos e bebidas, presente nos produtos de limpeza e farmacêuticos, necessária para os bens públicos e aplicada na produção de papel.

O estudo foi encomendado pelas entidades vinculadas ao Projeto Energia Competitiva, que é coordenado pela Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres).

As representantes vinculadas são a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), Abvidro (Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro), Abrafe (Associação Brasileira de Produtores de Ferroligas e de Silício Metálico), Abal (Associação Brasileira do Alumínio) e Abiclor (Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados).

Entre os objetivos das entidades está a apresentação do estudo ao governo. O Projeto avalia que o custo da energia elétrica no País não é competitivo em relação à economia brasileira, principalmente para as empresas.

CUSTO - A assessora econômica e regulatória da Abrace, Camila Schoti, explica que já era de conhecimento da entidade que o custo da energia elétrica para a indústria brasileira é alto. "Desde 2003, em dólar, o preço já subiu cerca de 280%. E em outros países, temos conhecimento que o caminho é o oposto, está ficando cada vez mais barata", afirma.

Ela diz, com base na pesquisa da Fipe, que esse alto custo para as empresas acaba onerando o consumidor, que é a ponta da cadeia e gasta com o consumo indireto de luz. "No caso das famílias, o custo que elas observam é pequeno (conta de luz), mas são bem mais prejudicadas do que parece", destaca.

Para a Abrace, a reversão desta situação ocorrerá apenas com a correção de algumas distorções existentes nos contratos nacionais, entre elas a redução de encargos sobre as tarifas de energia elétrica. A entidade estima que ao eliminar, por exemplo, apenas quatro deles, o custo da energia para a indústria cairá 13,2%, e refletirá no bolso das famílias.




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