Política Titulo Em 2014
Para Kassab, eleição nacional terá dois turnos

Presidente do PSD e ex-prefeito da Capital admite que aliada Dilma Rousseff (PT) dificilmente encerrará disputa presidencial na primeira etapa da corrida eleitoral

Cynthia Tavares
26/08/2013 | 07:56
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Marina Brandão/DGABC


Presidente nacional do PSD e recém-aliado da presidente Dilma Rousseff (PT), o ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab admite que a petista terá de passar pelo segundo turno para tentar se reeleger à frente do comando do País. Em entrevista exclusiva ao Diário, Kassab afirma que a eleição presidencial vai se definir em dois turnos, reconhecendo que o cenário de disputa entre Dilma, o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e a ex-presidenciável Marina Silva dificulta bastante um triunfo petista já na primeira etapa do pleito.

“A eleição ocorre em dois turnos. O pleito faz com que haja bastante respeito entre todos. Na segunda etapa há uma nova eleição, quando ocorrerão as definições para apoiamento e, aí sim, um arco de alianças permanente”, avalia o ex-prefeito de São Paulo, principal articulador do ingresso do PSD na base aliada de Dilma, que rendeu ao partido a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que tem status de ministério e é comandada pelo vice-governador Guilherme Afif Domingos. Kassab, aliás, reitera que o PSD terá candidato ao governo de São Paulo, duelando com o até outrora aliado Geraldo Alckmin (PSDB). “Existe uma diretriz e recomendação nacional para que todos os Estados tenham candidato a governador. E não será diferente em São Paulo”, revela o dirigente, que admite favoritismo em assumir a cabeça de chapa pessedista na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.


DIÁRIO – Qual a sua análise sobre a força do PSD no cenário político?

GILBERTO KASSAB – O PSD é um novo partido, que ainda está sendo criado. O partido nasce efetivamente em janeiro de 2015, quando vai ser o momento que teremos na legenda vereadores, vice-prefeito e prefeitos. Além disso, teremos deputados estaduais e federais, governadores, vice-governadores e senadores eleitos pela legenda no pleito de 2014. Queremos ter presença em todo o Estado.</CW>

DIÁRIO – Como conseguir esse apoio?

KASSAB – Estamos em processo de formação e fazendo tudo com cuidado e sem pressa. As nossas perspectivas são boas. Estamos otimistas em relação ao futuro do partido. Na primeira eleição que disputamos tivemos 500 prefeitos, o terceiro partido em número de prefeitos no território nacional. Na Câmara dos Deputados temos 52 parlamentares, que representam a terceira bancada. Isso nos enche de confiança em relação ao futuro.

DIÁRIO–O sr. falou em realizar as ações sem pressa. O que merece mais atenção e cautela neste momento?

KASSAB – Temos de trazer bons quadros que queiram participar da direção do partido e bons candidatos para a eleição do ano que vem. Nomes que possam ser os intérpretes das nossas propostas. O deputado federal é relevante porque a cara do partido se faz no plano nacional e a bancada é algo importante na imagem da legenda. Em São Paulo e na Região Metropolitana estamos dando atenção às candidaturas.

DIÁRIO – Como está o trabalho de articulação dos representantes do partido na Região Metropolitana?

KASSAB – Aqui na Região Metropolitana temos um trabalho sob a coordenação do vereador da Capital, José) Police Neto, que procura integrar as cidades. Num futuro próximo queremos integrá-la à cidade de São Paulo. É o que vai constar no nosso programa de governo. O partido vai ter um candidato a governador e nesse programa será dada atenção especial à integração da Capital com a Região Metropolitana.

DIÁRIO – De que forma funcionaria essa integração? O Transporte será a principal medida?

KASSAB – Em todos os aspectos. Não vamos e não podemos ressalvar nenhuma área de administração pública que não pode estar integrada. Podemos falar em Cultura. Você faz um grande evento em São Paulo e, através de um programa de transporte, leva as pessoas para lá ou barateia a atração. Ou um evento contratado para o governo de São Paulo que tenha a obrigatoriedade contratual de se apresentar em duas ou três cidades da Grande São Paulo. Hoje não existe essa preocupação e atenção do poder público com as cidades da Região Metropolitana.

DIÁRIO – Como está a preparação do partido para disputar o Palácio dos Bandeirantes no ano que vem?

KASSAB – Existe uma diretriz e recomendação nacional para que todos os Estados tenham candidato a governador. E não será diferente em São Paulo. Vamos fazer todo esforço possível para que a gente tenha uma candidatura. Fui consultado pelos líderes do partido se eu aceitaria, caso meu nome fosse colocado na disputa. Na visão desses líderes meu nome é adequado. Respondi que, se eu for convidado, estou à disposição para cumprir a missão.

DIÁRIO – Caso o seu nome seja referendado pelo partido, como o sr. encara esse desafio?

KASSAB – A questão está sendo encaminhada e ainda não é discutida no momento, porque isso será falado somente no ano que vem, período apropriado para discutir esse tema. Caso haja essa definição, é uma honra grande. Primeiro por ser candidato e debater as questões do Estado e, depois, no caso de vitória, é honra adicional de dirigir o Estado onde nasci e moro até hoje. Onde tive a oportunidade de dirigir a Capital.

DIÁRIO – De que forma o sr. pode contribuir com o PSD em termos de projeto e propostas?

KASSAB – Não posso falar como candidato. Na hora certa o partido vai se definir. Caso seja meu nome, já venho com uma experiência importante por ter administrado a maior cidade do Estado, que também é Capital, o maior município do País. Há uma bagagem e efetivamente vamos montar junto com uma equipe. É um diferencial importante. Eu não irei fugir caso haja uma colocação.

DIÁRIO – O PSD trabalha com nomes da região para disputar cargos estaduais e federais?

KASSAB – Em São Bernardo, o diretório estadual resolveu lançar a candidatura federal do Rafael Demarchi (atual vereador). Em cada município vamos ter uma candidatura.

DIÁRIO – O Rafael é cotado para ser vice na chapa governista para a sucessão do prefeito Luiz Marinho (PT) em 2016. O PSD acha interessante o convite?

KASSAB – Vamos esperar 2014 primeiro. Essa é uma questão que o partido aqui na cidade terá autonomia para decidir.

DIÁRIO – O diretório nacional decidiu quem vai apoiar na eleição do ano que vem?

KASSAB – A nossa tendência é caminhar com a candidatura da presidente Dilma Rousseff (PT).

DIÁRIO – O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), tem sinalizado que pode deixar a base aliada para concorrer ao Palácio do Planalto. Caso esse cenário seja confirmado, a presidente Dilma pode ter problemas para se reeleger?

KASSAB – A eleição ocorre em dois turnos. O pleito faz com que haja bastante respeito entre todos. Na segunda etapa há uma nova eleição, quando ocorrerão as novas definições para apoiamento e, aí sim, um arco de alianças permanente. </CW>

DIÁRIO – O PSD hoje é considerado a terceira força da política nacional. Esse status faz com que o partido seja cortejado por diversas legendas. Como a legenda pretende trabalhar essa questão de aliança?

KASSAB – O partido está no rumo, no plano federal, com a tendência de apoiar a presidente Dilma e em São Paulo com a candidatura própria. Nos outros Estados haverá esforço para candidatura própria. Nossa estimativa, baseada num levantamento da executiva nacional, é que possamos ter aproximadamente dez Estados com candidatura própria, inclusive São Paulo.

DIÁRIO – As suas viagens pelo Brasil são para ajudar a construção dessas candidaturas pelo PSD?

KASSAB – Tenho atribuição na USP (Universidade de São Paulo) preparando MBA (Master of Business Administration) em Gestão Pública, além dessa responsabilidade de dirigir o partido. Saio das cidades com muito otimismo. Existe por parte significativa da sociedade uma torcida para que nosso projeto dê certo.

DIÁRIO – O sr. comandou a Capital por sete anos. Qual sua avaliação das manifestações que tomaram as ruas da cidade pela redução da tarifa de ônibus?
KASSAB – O importante é fortalecer e prestigiar as manifestações pacíficas. Elas são saudáveis. Vamos deixar claro que é fundamental que elas sejam pacíficas. São necessárias, compreensíveis, mas precisamos saber que cada um tem a sua responsabilidade, encontrar uma maneira para que sejam pacíficas.

DIÁRIO – Na sua avaliação, os black block (manifestantes que usam estratégias anarquistas de manifestação) merecem ser investigados pela polícia?

KASSAB – A grande marca dos movimentos e o percentual de manifestantes mais expressivo são aqueles vinculados aos protestos pacíficos e vamos continuar prestigiando essas manifestações.

DIÁRIO – O fato de a população ter tomado as ruas pode mudar a forma de fazer política no Brasil? O pedido por renovação é algo crescente desde o ano passado?

KASSAB – A sociedade tem instrumentos para acompanhar e fiscalizar. Portanto, as coisas erradas chegam mais rápido ao conhecimento e a indignação acontece com mais rapidez e intensidade. É saudável. O fundamental é que as manifestações saibam apartar do movimento aqueles que não têm o mesmo objetivo.
 




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