Economia Titulo Abusivo
Cartão de crédito no
Brasil é o mais caro

Um levantamento da Proteste aponta que custo médio do
empréstimo está em 323,14% ao ano; na Argentina é 50%

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
18/07/2012 | 07:30
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O rotativo do cartão de crédito é a modalidade de empréstimo mais cara para os consumidores brasileiros. Levantamento da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) aponta que as principais instituições cobram, em média, 323,14% ao ano, percentual mais alto entre outros seis países latino-americanos, destacou a entidade. Isso levando em consideração que a Selic, taxa básica nacional, está em 8% ao ano.

Na Argentina, cuja taxa básica de juros equivalente à Selic está em 11,15% ao ano, o preço anual médio do rotativo do cartão de crédito é de 50% ao ano.

Não muito diferente ocorre no Chile, cuja taxa básica de juros está em 5% ao ano e o plástico em 54,2%, na Colômbia (5,37% e 29,2%), Peru (4,25% e 55%), Venezuela (15,65% e 33%) e no México (4,5% e 33,8%).

Colocando o custo médio do empréstimo pelo cartão sobre R$ 1.000, caso o brasileiro não pague essa dívida durante um ano, o valor subirá para R$ 4.231. Na mesma simulação, os argentinos, por exemplo, pagariam R$ 1.500.

O professor de Economia Eric Brasil, que ministra aulas na Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e é coordenador do núcleo de pesquisa IFecap, avaliou que o consumidor, em parte, é culpado pelas taxas cobradas pelos bancos.

"Existem várias pesquisas, trabalhos e discussões acadêmicos que tentam definir quais são os reais motivos para os juros do cartão de crédito e do cheque especial serem tão elevados no País. Mas entendo que a comodidade de usar o cartão dá margem para que os bancos empurrem esta ferramenta de crédito para o cliente", disse Brasil.

Ele comentou que o consumidor não tem o costume de procurar entender como funciona o rotativo do cartão. "E quando utiliza também não vai atrás de saber o quanto vai pagar por isso", pontuou o professor. "As pequenas dívidas, junto com o descontrole orçamentário, acabam se tornando uma bola de neve."

O custo do cartão de crédito, como qualquer outro empréstimo, é formado por alguns pilares, que são tributação, despesa administrativa, lucro do banco e taxa de inadimplência, ou seja, o risco da falta de pagamento.

Gestor dos cursos de Ciências Econômicas e Contábeis da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia, analisou que não há explicação coerente para juros tão altos.

Ele argumentou que os bancos cobram, atualmente, taxas iguais às pagas há muitos anos, atribuindo grande parte ao risco que a modalidade apresenta, mesmo com evolução evidente no cenário econômico, com destaque para segmentos que fortalecem a tendência de alta na capacidade de liquidação das dívidas dos consumidores. "A geração de emprego e a formalização no mercado de trabalho só crescem. Não existe volume de inadimplência capaz de justificar os juros atuais."




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