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Ladroeira nova é coisa velha
Brickman
17/07/2013 | 07:10
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Todos surpresos com a denúncia da multinacional alemã Siemens a respeito de acertos para fraudar licitações no Brasil. A imprensa se surpreendeu tanto que deu manchete de primeira página. As notícias merecem primeira página: revelam como superfaturar obras, roubando dinheiro público. Mas não são novidade, não.

Esta coluna desde 2008 vem publicando notícias sobre investigações internacionais, na França e na Suíça, a respeito da multinacional francesa Alstom e suas relações com obras públicas em São Paulo, entre 1995 e 2003, período em que o Estado foi governado por Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB. Dúvidas? Veja no Google, “Carlos Brickmann”“Alstom”. As propinas citadas atingem US$ 7 milhões. Se alguém prefere não acreditar em jornalistas brasileiros, as notícias também saíram no Wall Street Journal, americano, e na revista alemã Der Spiegel. O ótimo repórter Luiz Cláudio Cunha publicou, no Congresso em Foco, em 2012, informações estarrecedoras sobre licitações na CEEE, estatal gaúcha de eletricidade, envolvendo empreiteiras brasileiras de grande porte e empresas multinacionais como Alstom e Brown-Boveri.

A denúncia da Siemens (que admite ter participado dos acertos) só pode surpreender por um motivo: a inação dos responsáveis pela investigação dos fatos que já eram de conhecimento público. Por que as investigações por aqui não andaram, embora as houvesse em outros países? Excelente pergunta. Segue-se outra pergunta: quem é que ficou cego, surdo e mudo diante do grande escândalo?

O grande mudo...
O ex-presidente Lula continua em silêncio, quase 240 dias depois da operação Porto Seguro, que envolveu a funcionária federal Rosemary Noronha. Não falou sobre o caso, não falou sobre as manifestações de rua, não fala sobre as articulações de setores do PT que pretendem lançá-lo candidato à sucessão de Dilma.

...continua mudo
Não são só assuntos públicos que emudecem o ex-presidente. No domingo, o sexto neto de Lula foi batizado em Santo André. A história é muito bem narrada pela repórter Bruna Gonçalves, do Diário do Grande ABC: Lula não quis falar com jornalistas. Sentou-se longe dos parentes, conversou apenas com um amigo. Em silêncio entrou, em silêncio saiu, pela porta dos fundos da paróquia.

Notícia boa – 1
Dentro de poucos dias, o papa Francisco deve chegar ao Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude. Este colunista não é católico nem religioso praticante; é totalmente favorável ao Estado laico; e apoia sem restrições qualquer esforço para garantir ao papa as melhores condições possíveis para pregar, orientar e conduzir seus fieis. Não é na estrutura do grande evento que se deve fazer economia. A jornada do papa é um fato internacional, positivo, uma vitrine do Brasil no mundo. Se é para economizar, há muitos lugares em que isso deve ser feito.

Notícia boa – 2
Um dos melhores amigos do papa Francisco é um judeu, o rabino Abraham Skorka; ambos dedicaram muito tempo de seus encontros a conversas sobre religião, a partir da origem comum de Judaísmo e Catolicismo, e escreveram juntos um livro notável, Sobre o céu e a terra, em que o tema é abordado com rara profundidade e texto de primeira linha, que prende o leitor e o leva a pensar.

O livro do cardeal Jorge Mario Bergoglio, papa Francisco, e do rabino Abraham Skorka deve ser lançado amanhã, no Salão Nobre da ARI, Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro, a partir das 19h (rua General Severiano, 170). A partir das 20h, sob o título Concordo contigo, ainda que discorde – razões para o diálogo inter-religioso, o rabino Skorka conversa com o padre jesuíta Jesus Hortal, com mediação da jornalista Leila Sterenberg.

Chega de boas notícias
O governo nega, o ministro Mantega explica, o ministro Gilberto Carvalho diz que não é bem assim, a ministra do Planejamento está mais quieta do que Lula desde o caso Rose, mas desde a manifestação das centrais sindicais não dá para negar o fenômeno. Não faz muito tempo, conforme o local, colocava-se um manifestante nas ruas por R$ 30,00, lanche incluído. Agora, os manifestantes cobraram R$ 70,00, fora a condução. Quem pode dizer que não há inflação?
 




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