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Este coqueiro que dá coco

Um dia, ao acordar, uma alta funcionária da Receita Federal em Mauá, sentiu uma tremenda vontade de violar o sigilo fiscal de alguém

Por Carlos Brickmann
25/07/2010 | 00:00
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A história eu conto como a história foi. Um dia, ao acordar, uma alta funcionária da Receita Federal em Mauá, sentiu uma tremenda vontade de violar o sigilo fiscal de alguém. Foi para o escritório, um nome lhe chamou a atenção: Eduardo Jorge Caldas Pereira. Pera em calda, imaginou. Que engraçado! Com um nome desses, e ainda por cima tucano, tem mesmo de ter o sigilo violado.

Só que o sigilo violado ficou furioso. Ousaram tirá-lo de seu repouso, para nada? Pegou um táxi para o aeroporto, comprou passagem para Brasília, pegou outro táxi para o DCS (Departamento de Chutes Abaixo da Cintura e Acima do Joelho) da campanha de Dilma e apresentou-se como voluntário para o PAD, Preparação Aloprada de Dossiês. Em Brasília acontece tanta coisa - não foi lá que um ministro sacaneou um caseiro? - que ninguém estranhou que um sigilo violado pegasse táxi, comprasse passagem aérea e viajasse sem documentos.

Não acredita? Então, vamos às perguntas concretas: se a moça violou o sigilo fiscal do tucano, agiu sozinha ou recebeu ordens de alguém? No caso, de quem? Violado o sigilo, para quem foram entregues os dados indevidamente obtidos? Com que objetivo? Em latim, a pergunta é: Cui Prodest? Em português, "Quem se beneficia?" A frase é pronunciada por Medéia numa tragédia de Sêneca: quem se beneficia do crime é quem o cometeu. Não é a moça. No máximo, ela é instrumento. Os criminosos, ou criminosas, devem ser procurados mais acima.

DE OLHAR INDIFERENTE
O advogado do vice-presidente José Alencar nega a paternidade; mas recusa, ao mesmo tempo, fazer o teste de DNA, que responderia de vez à questão. Para a Justiça, a questão por enquanto (cabe recurso) está resolvida: José Alencar tem uma filha, de quando ainda era solteiro, e tem o direito de usar seu sobrenome.

O problema não é esse: a vida familiar de um político não é obrigatoriamente um tema público. O problema é a alegação que utilizou para livrar-se da filha: acusou a mãe, com quem admite ter tido relações sexuais, de ser prostituta. Imaginemos que ele tenha razão. Mesmo assim, se a filha for dele, é dele. Vamos mais longe: duas pessoas fazem sexo por dinheiro. A mulher é prostituta, vagabunda, desqualificada, por aceitar dinheiro em troca de sexo; os filhos que eventualmente tenham que paguem pelos pecados da mãe. Já o homem, que aceitou sexo em troca de dinheiro, não é desqualificado por isso. Se do sexo resulta um filho, ele que se vire, porque o pai, sangue de seu sangue, não quer saber dele.

Reconheça, Zé Alencar! Faça o DNA e, se a moça for sua filha, por que não aproximar-se dela? Em sua vida, o sr. já deve ter se aproximado de gente ruim, não é? Se a convivência for impossível, ao menos reconheça os direitos da filha.

VOU CANTAR-TE...
Eduardo Requião, até há pouco superintendente do Porto de Paranaguá, irmão do até há pouco governador Roberto Requião, candidato a senador pelo PMDB do Paraná, deu queixa à polícia contra uma empregada doméstica pelo furto de US$ 180 mil. A moça confessou. Parece que os furtos ocorreram aos poucos, ao longo de um ano, até que ele percebesse que a montanha de dólares que guardava em casa começava a diminuir. Talvez o montante do furto tenha sido maior: no último ano, a acusada comprou bens no valor de uns US$ 280 mil.

...NOS MEUS VERSOS
O colunista Celso Nascimento, da Gazeta do Povo de Curitiba, é muito curioso. E indaga: "Moeda estrangeira em casa? De onde veio? Foi declarada? Por que se queixar de furto menor do que o verdadeiro? Estas perguntas cruciais não foram feitas à vítima do furto nem pela polícia nem pelo Ministério Público".

O BRASIL, DO MEU AMOR
Jô Soares precisa trazer de novo o grande Sebá, o último exilado. Pense em Sebá ao saber que a música de campanha de Collor ao governo de Alagoas (http://www.youtube.com/watch?v=M0ew2mCJRFg&feature=player_embedded) tem o trecho: "É Lula apoiando Collor, é Collor apoiando Dilma/ Pelos mais carentes/ É Lula apoiando Dilma, é Dilma apoiando Collor/ E os três pro bem da gente."

BOTA O REI CONGO...
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), está sendo usada em favor da candidatura de Paulo Skaf ao governo. Skaf, presidente da Fiesp, licenciou-se para disputar, deixando no lugar um aliado, o vice Benjamin Steinbruch. A Fiesp, por receber dinheiro público, não pode participar de campanha.

...NO CONGADO
Esta coluna teve acesso a e-mail de propaganda enviado por comitê da Fiesp, usando os computadores da Fiesp, pedindo votos para Skaf. "Caros parceiros e amigos, se você ainda não pensou no seu voto para governo do Estado, gostaríamos de comunicá-lo que o Paulo Skaf, nosso presidente licenciado da Fiesp, Ciesp, Sesi e Senai é candidato em São Paulo. Tomamos a liberdade de pedir o seu voto, alicerçados na amizade e conhecimento do trabalho sério e lisura, que caracterizam as passagens do Skaf pelo Sinditextil, Abit e esta casa da indústria. Se você quiser receber mais informações sobre o plano de governo ou engajar-se na campanha, entre em contato comigo. Cordialmente (...)"




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