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Fifa aprova Copa das
Confederações no Brasil

Dirigentes da entidade máxima do futebol
admitem que torneio teve 80% de êxito no País

Dérek Bittencourt
Enviado ao Rio de Janeiro
02/07/2013 | 07:17
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Ricardo Trida/DGABC


Se a Copa das Confederações chegou ao Brasil há três semanas com status de evento teste, deixa o País com alcunha de sucesso dentro e fora do campo – ao menos do lado interno dos estádios. Ontem, em coletiva para os balanços e considerações finais sobre a competição, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, o secretário-geral da entidade, Jérome Valcke, o mandatário da CBF, José Maria Marin, e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, tiveram discurso uníssono sobre o sucesso do torneio.

Blatter preferiu não dar nota à organização brasileira, diferentemente do que fez na África do Sul em 2009, quando deu 7,5, mas vê o País no caminho certo para a Copa de 2014. “Quando estava na universidade, na conclusão do curso ou do semestre, precisava de nota oito para receber a graduação. Não sei ao certo a nota do Brasil, mas vai se formar na Copa do ano que vem”, explicou o presidente, que teve o discurso completado por Valcke. “Alcançamos 80% e isso é muito bom”, disse.

O mandatário da Fifa ainda destacou que todas as possíveis dúvidas que haviam sobre o bom funcionamento da Copa das Confederações, em função dos protestos populares, foram superadas.

“Quando começou a competição, havia grau de incerteza sobre o que iria acontecer por toda a inquietação social. Mas chegamos à conclusão, vendo o resultado do esporte, que as inquietações vêm se serenando e ontem (domingo) permitiu a realização de um evento extraordinário”, disse Blatter.

José Maria Marin, por sua vez, chegou inclusive a transparecer emoção ao falar sobre o sucesso da competição, que coroou o Brasil como campeão ao bater a Espanha por 3 a 0, na decisão de domingo à noite, no Estádio do Maracanã.

“Nunca ouvi um Hino Nacional cantado com tanto patriotismo e grande civismo”, exaltou o presidente da CBF, que tentou manter os pés no chão. “Não é momento de euforia, mas de grande responsabilidade para responder à altura o apoio maciço da torcida brasileira”, completou.

Aliás, sobre o comportamento dos torcedores verde e amarelos antes, durante e depois da decisão contra a Espanha, Joseph Blatter se mostrou encantado. “A torcida foi extraordinária. E não me refiro a fãs fanáticos, mas fantásticos. Vimos os torcedores cantarem o Hino até quando os alto-falantes já haviam parado, atrasou o início da partida, mas não teve problema nenhum”, concluiu.

  

 

Organizadores apontam problemas

 

Após o bate-papo de Blatter, Marin, Valcke e Aldo Rebelo com a imprensa, integrantes do COL (Comitê Organizador Local) da Copa das Confederações e do Mundial foram aos microfones prestar contas. E apesar da falta de números, apontaram falhas a serem melhoradas para a Copa de 2014.

“Não foi perfeito, mas foi um sucesso realmente maravilhoso. A Copa é a cereja do bolo. Sabemos onde erramos e onde podemos melhorar. Esperamos que atletas, turistas e todos venham para mostrarmos essa alegria e simpatia do povo brasileiro, que possamos mostrar que somos bons não só dentro de campo, como fora dele”, destacou o ex-jogador e integrante do COL, Ronaldo.

Para os estádios, foram citados melhoria na limpeza dos banheiros, na área de tecnologia e comunicação, no sistema de controle de acesso eletrônico e na qualidade e tempo de operação das lanchonetes.

Já para a estrutura externa os organizadores citaram, por exemplo, os acessos aos campos de treinamento em Recife, que trouxeram transtornos a espanhóis e uruguaios. Além disso, definiu-se a convocação de voluntários com fluência em inglês, mais centros de retirada de ingressos, melhor sinalização nas vias das cidades sede e mais pareamento com o transporte público, afinal em ao menos dois jogos a falta de ônibus, trens ou metrôs atrapalhou na saída dos torcedores do estádio, causando filas.

“Não estamos dormindo não, mas pensando em coisas maiores, porque a Copa exige logística maior”, explicou o diretor geral do COL, Ricardo Trade, que esteve na companhia do secretário-executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, do árbitro Howard Webb, e de Jérome Valcke, que seguiu à mesa.

Ronaldo ainda rasgou elogios ao comportamento da torcida brasileira. “Foi emocionante (o Hino Nacional no Maracanã). Nem quando eu jogava vi tamanho envolvimento. Fui a todos os jogos como comentarista e foi emocionante ver que o brasileiro torceu e se emocionou com a Seleção Brasileira, apesar deste momento difícil e delicado com manifestações, a maioria delas pacíficas, mas com alguns vândalos estragando o espetáculo da democracia, que tem meu apoio”, disse.

O ex-atacante ainda insistiu no assunto. “O povo está cansado da situação que nos encontramos. Percebo que o brasileiro não é contra a Copa, mas contra a corrupção, o desvio de dinheiro, a maneira como são administrados o sistema de Saúde e Educação, sendo maravilhoso assistir às manifestações do povo querendo mudanças no Brasil. E já está tendo resultado, porque as coisas estão acontecendo e o governo tem dado as respostas que o povo quer”, concluiu o Fenômeno. DB

Marin elogia políticos, vira alvo e se esquiva sobre o passado

Sobraram agradecimentos e faltaram esclarecimentos para o presidente da CBF, José Maria Marin. Após enaltecer o apoio e ajuda de diversos políticos, o mandatário da entidade máxima do futebol brasileiro foi sabatinado pelos jornalistas com três questões seguidas sobre seu passado, possível envolvimento com a ditadura militar e de ser um dos alvos dos manifestantes – que no domingo, inclusive, invadiram o terreno onde se localiza a CBF, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, exigindo a saída do dirigente do cargo.

“Eu me considero um verdadeiro democrata. Acho que qualquer manifestação pacífica tem de ser respeitada. O que ninguém admite é o saque, o roubo, a violência. E tem uma demonstração que, além da conquista da Copa do Mundo, nós somos um País democrático. O futebol é futebol. Não houve nenhum incidente nas praças esportivas. Houve festa, solidariedade e muita educação da torcida brasileira”, desconversou Marin.

Sobre o envolvimento com a ditadura e a possibilidade de atuação direta na detenção do jornalista Vladimir Herzog – conforme acusa filho do jornalista –, na época em que era deputado estadual, disse: “Talvez você acredite que uma mentira repetida muitas vezes se transforme numa verdade. Depois daquilo fui vice-governador, presidente da Federação Paulista de Futebol por seis anos e só quando assumi a presidência da CBF este caso veio à tona. Este é um fato de 1975 e não tem nada a ver. Sou homem da paz, do diálogo e não me arrependo de nenhum ato que fiz na vida. Me considero um democrata.”

José Maria Marin ainda agradeceu o telefonema que recebeu do ex-presidente Lula, às 3h de ontem, diretamente da Etiópia (África), para saudar pelo título. Citou ainda nomes como a presidente Dilma Rousseff, Michel Temer, Fernando Collor de Melo, Renan Calheiros, entre outros. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, tratou de mais uma vez justificar a ausência de Dilma na decisão – foi muito vaiada na abertura. “Ela fez a opção de saudar via nota e representei o governo”, disse. DB




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