Esportes Titulo Copa das Confederações
Contra a Fúria espanhola,
sorriso verde e amarelo

País se veste de verde e amarelo para apoiar
Seleção na decisão da Copa das Confederações

Dérek Bittencourt
Enviado ao Rio de Janeiro
30/06/2013 | 07:10
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Claudinei Piaza/DGABC


Chegou a hora... de pintar o rosto de verde e amarelo, vestir a camisa canarinho, pendurar a bandeira na janela, no vidro do carro ou amarrá-la ao pescoço, e torcer todos juntos pela Seleção Brasileira na busca pelo tetracampeonato – foi campeã em 2009, 2005 e 1997 – da Copa das Confederações diante da imponente Espanha.

O torcedor brasileiro voltou a vestir a camisa da Seleção, com a consciência de que os comandados de Luiz Felipe Scolari estão representando a Nação e não marcas ou empresários. A resposta e a vontade que transcendem os limites do campo favorecem tal cenário, afinal Neymar e companhia têm demonstrado comprometimento, garra e correspondido à altura toda a euforia que toma o ambiente desde a execução do Hino Nacional, exaltado a plenos pulmões, até o apito final.

O clima, que chega a ser de guerra fora dos estádios, apenas fomenta o desejo e o desabafo daqueles que estão nas arquibancadas acompanhando as partidas e resgatando o grito que mais exalta o sentimento de estar ali: “Eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!”

O povo foi às ruas cobrar redução no preço da passagem, melhorias na Educação, Saúde e transporte público e – independentemente de baderneiros e vândalos infiltrados – estão com o nacionalismo à flor da pele. Com a bola nos pés, os jogadores têm feito jus, incorporando tal sensação e representando o Brasil. “Todo nós queremos um País com justiça. Temos de trabalhar juntos”, destacou Felipão, ainda durante a estadia da equipe em Salvador.

A tão esperada final entre brasileiros e espanhóis se confirmou, após campanha impecável da Seleção, que venceu os quatro jogos que teve pela frente (contra Japão, México, Itália e Uruguai), enquanto os europeus não tiveram trabalho para superar Uruguai, Taiti e Nigéria, mas precisaram passar pela Itália na disputa de pênaltis para chegar à final.

O duelo não poderia ter outro palco que não o Maracanã. Moderno, remodelado, ainda mais tradicional e charmoso, o principal templo do futebol nacional vai receber o duelo mais esperado dos últimos tempos, colocando à prova a supremacia da Fúria, atual campeã do mundo e da Eurocopa, diante de uma equipe que há um ano, sob comando de Mano Menezes, apresentava-se desacreditada, mas que desde o retorno de Luiz Felipe Scolari resgatou sua identidade, ganhou corpo e conquistou a confiança geral da Nação.

Agora, chegou a hora de tirar um grito que está preso na garganta desde 2009, na conquista da Copa das Confederações, para extravasar e aguardar o hexacampeonato no Mundial de 2014, em solo brasileiro: ‘É campeão!’

Felipão descarta favoritismo espanhol

Antes de orientar a Seleção Brasileira no treino de reconhecimento no Maracanã, ontem à noite, o técnico Luiz Felipe Scolari falou com a imprensa. Mantendo o comportamento mais leve do início ao fim da coletiva, tratou de deixar claro: não vê os espanhóis como favoritos ao título da Copa das Confederações.

“Não considero a Espanha favorita. Considero que impôs seu futebol, venceu todas as competições que disputou nos últimos anos, vem jogando há praticamente seis anos com a mesma equipe. Então, tem algumas vantagens sobre nós, mas temos algo importante: contar com nossos torcedores. Podem ter alguma superioridade que com força e espírito podemos igualar e passar à frente de tudo que têm”, destacou o treinador.

Felipão ainda definiu que triunfo hoje e o consequente tetracampeonato do torneio já deixam os futuros rivais do Mundial de 2014 em alerta para a Seleção Brasileira. “Com vitória nossa, mandamos mensagem a todas as outras (seleções) que estamos no caminho para disputar o título em condição de igualdade com outras sete ou oito. Se mostrarmos ao mundo que estamos em igualdade ou em boas condições, atingimos o propósito de quando começamos (o projeto) e esse é o propósito de nossos atletas também”, explicou.

Hoje completam-se 11 anos da conquista do pentacampeonato, no Japão, mas Felipão evita comparações. “Já passou, já foi, tenho que viver esse momento. É nosso, único. Quem tem oportunidade de mudar essa história são eles. Vou me centrar no que pode ser feito amanhã (hoje) e focar nesta mensagem”, comentou.

 Quando o time foi a campo, após rápido aquecimento, o técnico conversou com os habituais titulares – não vai mexer no time que entra em campo hoje à noite – e, logo depois, foi realizado descontraído e agitado rachão.

Com Ramalhão na conta, Júlio César visa título no Maracanã

O goleiro Júlio César foi um dos responsáveis por levar a Seleção Brasileira à final da Copa das Confederações. Não fosse o pênalti defendido contra o Uruguai, na cobrança de Forlán, quando o jogo ainda estava empatado por 0 a 0, hoje a equipe verde-amarela poderia estar em Salvador disputando o terceiro lugar.

E diante da Espanha, o arqueiro reencontra o Estádio do Maracanã, que foi sua segunda casa por muito tempo, enquanto defendeu as cores do Flamengo.

Em seu currículo, desde a estreia pelo Rubro-Negro, em 1997, até a saída para o futebol italiano (Inter de Milão), no fim de 2004, conquistou sete títulos no principal palco do Rio de Janeiro: três Cariocas (2000, 2001 e 2004) e duas Taças Guanabara (2001 e 2004). No entanto, saiu derrotado em outras duas, em 2001, a Taça Rio, e em 2004, a Copa do Brasil, frente ao desacreditado Santo André.

Aliás, muitas são as coincidências com relação àquele confronto decisivo entre Flamengo e Ramalhão, que como hoje foi disputado em um dia 30 de junho.

Na oportunidade, o Maracanã estava vestido de vermelho e preto, assim como hoje deve estar de verde e amarelo, mas a equipe do Grande ABC surpreendeu o favorito e faturou o troféu mais importante de sua história. Para não deixar o gramado chorando de tristeza, como daquela vez, Júlio César – que fora vazado por Sandro Gaúcho e Élvis naquela noite – espera ter atuação impecável, que ele não esconde: será repleta de lembranças.“De certa forma, ajudei a levar o Brasil para a final do torneio e num estádio, o Maracanã, onde tudo começou na minha vida. Foi lá que fiz a minha primeira partida em 1997 pelo Flamengo. E agora estarei lá para uma decisão de campeonato. Espero que possa levar boas lembranças e, quem sabe, vencer”, destacou o camisa 12 da Seleção. “Quero que na minha primeira final pela Seleção no Maracanã eu possa levar lembranças maravilhosas e, quem sabe, depois de um ano, essa final possa se repetir, pois é o sonho maior de todos”, emendou o jogador.

Sobre a estreia como profissional justamente no Maraca, foi um duelo bastante marcante na vida do arqueiro. O Flamengo perdeu para o maior rival, o Fluminense, por 2 a 0, mas o que ficou mesmo na memória foi a defesa de um pênalti, cobrado pelo lateral Ronald. Ele espera não sujeitado novamente a um lance do tipo.

“Logo no primeiro jogo, defendi mesmo um pênalti, mas espero que isso não seja necessário no domingo (hoje). Se não, minha mãe e minha família vão sofrer muito”, brincou.

Conquistar hoje o sexto título no Maracanã, segundo Júlio César, não seria coroar apenas o reencontro com uma conquista de expressão, afinal o último troféu que levantou foi o do Mundial de Clubes de 2010, pela Inter de Milão, como premiar uma Seleção Brasileira que vem em franca evolução e parece ter feito as pazes com o torcedor.

 “Foi uma competição muito importante para os jogadores, comissão técnica e torcedores, que estavam precisando disso. Esperamos na final dar sequência a esse trabalho que começou a partir do momento em que nos apresentamos para a Copa. O Brasil tem tudo para ganhar, por jogar em casa e, especialmente, no Maracanã”, concluiu o goleiro.

TAMBÉM EM CASA

Se Júlio César é titular absoluto da Seleção, os reservas Diego Cavalieri e Jefferson também se sentem em casa, afinal defendem, respectivamente, Fluminense e Botafogo.

Del Bosque confirma cansaço, mas exalta estímulo por cenário

Foram 120 minutos de uma semifinal intensa contra a Itália, mais sete cobranças de pênaltis de seus atletas, e um dia a menos até a final em relação ao adversário. A Espanha admite chegar cansada à decisão diante do Brasil, mas o técnico Vicente Del Bosque confirmou que todo o cenário que envolve o confronto pela Copa das Confederações supera qualquer tipo de adversidade.

“Fizemos boa competição, não chegamos (à decisão) em nosso melhor momento, pois a temporada foi muito longa, mas o estímulo de chegar ao Brasil, contra o Brasil, para ganhar a competição, é muito grande”, afirmou o treinador durante a coletiva de imprensa de ontem. “É uma satisfação (chegar nesta final), um dia muito importante para nós, uma festa. Temos essa responsabilidade que está alinhada à nossa profissão. Será muito bonito. Falamos de um Brasil, que é um País do futebol, e de um Maracanã, que é um dos principais palcos”, emendou Del Bosque em outro momento.

Misterioso, liberou à imprensa apenas 15 minutos do treino de sua seleção e na entrevista não quis adiantar o time que vai a campo. “Nada foi decidido, amanhã (hoje) vocês verão. Falta um treino, mas não vai mudar do que foi o último jogo”, disse. “Não vamos ter muitas novidades com relação ao último jogo contra a Itália”, repetiu, a partir da insistência de um repórter.

Sem esta confirmação, muito se especula sobre a possível entrada de Mata no ataque da equipe, ou Javi Martínez como volante. Mas, independentemente de quem for a campo, uma recomendação está mais do que passada pelo comandante espanhol: ter atenção à perigosa e potente jogada brasileira pelo alto. “Tentaremos que isso não nos afete e vamos tentar controlar o jogo aéreo do Brasil”, explicou.

E, apesar de a torcida ter se posicionado contra os espanhóis em todos os jogos da competição, Del Bosque preferiu não polemizar. “Por mais que nunca tivemos a torcida do nosso lado, não vai nos afetar. São jogadores maduros, que já jogaram muitos jogos importantes. É muito bom jogar com emoção”, concluiu.




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