Esportes Titulo Brasil
Que venha a próxima vítima da Seleção

Em jogo complicado, Brasil despacha o Uruguai e se classifica à final da Copa das Confederações

Thiago Postigo Silva
27/06/2013 | 07:10
Compartilhar notícia


Brasil e Uruguai pela semifinal da Copa das Confederações não poderia ter outro roteiro. A história da partida levou a torcida do Mineirão aos sentimentos mais variados, entre alegria, frustração, angústia, principalmente pelo jogo truncado, faltas fortes, reclamações, provocações nos dois lados e defesa de pênalti. Mas como a maioria dos filmes, o confronto teve final feliz.
Talvez porque a qualidade técnica dos donos da casa, mesmo que pequena como ontem, sobressaiu mais uma vez e assegurou a vitória suada por 2 a 1, com gol de Paulinho aos 40 minutos do segundo tempo. Fred marcou o outro tento canarinho, enquanto Cavani descontou.

Após chegar à Copa das Confederações sem o favoritismo de antes, o Brasil confirmou o rótulo de potência do futebol mundial e garantiu a vaga na decisão de domingo, no Maracanã, contra Espanha ou Itália, que se enfrentam hoje, em Fortaleza.

Nos jogos da primeira fase, o Brasil sempre começou pressionando o adversário e marcou contra Japão e México nos primeiros minutos, além de apresentar futebol vistoso.

Mas a situação foi diferente contra a Celeste, que soube marcar o meio campo da equipe do técnico Luiz Felipe Scolari e não permitiu que o rival chutasse a gol.

Pelo contrário, quem teve a grande chance na fase inicial do confronto foram os uruguaios. Em cobrança de escanteio, David Luiz agarrou Lugano dentro da área e o juiz assinalou pênalti. Diego Forlán, do Internacional, cobrou no canto esquerdo de Júlio César, que espalmou e evitou o gol aos 14 minutos.

O lance animou a torcida e os jogadores brasileiros, que, enfim, conseguiram o primeiro arremate dois minutos depois. Marcelo puxou contra-ataque e tocou para Oscar, que bateu perto do travessão.

Mais tranquilo, o Brasil começou a jogar no ataque, mas a marcação adversária foi dura, e os lances de perigo eram em jogadas isoladas, na base da força. Foi assim aos 27, quando Hulk arrancou pelo lado direito, tabelou com Oscar e chutou para fora. Pela esquerda, Marcelo fez boa jogada e cruzou para Fred, que não conseguiu concluir.

O Uruguai insistiu nos contragolpes e quase anotou aos 29. Forlán recebeu na entrada da área, dominou e concluiu bem perto da trave direita de Júlio César.

No entanto, se o jogo estava acirrado, a técnica prevaleceu aos 40 minutos. Neymar tocou para Paulinho e correu ao ataque para receber belo lançamento. A Joia tocou na saída de Muslera, que defendeu parcialmente, mas o oportunista Fred foi mais rápido que a defesa adversária e marcou, para delírio das arquibancadas.

A festa, porém, foi interrompida na etapa final. Após falhas sucessivas da defesa brasileira, que não soube afastar a bola da área, Cavani aproveitou o último erro de Thiago Silva e chutou no canto de Júlio César, aos dois minutos.

O gol animou os visitantes, que quase viraram aos 20 minutos em cabeceio de Thiago Silva contra o próprio gol. Foi então que Scolari colocou Bernard, e este desequilibrou. Aos 22, ele cruzou para Fred chutar para fora. Depois, enfiou bela bola para Oscar, que passou de calcanhar para Neymar mandar em cima do goleiro.

Pressionado, o Uruguai respondeu em arremate de Cavani, que desviou em Luiz Gustavo e quase virou o jogo. Quando o duelo encaminhava ao empate no tempo normal, aos 40 minutos, Neymar cobrou escanteio pela esquerda e Paulinho cabeceou para decretar 2 a 1 e colocar o Brasil na decisão.

Volante Paulinho comprova mais uma
vez o poder ofensivo

Disputar a primeira competição com a Seleção Brasileira e ainda marcar o gol da classificação à final não é para qualquer um. Paulinho parece abençoado por ainda ter balançado a rede contra o eterno rival Uruguai.
“Me sinto um cara iluminado. É muito gratificante fazer um gol que coloca a Seleção na final da Copa das Confederações no primeiro torneio que disputo pela equipe”, destacou o volante. “Estou fazendo meu trabalho e agradeço a todos os meus companheiros”, completou.

O volante citou os colegas porque, segundo ele, continua atuando da mesma forma que faz no Corinthians, com liberdade para atacar. O mais curioso é que é técnico Luiz Felipe Scolari declarou que não gosta de volantes que vão para o ataque.

“Na Seleção, os jogadores me dão liberdade para ir ao ataque, assim como faço no Corinthians. Então, também credito meu gol a eles”, frisou o atleta, que minimizou o futebol apresentado diante do Uruguai. “Não jogamos tão bem, mas vencemos. Isso é o importante. Tem vezes em que se joga bem e perde”, ressaltou.

Outro jogador de destaque na partida foi o goleiro Júlio César, que defendeu o pênalti cobrado por Forlán, ex-colega de Inter de Milão. O arqueiro destacou que o fato de jogarem juntos ajudou.

“A gente se conhece, mas também tenho meus segredos”, ressaltou o goleiro. “A defesa foi quase como um gol porque nossa equipe se animou depois”, destacou o goleiro, que vai entregar o troféu da partida ao filho.

SEM PREFERÊNCIA

Os jogadores ressaltaram que não têm preferência por quem pegar na decisão – Itália e Espanha decidem hoje que vai encarar o Brasil domingo – , apesar de reconhecer que a torcida é pela Fúria que, com esta geração ainda não enfrentou o Brasil. “Vocês (jornalistas) querem a Espanha, mas, por nós, tanto faz”, destacou o atacante Fred. “Isso (de a Fúria se classificar) é bom para vocês, dá notícia, mas não para nós”, emendou o zagueiro Thiago Silva.

Lugano não se importa com repercussão sobre Neymar

O zagueiro Lugano foi um dos principais alvos de revolta da Seleção Brasileira. No dia anterior ao jogo, ele falou que os zagueiros Thiago Silva e David Luiz batem demais e que o atacante Neymar também simula muito.

“A repercussão pouco importa. Falei o que penso. Somente isso. Os brasileiros me conhecem. Acho que não vai atrapalhar a relação que tenho com eles”, destacou Lugano.

O zagueiro ainda desdenhou da vitória brasileira. “Não importa se teve merecimento ou não. O que importa é o resultado. Talvez tiveram pouco mais de sorte que o Uruguai”, completou.

Mas quem preferiu não falar do potencial da Seleção foi o técnico do Uruguai, Óscar Tabárez. “Com a pouca informação que tenho, não me animo em dizer que o futebol brasileiro ressurgiu. Hoje (ontem), tiveram muita dificuldade para jogar contra um país pequeno. É uma equipe com grandes jogadores, jovens, que estão amadurecendo. Veremos o que fará daqui para frente, mas a prova de fogo, suponho, será o Mundial”, justificou.

Mineirão, a eterna casa do
atacante Fred e também da Seleção

A vitória do Brasil em Belo Horizonte fez a festa dos torcedores mineiros, sem deixar nenhuma das principais torcidas do Estado insatisfeitas. Fred, que defendeu América-MG e Cruzeiro, anotou o primeiro gol, logo na estreia com a camisa amarela no Mineirão, enquanto Bernard, do Atlético-MG, entrou no segundo tempo, melhorou a movimentação da equipe e deu dois passes, que não acabaram em gols por falta de pontaria do próprio Fred e de Neymar.

Fred ressaltou que, mesmo reformado, o Mineirão continua a ser seu lar. Ele já havia marcado 41 gols no estádio. “Este estádio é minha casa, sem dúvida. Foi muito bom ter feito o gol e saí orgulhoso. No Mineirão foi onde tudo começou na minha carreira. Tenho respeito e carinho grande por este local e toda a torcida maravilhosa que sempre esteve presente”, destacou o atleta.

O atacante, porém, reconheceu que fez o gol sem querer, mas espera que a fase continue assim. “Nos dois primeiros jogos, chutava certo e a bola não entrava. Agora, chuto errado e a bola entra. Por mim, tudo bem. Continuando com os gols ‘sem querer’ e ajudando a Seleção Brasileira, não tem problema”, brincou. “A bola bateu no meio do joelho, na canela, sei lá. Tinha de pegar antes de ela bater no chão, e foi isso que marquei”, completou.

O atacante também falou da rivalidade com o Uruguai, principalmente pelas declarações de Lugano, que havia dito que os zagueiros Thiago Silva e David Luiz batem muito e Neymar simula muitas faltas. “Entramos mordidos em campo. Quem manda aqui somos nós. Mas já sabíamos das dificuldades”, completou.

XODÓ

Para, Bernard, um dos atuais queridinhos da torcida do Galo, os 28 minutos em campo serviram para conquistar espaço no grupo do técnico Luiz Felipe Scolari. “É bom que vou entrando para tentar cavar meu lugar no elenco. Acho que estou crescendo na equipe, perdendo a timidez dentro do grupo. Tudo isso ajuda para continuar em evolução”, frisou o jogador.

Bernard também comentou sobre o que Felipão disse para fazer quando entrou. “Ele falou para mostrar o mesmo futebol que venho apresentando no Atlético-MG. Foi o que fiz. Gosto de ser incisivo, partir para cima dos adversários, e foi por jogar assim que cheguei à Seleção”, destacou.

Em tarde infeliz, Thiago Silva admite erro em gol uruguaio

Considerado um dos melhores zagueiros do mundo, Thiago Silva admitiu que não fez uma das melhores partidas e que errou no gol do Uruguai ao rebater a bola no pé de Cavani. Pouco depois, quase fez gol contra e demonstrou que não estava em tarde feliz.

O defensor revelou também que estava com problema muscular na perna esquerda. "Admito que não fiz boa partida no geral. Mas graças a Deus errei em jogo que vencemos”, disse o capitão da Seleção Brasileira.

“Estava com uma pequena lesão na coxa e só conseguia me apoiar com a perna direita. Algumas vezes, as pessoas que estão de fora não sabem o que acontece dentro de campo. Muitas vezes temos de fazer sacrifícios”, revelou o zagueiro.

Porém, segundo ele, a contusão não era tão grave e até pensou que continuaria caso houvesse prorragação. “Em um dos escanteios, conversei com o Felipão, que me perguntou se dava para continuar, porque ele estava pensando em colocar o Jô (caso a partida fosse ao tempo extra). Falei que podia contar comigo, e o ‘iluminado’ Paulinho nos salvou no fim”, disse o jogador.

Com objetivos cumpridos, Scolari mira títulos

Quando aceitou o convite de assumir o comando da Seleção Brasileira, no fim do ano passado, o técnico Luiz Felipe Scolari admitiu que o grande objetivo não era conquistar o título da Copa das Confederações, mas dar confiança ao grupo para o Mundial de 2014.

A meta foi alcançada com apresentações convincentes nos quatros jogos do torneio, além dos amistosos diante da Inglaterra e França.

E já que o Brasil chegou à decisão, agora o objetivo se torna pouco maior. “Os propósitos principais foram atingidos, que era passar da primeira fase, chegar à final, dar uma ideia de equipe à Seleção. Mostrar ao torcedor que podemos chegar à final da Copa do Mundo. Atingimos os objetivos”, destacou o treinador. “O maior objetivo agora é ganhar a final. Não importa que seja de A ou B”, completou.

O técnico aproveitou para elogiar a torcida mineira, que incentivou a Seleção quase em todos instantes. Existiram algumas vaias quando a partida estava empatada e também para Hulk, que errou alguns lances.

“Está tudo muito bonito, o pessoal cantando o Hino Nacional é fora do normal. Todos participam e, com isso, empolgam a Seleção. Mesmo não jogando bem, nós estamos com aquela ideia de torcer pela Seleção nacional. Os jogadores que precisavam de continuidade puderam entrar em campo”, disse
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;