Esportes Titulo Brasil
Hernanes pensou em parar
quando atuou no Ramalhão

Na Seleção Brasileira, meia lembra dos tempos
difíceis que passou no clube na temporada 2006

Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
21/06/2013 | 07:22
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Claudinei Plaza/DGABC


Anderson Fattori
Enviado a Fortaleza
 

São Paulo, Lazio e agora reserva de luxo da Seleção Brasileira, porém o meia Hernanes considera a passagem pelo Santo André, em 2006, como o momento mais marcante da sua carreira. Foram 43 jogos e oito gols com a camisa do clube, mas foi fora de campo que ele enfrentou as maiores dificuldades. Emprestado pelo São Paulo em troca que envolveu o volante Ramalho, ele chegou a pensar em abandonar os campos, mas recuperou o foco, subiu de produção e deu guinada na carreira.

“Passei momentos bem complicados no Santo André. Não pelo clube, mas por mim mesmo. Comecei a pensar que não daria certo, mas depois mudei o foco, juntei todas as minhas forças e consegui recuperar a vontade. Até hoje, quando passo por dificuldade, lembro daqueles momentos no Santo André e consigo me recuperar rapidinho”, enfatizou Hernanes.

Uma dessas fases foi a expulsão contra a França, em 2011, que poderia ter significado o fim da linha com a camisa da Seleção. “Esse foi um dos momentos que pensei das dificuldades passadas nos tempos de Santo André. Penso que se vivi tudo aquilo, nada mais me abala”, disse Hernanes.

O problema do meia foi o foco. Considerado revelação da base do São Paulo, ele não teve espaço no time profissional e se decepcionou. Quando foi emprestado ao Santo André, time com bem menos representatividade, achou que era o fim da linha e, de fato, rendeu muito pouco no início com a camisa do Ramalhão.

“Cheguei a ser reserva e isso me deixou ainda mais para baixo. Ajudou muito o fato de eu ter casado em setembro. Mudei meu foco, voltei a acreditar em mim e desenvolver meu futebol no segundo semestre”, recordou ele, que fez um dos gols mais bonitos da carreira pelo clube. “Lembro muito bem desse dia, foi um jogo contra o São Raimundo, no Bruno Daniel. Carreguei a bola desde o meio campo, driblei todo mundo e fiz um belo gol”, recordou.

A boa sequência no fim da temporada transformou Hernanes no artilheiro do Santo André no ano com oito gols e o levou bem mais prestigiado ao São Paulo. Em pouco tempo, assumiu a condição de titular, passou a ser convocado constantemente para a Seleção Brasileira até despertar o interesse da Lazio, para a qual se transferiu em 2010 – já disputou 132 jogos pelo clube italiano e marcou 37 gols.

“Considero grande divisor de águas na minha carreira. Depois disso subi demais, ganhei muita confiança e hoje estou aqui, representando o Brasil na Copa das Confederações”, se orgulhou o meia. “Por isso dou muito valor para tudo que tenho e o que já conquistei”, completou.

Na Lazio, Hernanes passou a atuar mais recuado, quase como segundo volante, mas com boa chegada ao ataque. Essa versatilidade, provavelmente, foi fator decisivo para convencer o técnico Luis Felipe Scolari a convocá-lo e usá-lo tanto na vaga de Paulinho como na de Oscar, como aconteceu na vitória por 2 a 0 sobre o México, quarta-feira, no Castelão.

“Para mim o importante é jogar e ajudar a Seleção. Não me importo com a função nem me considero um reserva de luxo. Estou à disposição do treinador sempre e me esforço para corresponder quando tenho oportunidade”, disse o meia, que pode ficar com a vaga de Paulinho contra a Itália.

Paulinho preocupa; David Luiz não
O médico da Seleção Brasileira José Luiz Runco mostrou preocupação sobre a utilização do volante Paulinho, amanhã, contra a Itália, em Salvador, em jogo que vai definir a primeira posição do Grupo A na Copa das Confederações. O jogador do Corinthians sofreu entorse no tornozelo esquerdo e preocupa. Já o zagueiro David Luiz, com pancada no nariz, deve ir para o jogo normalmente.

Paulinho deixou o Estádio Castelão, em Fortaleza, com cara de poucos amigos. Ele evitou a imprensa e foi diretamente para o ônibus. Certamente já desconfiava da gravidade da lesão, sofrida no fim do jogo, após arrancada sensacional, desde o campo de defesa, quando driblou quatro mexicanos e passou para Neymar finalizar.


"Foi uma entorse considerada leve, mas o Paulinho acordou com o tornozelo dolorido e um pouco inchado. Não acho que será necessário fazer exame de imagem, mas vamos acompanhar e determinar se ele pode ou não participar da partida de sábado (amanhã)”, comentou o médico José Luiz Runco, com semblante bem preocupado.

Se Paulinho não puder mesmo jogar, Felipão deve recorrer ao meia Hernanes ou então fechar um pouco mais a equipe com a entrada do volante Fernando e liberando mais o meia Oscar.

Já sobre David Luiz, o médico demonstrou bastante confiança. “O David Luiz acordou bem, mas com o nariz inchado, o que é normal. Em Salvador, vamos ter contato com um colega que é otorrino para sabermos se é fratura óssea e de cartilagem. Devemos fazer exame de imagem para ter certeza, mas isso não muda nada em relação à partida. Ele deve jogar nem que seja com proteção”, explicou Runco, ainda em Fortaleza.

Outro jogador que chegou a preocupar a comissão técnica foi o atacante Neymar, que vem sendo decisivo. O jogador apareceu nas entrevistas com bolsa de gelo na coxa direita, a mesma que havia sofrido pancada na estreia contra o Japão, mas o médico tratou de tranquilizar os torcedores.

“O Neymar tomou uma pancada forte na perna contra o México, mas fez o tratamento pós-jogo com gelo e hoje (ontem) já não estava sentindo mais nada, ficando à disposição do Felipão”, comentou Runco.

Seleção pode poupar jogadores

O coordenador técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira, admitiu ontem que alguns jogadores podem ser poupados na partida de amanhã contra a Itália, em Salvador, pela última rodada do Grupo A da Copa das Confederações. O Brasil já está classificado às semifinais e precisa de empate para garantir o primeiro lugar da chave.

Parreira explicou que a comissão técnica conversou sobre a chance de preservar alguns jogadores, mas ainda não tomou a decisão. “Falamos genericamente na possibilidade de se poupar um ou dois (jogadores). A possibilidade está no ar. Pode manter o time ou pode se poupar um, dois ou três jogadores pensando na semifinal”, disse.

Apesar do risco de o Brasil não ter força máxima diante da Itália, Parreira elogiou o adversário e destacou as suas virtudes. Além disso, avaliou que a equipe dirigida por Cesare Prandelli atua de forma menos pragmática do que se acostumou a ver na seleção italiana. “A Itália mudou, tem conceito diferente. Jogadores mais técnicos, jovens e rápidos. Tem um jogador que faz a diferença, que é o Balotelli. Tem o Pirlo, o Buffon, que é um dos melhores goleiros do mundo”, comentou.

Os italianos também estão classificados para as semifinais da Copa das Confederações, mas nem por isso Parreira acredita que o duelo em Salvador perde em força e interesse. Para isso, lembrou a história das duas equipes, além de garantir que o Brasil será ofensivo, mesmo que precise apenas do empate para garantir o primeiro lugar do Grupo A.

O coordenador assegurou que a comissão técnica da Seleção mantém a confiança em Fred, apesar de o centroavante não ter feito gols na Copa das Confederações, enquanto seu reserva imediato, Jô, marcou duas vezes.

Parreira aproveitou para descartar qualquer associação entre o momento turbulento político do Brasil, com manifestações em várias capitais, e a atual fase da Seleção. E destacou o incentivo que a equipe recebeu no Castelão, na vitória por 2 a 0 sobre o México.
“Futebol e política não se misturam. Vimos participação emocionante do torcedor em Fortaleza, um apoio integral. E emocionou de uma forma impressionante os jogadores”, disse Parreira. “A camisa amarela tem de ser mantida afastada de qualquer tipo de situação que não seja esportiva”, comentou.

Assim, ele espera que a Seleção siga dando alegrias ao torcedor na Copa das Confederações. “A melhor contribuição que a Seleção pode dar, diante disso tudo que está acontecendo é vencer os jogos e dar alegria ao torcedor”, disse o coordenador.

Parreira quer final contra espanhóis
Carlos Alberto Parreira admitiu ontem o desejo de ver em campo o aguardado confronto entre brasileiros e espanhóis, em eventual final da Copa das Confederações. Para o coordenador da Seleção, seria interessante observar como se comportariam os dois times, que estão acostumados a se impor diante de todos os rivais.

“Estou torcendo para que esse jogo aconteça, para nós medirmos forças com o melhor time do mundo”, declarou Parreira pouco antes do embarque da delegação para Salvador. “A Espanha vai a campo para impor seu estilo. E é isso que o futebol brasileiro sempre fez. Por isso, estou aguardando com ansiedade por esse confronto.”

Na avaliação do coordenador, o crescimento recente da Seleção nos últimos jogos, com série de três vitórias, aumenta a expectativa para possível jogo com a Espanha no torneio. Para ele, será importante modo de o time medir forças com os espanhóis, que são os atuais campeões mundiais e bicampeões europeus.

“Do nosso primeiro jogo contra a Inglaterra, de fevereiro até hoje, foi crescimento brutal desse time. A nossa equipe está em processo de formação. E acho que vem dando passos bem largos”, avaliou, sem minimizar o poderio dos espanhóis. “A Espanha leva vantagem de estar com o time formado há mais tempo. Não temos medo do futebol espanhol, mas respeitamos seu futebol”, disse Parreira que, contudo, fez questão de ressaltar que o duelo com a Espanha é apenas desejo.

Grupo é blindado ao chegar em Salvador
A Seleção Brasileira deixou ontem Fortaleza ainda emocionada com o carinho que recebeu do torcedor cearense. Por volta das 15h, o grupo seguiu para Salvador, onde amanhã, às 16h, enfrenta a Itália, na renovada Fonte Nova, em jogo que vai definir a primeira posição do Grupo A.

Ao contrário do que aconteceu na capital cearense, a chegada a Salvador foi bem distante dos torcedores e feita com forte esquema de segurança, que evitou até mesmo o contato do grupo com a imprensa.

A delegação desembarcou por volta das 16h30 e saiu pelo setor de carga e descarga, frustrando os poucos torcedores que foram no fim da tarde ao Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães.

Assim que a equipe chegou ao resort que servirá de concentração, cerca de 100 torcedores estavam aguardando e também alguns manifestantes vinculados ao sindicato hoteleiro de Salvador. A delegação outra vez driblou os torcedores e entrou no resort por uma porta lateral.

Para não dizer que não houve nenhum contato, Lucas e Neymar apareceram rapidamente na sacada e saudaram os torcedores, que aguardavam ansiosamente na parte de fora. Mais tarde, Fred, Oscar, Marcelo, Jô, Dante e David Luiz também cumprimentaram os baianos que seguiam no local até o anoitecer na expectativa de foto ou autógrafo.

Em casa, o soteropolitano Dante ainda recebeu rápida visita de seus familiares no saguão do hotel, mas bem longe do acesso de torcedores e imprensa.

Por conta das más condições do gramado da Fonte Nova, que ontem recebeu a vitória do Uruguai (2 a 1) sobre a Nigéria, pelo Grupo B, a programação do Brasil precisou ser alterada.

O grupo não fará mais o reconhecimento do estádio e o único treino antes da partida será em Pituaçu, hoje, às 16h. Após a atividade, Felipão e pelo menos mais dois jogadores, cumprindo obrigação imposta pela Fifa, vão conceder entrevista coletiva, mas que precisa ser realizada na Fonte Nova, local do jogo, a cerca de 12 quilômetros de distância.

A expectativa é de que Felipão antecipe a escalação da Seleção Brasileira, confirme ou não a utilização do volante Paulinho, assim como anunciar quais jogadores que serão poupados contra os italianos.
 




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