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Os donos da bola
Carlos Brickmann
05/06/2013 | 07:03
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Dilma Rousseff tem apoio maciço no Congresso. Apoio? A Medida Provisória da Energia não passou, a MP dos Portos passou por um favor pessoal do senador Renan Calheiros. Dilma tem apoio, desde que não precise dele. Na hora em que precisa, a conversa é outra, o custo é outro. E a culpa é dela.

O PMDB é o maior aliado da presidente. Mas Moreira Franco, da Agência Nacional de Aviação Civil, não teve autonomia para escolher sua equipe. Romero Jucá foi afastado por Dilma, asperamente, da liderança do governo no Senado. Renan Calheiros se recusou a receber ordens, que considerou grosseiras, da ministra Gleisi Hoffmann, que considerou prepotente. E nenhum deles leva a sério a coordenadora política do governo, a senadora Ideli Salvati.

Dentro do próprio PT há resistências a Dilma. Se Lula tiver disposição para sair candidato em 2014, conseguirá apoio total não só dos petistas, mas também da base aliada. Se Dilma for a candidata, a coisa é diferente. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, PSB, ganha pontos contra Dilma; contra Lula, provavelmente nem candidato seria. O governador de Minas, o tucano Aécio Neves, acaba de receber o apoio dos diretórios mineiros de oito partidos, sendo cinco – PDT, PR, PSD, PP e PTB – da base de Dilma.

Todos se dizem unidos em torno de Aécio para presidente e de seu candidato ao governo mineiro.

Em política, isso quer dizer que Dilma não recompensa seus aliados nem lhes oferece boas perspectivas de poder no futuro. Lula é diferente. Mas Dilma não é.

Lembranças

Dois presidentes não tiveram maioria no Congresso: Jânio Quadros e Collor.

O grande recorde

De janeiro a abril, o deficit da balança de petróleo atingiu US$ 6 bilhões (mantendo-se o ritmo, serão US$ 18 bilhões no ano). É recorde para um País que, segundo informou o governo, alcançou a autossuficiência em petróleo.

Barbosa, não

Dilma viaja a Portugal nos dias 10 e 11. Seus sucessores diretos, o vice Michel Temer, o presidente da Câmara, Henrique Alves, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, estão com viagem marcada. Tudo bem: na ausência dos quatro, deveria assumir o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa. Pois não é que o presidente da Câmara, um peemedebista típico, desistiu de uma viagem oficial à Rússia, com comitiva e boas diárias, para assumir o posto de Dilma? Diz ele que não é para evitar que Joaquim Barbosa assuma o cargo. Então, tá.

Brasil de batom

Como é de rigor no Brasil de hoje, o papa Francisco visitará uma favela (desculpe: comunidade) no Rio, a Varginha. Irá a pé da igreja de São Jerônimo Emilliani até o campo de futebol onde falará aos fiéis. A Rua Carlos Chagas, por onde passará, está sendo maquiada pela prefeitura: limpeza, remoção de carcaças de carros roubados, poste de luz no campinho, reconstrução do muro da escola, asfaltamento. Nas outras ruas da favela, obra nenhuma. Sem papa, sem obra. A tática é antiga: quando Catarina, a Grande, era czarina da Rússia, no século 18, resolveu um dia viajar pelo império. Seu primeiro-ministro, príncipe Grigory Potemkin, maquiou toda a região por onde passaria a comitiva, pintando casas, limpando aldeias, tirando pedintes das ruas e obrigando os moradores a usar as melhores roupas para aclamar a czarina. A maquiagem urbana ficou conhecida como ‘Aldeias Potemkin’. O príncipe virou nome de famoso navio de guerra. A czarina ficou feliz ao ver que seu povo era feliz. E até hoje a história se repete.

Tira, põe

Guilherme Afif pede demissão do ministério nesta semana, volta a ser vice e assume o governo paulista, vago por viagem de Alckmin. Fica até quinta. E volta a ser ministro, até que tenha de ser exonerado de novo pelo mesmo motivo.

Inválido trabalhando

O presidente da Câmara Municipal do Recife, Vicente Gomes, PSB, conseguiu sua segunda aposentadoria no serviço público, como médico da prefeitura. Só que sua primeira aposentadoria foi por invalidez, na Câmara dos Deputados. Se era inválido (e por isso está aposentado desde 1999, com salário de R$ 26,7 mil mensais, teto do funcionalismo), como é que trabalhava na prefeitura? Ou é inválido ou não é; se é, não deveria estar trabalhando, nem pedindo nova aposentadoria; se não é, não deveria estar aposentado por invalidez. Mais: se ganha pelo teto, como pode receber nova aposentadoria? Se conseguir seu objetivo, receberá R$ 32,3 mil – bem mais que o teto. Fora, é claro, o salário como vereador. Será que óleo de peroba está custando tão caro?




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