O momento é de conversas e articulações, a pouco mais de um ano do início das eleições de 2014. E, mesmo com período razoável para definições, algumas peças do xadrez eleitoral se movimentam para ficar em posição estratégica. O mais novo lance no tabuleiro de São Bernardo é de Luiz Fernando Teixeira, presidente do São Bernardo Futebol Clube. Em conversa com o prefeito Luiz Marinho (PT), no início da semana, teria tido aval para se candidatar a deputado estadual com apoio do governo.

Se o projeto for levado adiante, o cartola esportivo faria sua principal dobrada na cidade com seu irmão, o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), apesar de Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), ter reduto em território são-bernardense.

Paralelamente à parceria que visa promover com a administração Marinho, Luiz Fernando asfalta caminho para ganhar adesão de vereadores. Cinco nomes já teriam sido contatados e demonstraram interesse no seu projeto político: Rafael Demarchi (PSD), Ramon Ramos (PDT), José Luis Ferrarezi (PT), Roberto Palhinha (PTdoB) e Reginaldo Burguês (DEM).

O leque de apoio no Legislativo municipal pode aumentar conforme a candidatura vai tendo contornos até se solidificar. O presidente da Casa, Tião Mateus (PT), Mauro Miaguti (DEM), José Cloves (PT), Luizinho (PR) e Índio (PR) estariam na agenda do presidente do Tigre para conversas futuras. Acrescente-se ainda o ex-vereador e atual suplente do PT Matias Fiúza.

Apesar de todo o trabalho sendo montado nos bastidores, Luiz Fernando nega a pretensão de conquistar cadeira na Assembleia Legislativa neste momento. “Também tenho ouvido de muita gente que eu seria candidato a deputado estadual, inclusive, com o apoio do prefeito. Só faltou combinar comigo. Não existe nada nesse sentido. Muita gente me liga, pergunta, questiona se é isso ou não, mas, hoje, eu não sou candidato a nada. O meu foco é o São Bernardo Futebol Clube, minha família e meus negócios. É muita especulação”, desconversa ele, que é um dos homens de maior confiança do prefeito Luiz Marinho.

Em seguida, porém, abre possibilidade. “De repente a gente pode até gostar dessa história. Como tem muita gente nos lançando a candidato, pode ser que eles venham a nos apoiar. Não é meu projeto de vida hoje, mas nunca digo que desta água não beberei. Conheço meus dogmas, crenças e fé. Do mais, tudo é possível.”

OVOS QUEBRADOS

Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos. O ditado popular cabe perfeitamente ao desenho da candidatura de Luiz Fernando a deputado estadual. Isso porque, se o dirigente do clube for mesmo o pleiteante do governo ao Parlamento paulista, a máquina petista teria de abrir mão de incentivar a reeleição de Ana do Carmo (PT) ao que seria seu quarto mandato parlamentar.

Ventila-se que a deputada seria convidada a ingressar na Prefeitura para desempenhar função mais executiva. A tendência é haver resistência, já que a petista obteve 80.452 votos na eleição de 2010, sendo 54.017 só em São Bernardo.

Outra consequência da candidatura de Luiz Fernando seria o detrimento do apoio ao diretor administrativo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Teonílio Monteiro da Costa, o Barba (PT).

O sindicalista vinha com moral junto ao prefeito Luiz Marinho, mas uma declaração mal colocada teria jogado balde de água fria na relação. Barba tem apalavradas parcerias com lideranças de Santo André e Diadema e teria dito que não precisaria tanto do trabalho do chefe do Executivo são-bernardense.

Para não tumultuar o cenário petista agora, Luiz Fernando, que não é filiado a partido, assinaria ficha do PT somente em outubro, prazo limite para validar sua provável candidatura. Informação que também é rechaçada pelo dirigente. “Já disseram que eu estava filiando em partido A, B e C. Não recebi nenhum convite. Eu tive uma militância muito intensa no PT, mas não recebi nenhum convite para me filiar.”

Barba e Ana do Carmo não foram encontrados para comentar o assunto.

(Colaborou Gustavo Pinchiaro)