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Fagner faz retrospectiva em show paulistano
Leonardo Blaz
Da Redaçao
21/09/2000 | 17:52
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O cearense Raimundo Fagner apresenta sexta e sábado, no Credicard Hall, em Sao Paulo, um repertório centrado em cançoes dos anos 70 e 80, época em que ele desejava revolucionar a música popular brasileira. "Acho que consegui fazer isso, falando coisas que ninguém dizia, cantando diferente, com um estilo único", conta.

Mas essa pretensao foi abandonada no início da década passada, quando Fagner começou a privilegiar cançoes românticas: "Nao gosto de ficar parecendo sempre moderninho, como tanta gente faz. Tenho a preocupaçao de cantar coisas de valor, nao importando se elas sao revolucionárias ou nao." 

Apesar da ênfase no repertório dos primeiros anos de carreira, que também foi registrado no CD duplo Raimundo Fagner Ao Vivo, com cerca de 500 mil cópias vendidas, o cantor nao acredita que ele seja o mais significativo de seu trabalho: "Talvez seja para a crítica. Para mim, nao." Cançoes como Mucuripe (parceria com Belchior), Fanatismo e Revelaçao ganharam mais atençao justamente por serem as mais antigas.

Os arranjos originais foram mantidos por Fagner. "Normalmente, quando se mexe, faz bobagem", acredita. O cantor também quis estimular o público. "Um show com um caráter retrospectivo como esse deve ser uma espécie de karaokê." 

Mas o que está bem diferente é a voz do cantor, já chamada por Milton Nascimento de "voz de puxar carro de boi". Para Fagner, essa alteraçao é reflexo de seu aprimoramento. "Antes eu cantava de uma maneira bem intuitiva", diz.  Os tons mais agudos foram progressivamente sendo substituídos por graves. "Ainda canto agudos, mas nao vejo tanta necessidade."

Com 50 anos, Fagner garante que a mudança nao está relacionada com a idade. "Nao estou velho. Prefiro cantar dessa maneira, apesar de haver pessoas que sentem falta do jeito antigo, de quando eu balançava a cabeça".

Canteiros - Os shows baseados no álbum ao vivo também trazem de volta a interpretaçao de Canteiros, música que Fagner nao apresentava há anos. Versos de um poema de Cecília Meireles foram utilizados sem a permissao da família da escritora. "Fizemos um acerto jurídico e o assunto, depois de 27 anos, está resolvido", informa.

Essa nao foi a primeira vez que o cantor esteve envolvido com pendengas judiciais. Em Manera, Fru-fru, Manera, seu primeiro disco, o mesmo que contém Canteiros, a cançao Penas do Tiê era creditada como de domínio público. Entretanto, a criaçao era de autoria de Heckel Tavares (1896-1969).

Para o ano que vem, Fagner pretende preparar um álbum de cançoes inéditas. "Estava com preguiça de compor." O músico já começou a recrutar parceiros antigos, como o poeta Ferreira Gullar, Abel Silva, Ronaldo Bastos e Fausto Nilo. O álbum também contará com uma parceria inédita com Cazuza. "Encontrei no meio das minhas coisas, anos depois de sua morte, uma música que fizemos juntos quando morávamos no mesmo prédio."




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