Setecidades Titulo Menor infrator
Menores voltam a fazer
motim na Fundação Casa

Unidade de S.Bernardo viveu outro dia de tensão; internos
pedem melhores condições e fim dos supostos maus-tratos

Rafael Ribeiro
do Diário do Grande ABC
06/07/2012 | 07:00
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A unidade de São Bernardo da Fundação Casa voltou ontem a registrar motins de internos. Os adolescentes pleiteiam melhores condições de abrigamento e pedem o fim dos supostos maus-tratos sofridos por parte de funcionários. Dois tumultos foram registrados, nos períodos da manhã e à tarde - esse último novamente no horário do almoço.

Na parte da manhã foi a vez dos cerca de 50 adolescentes do prédio 1 se rebelarem. Quebraram salas e a rebelião só não se consumou porque os responsáveis pela unidade agiram rápido.

À tarde, a agitação voltou a acontecer no prédio 2. Dois jovens que estão separados por divergência com os demais foram ameaçados de morte. Portas foram quebradas e os colchões dos quartos foram retirados. Havia a suspeita de que internos portavam facas. A Polícia Militar foi acionada, mas foram as presenças do Ministério Público e do Conselho Tutelar do município que apaziguaram os adolescentes.

Segundo a Fundação Casa, desta vez não houve feridos. A entidade justifica que os ânimos ainda estão exaltados por conta do motim de quarta-feira. O promotor Jairo Edward de Luca, da Vara da Criança e Juventude da cidade, que foi ao local para conversar com os jovens infratores, confirma que a situação pode caminhar para a normalidade. "Tudo tende a se normalizar", completou.

André Alcântara, assessor jurídico e coordenador do Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente) da Fundação Criança, também acredita que os motins no local tendem a ser controlados. "Eles (os menores) estão vendo que as reivindicações deles estão sendo colocadas pelas pessoas do lado de fora", disse.

Ontem, parentes dos jovens infratores do prédio 2 foram à unidade endossar o pedido pelo fim das agressões, liberação de comida e cigarro vindos de fora e uso do mesmo corte de cabelo que usavam em liberdade, além de uma solução para o problema da superlotação. São 64 garotos para 56 vagas disponíveis. A Fundação Casa obteve permissão do Tribunal de Justiça para exceder em 15% a capacidade de internação das unidades.

Para Alcântara, os fatos estão ligados. Com mais menores para monitorar, a chance de aumentar os atritos entre as partes é maior. "O importante em um momento como esse é o monitor restabelecer o vínculo afetivo com os jovens", disse. "Por isso os internos querem novos funcionários, que venham de outros lugares, para poder contar tudo o que vem acontecendo sem medo de sofrer represálias ou agressões", completou.




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