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Contas externas do país pioraram em março
Do Diário do Grande ABC
23/04/1999 | 18:30
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As contas externas do país apresentaram piora em março. As transaçoes correntes (todas as operaçoes de comércio e serviço que o Brasil realiza com o exterior) registraram um déficit de US$ 1,72 bilhao, ante os US$ 924 milhoes de fevereiro. Pesaram nas contas externas o aumento dos juros pagos pelo Brasil no exterior e, ainda, o pior desempenho da balança comercial. Com forte concentraçao em março os juros pagos chegaram a US$ 1,35 bilhao no mês ante os US$ 759 milhoes de fevereiro. Já o superávit da balança comercial encolheu de US$ 219 milhoes para US$ 15 milhoes. Os dados de março foram divulgados nesta sexta-feira pelo Banco Central.

Considerando o período de doze meses, segundo explicou o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central, Altamir Lopes, pode ser vista, no entanto, uma estabilidade no resultado das contas externas que saíram de um déficit correspondente a 4,68% do Produto Interno Bruto (PIB), até fevereiro, para o déficit de 4,69% do PIB até março. Em valores absolutos, estes déficits correspondem, respectivamente, a US$ 34,8 bilhoes e US$ 34,1 bilhoes.

Lopes destacou, entretanto, que os investimentos diretos obtidos no período foram mais que suficientes para o financiar o déficit em transaçoes correntes. Nos doze meses até março, o total destes investimentos foi de US$ 31,2 bilhoes. Ou seja, o equivalente a 149,2% do déficit. "É um recorde histórico", comemorou o chefe do Depec, lembrando que, no último trimestre do ano passado, os investimentos diretos financiavam a parcela de 74,7% do déficit em transaçoes correntes.

Ele garantiu, ainda, que a média mensal do ingresso destes recursos tem sido mantida em aproximadamente US$ 1,2 bilhao sem considerar o dinheiro destinado à privatizaçao. No mês passado, os investimentos diretos totais chegaram a US$ 2 bilhoes e, nos primeiros 23 dias destes mês, atingiram US$ 1,74 bilhao. No acordo fechado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Brasil comprometeu-se a fechar o ano com o déficit de 3% do PIB nas transaçoes correntes. Lopes prevê que os investimentos diretos, estimados em US$ 20 bilhoes, serao suficientes para financiar integralmente estas contas.

Curto prazo - De acordo com os números do Banco Central, começam a voltar ao País os recursos de curto prazo. Os investimentos em bolsas de valores, por exemplo, ficaram positivos em US$ 309 milhoes em março e este mês seguem a mesma tendência pois, até nesta sexta-feira, o BC contabilizou o total de US$ 391 milhoes nos ingressos desse dinheiro. "Começamos a ver uma tendência bem marcada de recuperaçao", afirmou o chefe do Depec.

Depois de cinco meses com saldo negativo, as operaçoes de câmbio no segmento livre, ou seja, as contrataçoes de exportaçao e importaçao e, ainda, as transaçoes financeiras, também indicam recuperaçao este mês. Em março, estas operaçoes apresentaram déficit de US$ 2,47 bilhoes mas, em abril, segundo Lopes, há um saldo positivo de US$ 517 milhoes até o dia 23. "Se até agora está positivo, a tendência é que o resultado se mantenha positivo até o final do mês", disse Lopes.

Março também registrou o aumento nos pedidos de autorizaçao feitos por empresas do setor privado para a captaçao de US$ 1 bilhao no exterior por meio da colocaçao de títulos. Segundo Lopes, isso demonstra mais acesso das empresas ao mercado internacional. Em janeiro, as empresas nao-financeiras encaminharam 21 pedidos, em fevereiro outros 16 e, no mês passado, mais 37. Lopes destacou, entretanto, que os prazos ainda estao muito curtos e, em média, ficaram em 7,5 anos ante a média de 9,7 anos alcançada no ano passado.

Os pedidos encaminhados pelos bancos foram oito. Exatamente o mesmo número de janeiro e fevereiro. O maior prazo conseguido no mês foi de dois anos. A média, entretanto, foi mais baixa e ficou em 1,2 anos. "É um prazo muito curto", considerou o chefe do Depec. Os pedidos dos bancos somaram US$ 955 milhoes.




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