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Wim Wenders produz dois filmes sobre música cubana
Do Diário do Grande ABC
30/03/2000 | 15:16
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Wim Wenders nao demonstrou grande aborrecimento por ter perdido para outro filme um Oscar dado como certo. Tanto é que pretende explorar um pouco mais o sucesso do seu "Buena Vista Social Club", lançando outros dois longas com os grandes músicos cubanos. Sua assessoria informou que os documentários serao centrados no concerto que os artistas fizeram em Amsterda. Outro que promete seguir a trilha de Wenders é o espanhol Fernando Trueba, que já ganhou um Oscar com "Belle Époque - Seduçao", e agora está rodando um filme sobre música latina, reunindo nomes como Cachao, Paquito d'Rivera, Chucho e Bebo Valdés.

A música cubana é uma das três melhores do planeta, ao lado da brasileira e da norte-americana. Isso por si só já justificaria o sucesso de "Buena Vista". Mas deve haver algo a mais na composiçao desse êxito. É como se o filme passasse uma vitalidade que já nao é deste mundo. Como se esses personagens - Ibrahim Ferrer, Omara Portuondo, Compay Segundo, Rúben Gonzáles - guardassem nao apenas alguma fórmula mágica de longevidade, mas principalmente, de alegria de viver.

A esta altura do campeonato, a história deles já é bem conhecida. Antes de serem redescobertos por Wenders e pelo guitarrista americano Ry Cooder, estavam esquecidos e aposentados. Ferrer engraxava sapatos; Compay enrolava charutos. Nao se queixam de nada. Apenas parecem compreensivelmente felizes com o sucesso. Ganham algum dinheiro, têm fama, sao aclamados por onde passam.

O CD faturou o Grammy de produçao latina e já vendeu mais de um milhao de cópias mundo afora. O filme faz sucesso em qualquer latitude. É a glória, recebida com modéstia, simplicidade e mesmo a sublime indiferença de quem nao precisa muito dela. Os valores da trupe sao inatuais, típicos de pessoas que habitavam um mundo do passado.

Pelo menos aparentemente, porque se fossem apenas sobreviventes de um tempo que o vento levou, Compay, Ferrer & Companhia nao tocariam tanto a sensibilidade contemporânea. Na verdade, é como se eles fossem porta-vozes de algumas carências atuais da humanidade - calor, alegria, afeto, sensualidade, para ficar nas mais óbvias.




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