O líder do PSB no Senado Federal, Renato Casagrande (ES), debitou parte da derrota governista com a
derrubada nesta quarta-feira da MP (Medida Provisória) que criava a Secretaria Especial de Planejamento Estratégico a uma falta de planejamento de execução orçamentária. De acordo com ele, isso deixaria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sujeito a pressões, inclusive dos próprios aliados.
“O governo se coloca numa posição de ser pressionado. Ele chama os partidos da coalizão para pressioná-lo porque não tem planejamento de execução orçamentária, não tem planejamento e método de relacionamento com os partidos da coalizão”, avaliou.
“Isso faz com que, numa hora como esta, de dificuldade e fragilidade, os partidos ou algum partido se coloque na posição de se manifestar para mostrar sua força”, assinalou.
A rejeição da MP foi comandada por parte da bancada do PMDB e garantida com votos do PSDB e do DEM, além de senadores do PDT e PP.
A extinção da Secretaria deixou sem cargo o ministro Mangabeira Unger. Além disso, 660 cargos de Direção de Assessoramento Superior e funções gratificadas do órgão deixaram de existir.
Segundo Casagrande, faltam cerca de três meses para o final do ano e o poder Executivo ainda não executou as emendas dos parlamentares e nem fez as nomeações dos partidos nos Estados.
O senador também atribui as dificuldades da base do governo em aprovar no Senado as matérias de interesse do Executivo à decisão dos senadores em manter Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência da Casa.
Hoje, o peemedebista é alvo de três processos no Conselho de Ética, que serão analisados na próxima terça-feira. Do primeiro, ele foi absolvido em plenário.
“Na hora que o Senado decidiu manter o senador Renan Calheiros, decidiu, também, manter a crise aqui. Então, o terreno é fértil para instabilidades”, destacou Casagrande, que é a favor da cassação do mandato de Renan por quebra de decoro parlamentar.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), por sua vez, disse que a atuação dos peemedebistas foi um recado ao governo. “Eu vi um recado do PMDB para o PT e para o governo. Muito particularmente, do presidente Renan para o governo. Parodiando o ex-presidente Collor foi um recado: não me deixem só. Isso eu senti claramente”, assinalou.