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Hannibal: como tudo começou
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
31/10/2002 | 19:18
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Hannibal, o canibal, está de volta em Dragão Vermelho (Red Dragon, EUA, 2002), que estréia nesta sexta na região e circuito paulistano. Sim, fizeram outro filme com o psiquiatra psicopata do ótimo O Silêncio dos Inocentes (1991) e do sofrível Hannibal (2000). Cronologicamente, seria o primeiro da série, desta vez com o agente do FBI Will Graham (Edward Norton), que tem um passado de complicações psicológicas, precisando da ajuda do Dr. Hannibal Lecter (novamente Anthony Hopkins) para pegar um assassino serial.

Mas esse enredo você já viu em O Silêncio dos Inocentes (troque Norton por Jodie Foster). O novo suspense dirigido por Brett Ratner (A Hora do Rush) não é nada além do mesmo. Hopkins – que não emplacou nenhum papel de sucesso depois de Lecter – volta a vestir a mesma pele e até roupas parecidas que fizeram do doutor canibal um dos vilões mais amados da cultura pop.

Thomas Harris é o autor do livro Dragão Vermelho (1981), lançado sete anos antes de O Silêncio dos Inocentes. Já foi levado às telas em 1986 como Manhunter (Dragão Vermelho, no Brasil), bem dirigido por Michael Mann. Entre este e o atual, o autor acrescentou na história uma explicação sobre como Hannibal foi preso, atendendo ao produtor Dino De Laurentiis (que também bancou Manhunter e Hannibal).

Hannibal é capaz de afagar e morder a mão que lhe é estendida. Sedutor e terrível, age dentro de uma crueldade sem limites, manipulando a mente das pessoas. Esse poder aniquilador conquistou fãs e são eles que o filme tenta fisgar com as explicações de como Hannibal foi preso, em primeiro lugar, sem dar maiores detalhes sobre como ele surgiu. Em segundo, é estruturalmente igual às armadilhas psicológicas e tensas de O Silêncio dos Inocentes.

Hannibal Lecter aprecia devoção, principalmente preso no Hospital Estadual para Criminosos Doentes Mentais de Baltimore. O investigador Graham se tornou célebre pela habilidade de pensar como assassinos perversos. Isso o leva a investigar um criminoso serial com ajuda de Lecter, sem saber que era o próprio doutor o assassino que procurava.

Abalado com essa descoberta, Graham se muda com a família para a pequena Marathon, na Flórida, e deixa o FBI para trás. Mas um admirador de Lecter, um estripador de famílias que ataca sob a lua cheia, mais conhecido como Fada do Dente (Ralph Fiennes), muda tudo. O antigo chefe de Graham, Jack Crawford, (Harvey Keitel), não tem outro agente para vasculhar a mente assassina. Após estudar as cenas dos crimes, Graham percebe que, para ter sucesso, precisará da mente de alguém igualmente brilhante e perturbado. Isto é, Hannibal Lecter.

E por quê? Uma pista está na declaração de Laurentiis: “São poucos os papéis que conseguem se incorporar à cultura pop, e Hannibal é um deles”. Intenção mercadológica do veterano produtor italiano de 83 anos. O Dr. Lecter funciona desta vez como isca na caça à bilheteria.




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