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Traficantes aderem ao roubo de carga para fazer caixa
Sérgio Saraiva
Da Redaçao
04/12/1999 | 16:58
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Uma das maiores fontes de dinheiro fácil e rápido para quadrilha de traficantes - o roubo de carga - cresceu 50,8% de 1998 para cá no Estado. Os números sao da Federaçao das Empresas de Transporte de Cargas de Sao Paulo e têm por base os registros policiais.

De acordo com o assessor de segurança da entidade, coronel da reserva Paulo Roberto de Souza, o Estado registrou 1.625 roubos nos primeiros dez meses deste ano, contra 1.077 do ano passado. "É um número estarrecedor", comentou. Sao Paulo registra 60% dos roubos de carga do país.

O prejuízo das empresas de transporte, no entanto, diminuiu de R$ 123,7 milhoes para R$ 118,5 milhoes. Essa queda é explicada pelo rigor das seguradoras de cargas. "Elas estao restringindo o transporte de cargas muito valiosas. O que era feito num só caminhao, agora deve ser feito por três, saindo cada um por uma rota e horário diferentes", disse Souza.

Para o coronel, há realmente indícios de que esse tipo de crime esteja sendo utilizado por traficantes. "O crime organizado busca capital em diferentes situaçoes. Antes era nos assaltos a bancos. Bastou, no entanto, melhorar a segurança dos estabelecimentos para o assaltante migrar para as cargas, crime de fácil execuçao e retorno garantido. A própria CPI constatou isso em Campinas".

Produtos alimentares - Dentre os mais procurados pelos ladroes, segundo Souza, os produtos alimentícios (biscoitos, chocolates, laticínios e carne) lideram a preferência, seguidos por cigarros, têxteis, medicamentos e produtos da indústria eletroeletrônica (veja tabela ao lado). De acordo com Souza, sao mercadorias de fácil colocaçao no mercado informal.

Embora nao tenha uma pesquisa específica sobre o Grande ABC, Souza aponta que a regiao, somada a Guarulhos e Osasco, totalizou 369 casos, contra 589 da capital, 537 nas diversas rodovias e 131 no Interior (mais Litoral). A pesquisa mensal da entidade aponta também as rodovias de maior incidência: Anhangüera, Dutra, Castelo Branco e Régis Bittencourt.

Surpreendentemente, o sistema Anchieta-Imigrantes registrou apenas 31 casos. Souza explica que isso se explica pelo critério da Federaçao, que demarca exatamente as maiores concentraçoes de roubos para tomar providências. Por outro lado, os crimes praticados em rodovias federais ou estaduais nao sao computados para as cidades.

Geografia - A localizaçao geográfica das cidades do Grande ABC, segundo ele, fornecem a melhor explicaçao para o grande número de eventos secundários dos roubos registrados na regiao. "Essa área está entre dois grandes pólos do transporte de cargas: a Capital e o Porto de Santos".

O modus operandi dos ladroes é outro fator que acaba incluindo o Grande ABC nas estatísticas. Segundo Souza, o procedimento clássico dos assaltantes é seqüestrar temporariamente o motorista até dar a destinaçao final ao veículo e à carga. Depois, eles sao liberados em cidades da Grande Sao Paulo.

Com isso, eles ainda atingem outro objetivo, que é complicar bastante a investigaçao, já que o roubo ocorre numa cidade, a carga é levada para outra e o motorista é liberado numa terceira, onde registra a queixa. As propostas estratégicas de Souza para combater o roubo de carga começam por um reforço imediato do policiamento preventivo em postos de combustíveis, especialmente na beira de estradas, onde ocorrem 70% dos assaltos. O coronel sugere ainda uma série de medidas internas nas empresas, o treinamento e orientaçao dos funcionários e a aquisiçao de equipamentos eletrônicos de localizaçao.




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