O caminhoneiro Jaciro do Prado, 60 anos, invadiu, na manhã de ontem, um sobrado da Rua Maurício Zirlis, na Vila Lutécia, em Santo André, e atirou duas vezes na dona de casa Jussara Aparecida Ribeiro Costa, 46. Na sequência, Prado se matou. Segundo a polícia e vizinhos, o caminhoneiro teve um relacionamento amoroso com a mulher, que é casada, e estaria inconformado com o fim do romance.

De acordo com o que foi apurado pela polícia, Prado invadiu a casa por volta das 6h30, com um revólver calibre 38, deu dois tiros em Jussara - um na testa e outro no tórax - e disparou na própria cabeça. A vítima sobreviveu e não corre risco de morrer.

Vizinhos afirmam que o relacionamento de Prado e Jussara durou dez anos e tinha consentimento do marido dela. Segundo eles, o caminhoneiro "andava depressivo" com o término do caso, há três anos. "Todo mundo na rua sabia que eles (Prado e Jussara) tinham um caso, inclusive o marido dela. O Jaciro não aceitou quando ela o dispensou, ele a amava demais", disse Ana Maria dos Santos, 49.

No domingo, Prado contou para os amigos que iria "cometer uma loucura", pois estava "muito triste e angustiado" com a situação. "Ele falava isso há muito tempo, mas nunca acreditamos que realmente fosse fazer uma coisa dessas. O Jaciro era uma pessoa muito bondosa, não dava para esperar algo assim", falou Ana Maria.

DIA DO CRIME - O universitário Humberto Corrêa Pafume, 20, contou que viu Prado debruçado sobre o volante do caminhão, estacionado em frente à casa de Jussara, por volta das 6h20. "Achei estranho e fui conversar. Ele (Prado) disse que iria dar um presente para ela, que já deveria ter sido entregue três anos atrás", afirmou.

Dez minutos depois, Prado teria tocado a campainha da residência e entrado no momento que a mãe da ex-amante abrira a porta. O porteiro Fabiano Rodrigues, 29, vizinho da vítima, viu o momento da invasão. "Ele empurrou a mãe da Jussara e correu em direção à cozinha da casa (no segundo andar), trancou a porta, e começou a atirar", contou.

O caso foi registrado no 6º Distrito Policial de Santo André, na Vila Mazzei.

Idoso era querido pelos moradores da Vila Lutécia

O caminhoneiro Jaciro do Prado, 60, era uma pessoa querida pelos moradores da Vila Lutécia, em Santo André. Residente no bairro há cerca de 30 anos, Prado era admirado por "ajudar a todos e nunca dizer ‘não' aos amigos", disseram os conhecidos.

"O Jaciro não cometeu esse crime por maldade, era um homem muito bom. Ele nunca negou R$ 50, R$ 100 para um amigo que precisasse", disse Marly dos Santos, 27, vizinha do caminhoneiro.

PÃES AOS MENDIGOS - Uma outra moradora da Rua Mauricio Zirlis, que se identificou apenas como Dalva, falou que o motorista de caminhão entregava cerca de 200 pães, uma vez por mês, para os mendigos que dormem na Praça do Carmo, no Centro. "É difícil entender como alguém pode perder a cabeça desse jeito. O Jaciro era um pouco frustrado por querer bem a todos e viver sem o seu grande amor", afirmou.

Prado tinha dois filhos, que moravam na mesma rua que Jussara. Os filhos do caminhoneiro não quiseram dar entrevistas. A família de Jussara também não quis comentar o caso.