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Estado ampara desabrigados de Mauá
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
15/03/2011 | 07:25
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O prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), passou para a responsabilidade do Estado a única ajuda concedida pela Prefeitura às famílias desabrigadas pelas chuvas deste ano. A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) vai pagar, a pedido do prefeito, o auxílio emergencial de R$ 300. Além disso, 358 famílias vão receber do órgão R$ 1.000 para compra de móveis, por meio do Programa Novo Começo.

Ontem, Oswaldo disse que o pedido era para que o Estado ajudasse com metade do valor do auxílio-aluguel. Mas a informação foi consertada pela CDHU. A previsão, conforme a companhia, é para que a assinatura do convênio aconteça em abril.

Em janeiro, quando as chuvas fizeram as primeiras vítimas fatais, Oswaldo recusou ajuda do Estado. Além disso, a Prefeitura tem em caixa cerca de R$ 2 milhões repassados pelo Ministério da Integração Nacional, para combater os danos deste verão.

Segundo o prefeito, as chuvas de janeiro deixaram 700 famílias desabrigadas. Destas, 135 tiveram as residências demolidas.

Enquanto a Prefeitura aguarda a assinatura, o auxílio às famílias desabrigadas pela chuva foi cortado, sob a suspeita de que alguns moradores ainda estariam morando em áreas de risco.

Oswaldo foi enfático ao declarar que o pagamento do auxílio emergencial não foi suspenso. O prefeito confirmou que os primeiros repasses aconteceram normalmente entre fim de janeiro e fevereiro. "O que acontece é que agora as famílias devem apresentar à Secretaria de Habitação documentos que comprovem o endereço onde residem atualmente", falou.

O prefeito quer que as famílias provem que utilizaram o auxílio para locar moradias fora de áreas de risco. "Apenas 135 famílias não precisam dessa comprovação. Esse grupo teve a casa demolida e continua recebendo normalmente o auxílio", garantiu Oswaldo. Mas 565 vão ter que deixar os documentos em dia para terem direito novamente ao programa. "É só mostrar o comprovante de moradia em local seguro que a Prefeitura voltará a pagar", ressaltou o chefe do Executivo.

Pelo menos para algumas famílias a história não é tão fácil assim. Ontem, diversos desabrigados cobraram na porta da Prefeitura a volta do pagamento do auxílio. "Pediram a conta de água e depois a de luz. Tive de voltar em casa umas duas vezes para pegar essas contas, mas nada adiantou. Não sabem quando vão depositar o dinheiro", relatou Antonio Francisco da Silva, 39 anos. Ele morava no morro do Macuco, no Jardim Zaíra. A casa foi interditada por risco de deslizamento e demolida pela Defesa Civil. "Agora moro no bairro Boa Vista, e o aluguel está atrasado", contou.

 

COBRANÇA

A Prefeitura tem 15 dias, a partir de hoje, para prestar esclarecimentos ao Ministério Público sobre a suspensão do auxílio emergencial. O ofício, assinado pela Promotoria de Habitação, cobra ainda informações sobre a contratação de profissionais capacitados para a Defesa Civil. O documento questiona se a Prefeitura vai contratar geólogos e geógrafos e afirma que "os poucos agentes atuantes não possuem a formação técnica necessária."

 

 

 

Prefeitos fazem carta de apoio a Oswaldo Dias

 

A Prefeitura de Mauá não sabe ainda quantas pessoas moram em locais onde podem acontecer deslizamentos de terra. Permitiu a expansão da ocupação irregular em áreas de risco, mesmo com recomendações do Instituto Geográfico alertando sobre a possibilidade de acidentes naturais. Isso e outras negligências permitiram o cenário de tragédias, em que seis pessoas morreram neste ano. Para as vítimas de tempestades, a ajuda financeira seria concedida por até seis meses de forma emergencial. Porém, o programa foi suspenso.

Ontem, no entanto, os outros seis prefeitos da região assinaram carta de apoio ao prefeito Oswaldo Dias (PT). Eles se solidarizaram pelo "momento difícil que a cidade viveu em razão das chuvas intensas de início de ano". "Temos certeza de que o prefeito não mediu esforços para minimizar os problemas das famílias atingidas", declarou o presidente do Consórcio Intermunicipal, Mário Reali (PT), também prefeito de Diadema.

O documento é meramente simbólico. Com ele não é possível transferir recursos para a cidade ou qualquer tipo de ajuda para as famílias desabrigadas.




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