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Governo vai propor prorrogaçao de débito de cafeicultores
Do Diário do Grande ABC
07/10/1999 | 15:14
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O secretário de Produçao e Comercializaçao do Ministério da Agricultura e Abastecimento, Paulo Cesar Samico, informou nesta quinta-feira que o governo vai propor ao Conselho Deliberativo da Política Cafeeira (CDPC), que se reúne no próximo dia 14, a prorrogaçao do débito de cerca de R$ 410 milhoes dos cafeicultores. A intençao, segundo ele, é a de sugerir o reescalonamento dessa dívida - que se refere a custeio das safras 1997/98 e 1998/99 - por um prazo que poderá variar de seis meses a um ano. "Vamos propor um reescalonamento por um prazo extremamente curto e, após esse período, nao haverá mais dilataçao do prazo", afirmou.

Paulo Cesar Samico explicou que do débito total dos cafeicultores, que era de aproximadamente R$ 800 milhoes, R$ 385 milhoes já foram reescalonados no mês passado, quando foi aprovada Medida Provisória que permitiu a renegociaçao dos débitos agrícolas em geral. No momento, conforme ele, existe um débito de R$ 150 milhoes, que venceu no dia 30 do mês passado e do qual já foram pagos 16% e um outro, de R$ 260 milhoes, cujas parcelas começam a vencer a partir deste mês. Esses empréstimos, sob os quais incidem juros anuais de 9,5%, foram feitos para custear a safra 1997/1998 e de 1998/99, respectivamente.

Paulo Cesar Samico informou que nessa reuniao do dia 14 deverá ser discutida e aprovada uma política para o setor de café. Essa política, que deverá manter os leiloes de café pertencentes aos estoques do antigo Instituto Brasileiro do Café (IBC) e a concessao de financiamentos através do Funcafé, deverá Ter em vista os seguintes objetivos: aumento da renda do produtor; aumento do consumo mundial de café que caiu 2% este ano em funçao da queda na renda da populaçao; e recuperaçao do preço do café no mercado mundial que hoje está em torno de US$ 80 (o mais baixo dos últimos cinco anos). "O Brasil é o maior produtor e exportador mundial, por isso pode formar preços no mercado internacional através de medidas que venha a adotar para fortalecer o mercado interno", afirma.

O secretário de Produçao e Comercializaçao do Ministério da Agricultura também disse que até amanha deverao estar à disposiçao dos cafeicultores no Banco do Brasil, R$ 160 milhoes. Desse valor, R$ 100 milhoes se referem a primeira parcela de um total de R$ 250 milhoes, que serao liberados para custear a safra 2000/2001. Os R$ 60 milhoes restantes correspondem à última parcela de R$ 200 milhoes que foram autorizados para a pré-comercializaçao do café, através do sistema de "warrantagem" (o produtor faz o empréstimo mas permanece como fiel depositário do café). Esses recursos, lembrou ele, foram aprovados na última reuniao do CDPC, realizada no mês passado. Samico disse que com os R$ 250 milhoes autorizados para o custeio, serao financiados cerca de três milhoes de hectares, ou o equivalente a três bilhoes de pés de café (10 a 15% da área total), beneficiando cerca de cinco mil cafeicultores.

Promçao - O Ministério da Agricultura também pretende investir firme na promoçao do café brasileiro, para que este ganhe mais espaço na comercializaçao externa. Samico disse que até o final deste mês deverá ser aprovado um projeto de divulgaçao do produto brasileiro no exterior, tendo como base a "marca Brasil" de café. Segundo ele existem R$ 4 milhoes de recursos do Funcafé destinados para promoçao a ser feita neste ano e que até agora nao foram usados. Esses recursos, acrescidos de R$ 2 milhoes provenientes do setor privado, através de parceria com a Associaçao Brasileira da Indústria do Café (ABIC), é que irao custear a propaganda externa do setor.

A idéia, conforme Samico, é atacar em duas frentes para aumentar as vendas externas de café: o mercado chinês e os países europeus. Em ambos os casos a promoçao será fundamentada em degustaçao direta do produto brasileiro aos consumidores estrangeiros. A diferença, é que para os chineses a campanha pretende estimular a venda do café de uso mais comum, em funçao do seu menor poder, enquanto para os europeus serao ofertados os chamados cafés especiais, mais caros e refinados, em lojas sofisticadas.




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