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Betty Lago afiadíssima
Roberta Brasil
Da TV Press
05/07/2003 | 17:45
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Betty Lago é uma atriz singular. Apesar do biótipo clássico, de porte esguio, nariz afinado e sobrancelhas arqueadas, já foi capaz de interpretar tipos nada glamourosos como a cafona Calpúrnia, de Quatro por Quatro e a pobretona Brigite, de Uga Uga, duas novelas de Carlos Lombardi. Na minissérie O Quinto dos Infernos, do mesmo autor, encarnou a irreverente Carlota Joaquina, que também não primava pela discrição. Agora, porém, a atriz pode esbanjar toda a classe lapidada nos 20 anos em que foi modelo numa personagem mais contida e elegante: a ex-primeira dama e atual presidente de Kubanacan, Mercedes Camacho.

Betty é tão rápida e mordaz em seus comentários quanto requer um texto do próprio Lombardi. Apesar disso, dar entrevistas nunca foi o forte da atriz. Em 11 anos de carreira, ela conta nos dedos as vezes em que aceitou falar de sua vida para estranhos. No geral, recusa sem rodeios. Mas quando se dispõe a falar, Betty responde a tudo com seriedade, bom humor e fina ironia.

TV PRESS - Kubanacan é seu quinto trabalho em parceria com Carlos Lombardi. Como é ser considerada um dos curingas do autor?

BETTY LAGO - O texto do Lombardi é ácido e divertido. Eu adoro! Mas sei bem o fardo que é ser tachada de atriz do Lombardi. Aqui no Brasil o ator tende a ser criticado quando começa a emendar trabalhos do mesmo autor. Engraçado que ninguém questiona isso quando se trata de uma produção estrangeira.

TV PRESS - Agora, você vive uma mulher glamourosa, com uma trajetória semelhante à de Evita. Ela foi uma inspiração?

BETTY - Até vi o filme da Madonna. Só que minha pesquisa ficou mais em cima do comportamento das mulheres dos anos 50. Já a personalidade da Mercedes vai de acordo com o que o ator escreve.

TV PRESS - Depois de uma certa idade, muitas atrizes começam a reclamar que não ganham mais bons papéis na televisão...

BETTY - A Arlete Salles reclama? A Marília Pêra reclama? Acho que, quando se trata de uma boa atriz, bons papéis não faltam. Eles existem em todas as faixas etárias. Está certo que a televisão é um veículo cruel e explora tudo que puder de você. Mas também dá muitas coisas em troca, como o reconhecimento profissional. Acontece que nem todos têm a mesma sorte. Existe uma peneira. Mas eu não tenho medo.

TV PRESS - Por quê?

BETTY - Porque trabalhei 20 anos numa profissão calcada na beleza, na estética, na magreza. Fiquei escolada. A televisão, com toda a sua crueldade, não chega aos pés do universo da moda. Nunca tive esse problema porque não entrei na TV com 20 aninhos. Nunca fui um rostinho bonito. Pelo meu biótipo, eu jamais seria! Tenho um padrão clássico. A contar por ele, não me faltarão papéis. É diferente daquela carinha meiga que, com o tempo, perde o frescor. Já com relação ao meu trabalho, acredito que estou melhorando.




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