Foi com o longa-metragem quase independente que Rodrigo Santoro iniciou sua promissora carreira no cinema – o papel do jovem Neto foi seguido por ótimas atuações, como em Abril Despedaçado, de Walter Salles Jr., e Carandiru, de Hector Babenco, até a ponta no blockbuster As Panteras – Detonando (2003), de McG. Até então, o ator era visto apenas como um galãzinho global, daqueles que as novelas lançam aos montes todos os anos.

Sobre Neto, protagonista de O Bicho, Santoro disse em entrevista ao Diário: “Todo mundo acha que fiz Bicho para fugir da figura do galã. Fiz porque quando acabei de ler o roteiro estava chorando. Não foi fácil aceitar o personagem. Pensei mil coisas antes de fazê-lo. Por exemplo, que a diretora era desconhecida e a interpretação poderia ficar exagerada. Foi como dar um tiro no escuro. Também tive de contar com a sorte”.

Neto é um personagem visceral, e Santoro como Neto é irretocável. Ele é umadolescente vivendo na São Paulo dos anos 70. É desocupado, rebelde, e passa o dia andando de skate com seus amigos igualmente ociosos. De vez em quando fuma alguns cigarros de maconha. Nada que o torne um viciado, mas seu pai (Othon Bastos) descobre o fato e o interna em um hospital psiquiátrico. Há dois temas em discussão: a conturbada relação entre pai e filho – que destrói a vida de Neto – e a falência das instituições para deficientes mentais no Brasil. Chato só o som do Cineusp, que é mono.