Política Titulo
Reforma não cortará privilégios de senadores
10/07/2009 | 07:53
Compartilhar notícia


Os privilégios desfrutados pelos senadores, como assistência médica vitalícia, vão continuar intocáveis na reforma estrutural do Senado que está em elaboração pela FGV (Fundação Getulio Vargas). "Não vamos colocar os senadores no mesmo pé que os funcionários", resumiu ontem Bianor Cavalcanti, professor da FGV e um dos responsáveis pelo estudo de modernização do Senado.

Pela proposta da fundação, que será concluída daqui a 20 dias, os parlamentares continuarão a usufruir de mordomias, como gasto ilimitado de telefone celular, passagens aéreas e moradias funcionais, além de assistência médica para toda a vida paga pelos cofres públicos para senadores, ex-senadores e seus familiares. "Podem ser medidas diferenciais", disse Cavalcanti, ao referir-se às benesses dos parlamentares. Ele não citou, no entanto, medidas para acabar com privilégios dos senadores.

Uma das propostas apresentadas pela FGV para reestruturação do Senado é a redução do número de funcionários da Casa. A ideia, segundo Cavalcanti, é cortar cerca de 40% do total de 10 mil funcionários entre efetivos, comissionados e terceirizados. Em um primeiro momento, a proposta é demitir 2,4 mil terceirizados e comissionados. Um segundo passo é a implantação de um PDV (Programa de Demissão Voluntária) para estimular servidores efetivos a sair do Senado.

"O que não dá é 10 mil funcionários para atender a 81 senadores. Isso é um peso muito grande", observou o professor.

Nesta primeira etapa da reestruturação, o Senado deverá cortar 30% do total de 3,5 mil terceirizados, o que dará até 1.050 demissões. Essas demissões vão ocorrer à medida que os contratos com empresas de prestação de serviços forem revistos pela Casa. 

A outra etapa irá atingir os 2.875 comissionados, mas isso dependerá da boa vontade dos senadores. Nada menos que 2.616 ocupantes de cargos em comissão na Casa estão lotados nos gabinetes dos senadores. Na área administrativa, fora dos gabinetes, o número é bem menor: 259 comissionados. O gasto total com os comissionados é de R$ 269 milhões ao ano - R$ 233,7 milhões com os comissionados dos gabinetes e R$ 35,2 milhões com os comissionados que não trabalham em gabinetes de senadores.

"É possível se chegar a um corte desses cargos entre 30% e 40%. Mas para que se processe a redução do quadro de comissionados é necessário entendimentos com os senadores", disse Cavalcanti.

Pelos cálculos da FGV, haverá uma redução de gastos de R$ 80 milhões ao ano, se forem demitidos 30% dos comissionados. A economia ficará em R$ 107,6 milhões anuais, caso as demissões de comissionados chegarem a 40% do total. "É legítimo que os gabinetes tenham funcionários de confiança, mas é preciso ter um quantitativo aceitável", ponderou o professor.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;