Malan disse que espera que o "bom senso" prevaleça. "Eu queria chamar atençao para aqueles que talvez nao estejam avaliando ainda corretamente o que é um regime de taxas flutuantes e estao fazendo hedge a estas taxas, pois é possível que venham a ter algum prejuízo", acrescentou.
Ele repetiu várias vezes que nao vê razao nos fundamentos da economia brasileira para essa alta no dólar e acha que o mercado está exarcebando as preocupaçoes com movimentos como o dos agricultores e da marcha dos 100 mil.
Durante palestra em seminário promovido pelo Grupo IOB, Malan procurou demonstrar confiança nos rumos da economia brasileira e no apoio do Congresso Nacional para a aprovaçao das reformas. O ministro disse que o governo já cumpriu as metas fiscais acertadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) nos últimos três trimestres e voltará a fazê-lo em 30 de setembro e nos próximos dois anos. "Na sexta-feira, quando enviarmos o Orçamento de 2000 para o Congresso Nacional, o compromisso com o superávit fiscal vai ficar claro."
O ministro reconheceu que a economia brasileira possui "vulnerabilidades" e a percepçao delas acaba contagiando o mercado em determinados momentos. "Mas elas nunca foram negadas ou escondidas por este governo", afirmou. Segundo ele, o mercado as percebe e "às vezes, como agora, deixa-se levar pelo instinto de rebanho e age com excesso de pessimismo, assim como outras vezes age com excesso de otimismo".
Malan concordou com a avaliaçao de que parte da elevaçao do câmbio decorre da preocupaçao do mercado com sinais de desarticulaçao na base política do governo. Mas, segundo ele, é errada a leitura de que o Congresso Nacional nao vai aprovar as reformas necessárias, como a tributária e a da Previdência e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Segundo Malan, o mercado de câmbio nesta sexta-feira movimentou um volume muito pequeno e faz enorme diferença quando se tem um grande ou um baixo volume de transaçoes.
Fiesp - O presidente da Federaçao das Indústrias do Estado de Sao Paulo (Fiesp), Horácio Piva, acredita que o dólar pode estabilizar-se em R$ 1,90, "que é bem alto". Piva acredita que o dólar nao vai ultrapassar a barreira de R$ 2, mas mesmo se ficar estável no nível de quinta-feira (19) "pode provocar uma pressao inflacionária sobre o mercado".
Ao contrário de outros momentos, quando já defendeu a troca do ministro da Fazenda, Piva disse apoiar o ministro. "Nao acho que o Malan deva sair; me opus à política monetária dos últimos cinco anos, mas começo a perceber no governo a palavra desenvolvimento com mais freqüência", afirmou.
Na avaliaçao do presidente da Fiesp, a alta do dólar foi provocada por "insegurança dos agentes internos e externos, boatos sobre a saída de Malan, preocupaçoes com o resultado da balança comercial este ano e com a elevaçao da taxa de juros". Nesta situaçao, diz, o desemprego cresce e a economia nao reage como deveria.
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