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Ferroban demite 646 ferroviários
Do Diário do Grande ABC
25/10/1999 | 18:00
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A Ferrovia Bandeirante S/A (Ferroban), sucessora da estatal Fepasa, está demitindo 646 funcionários que prestavam serviços às suas linhas do interior de Sao Paulo e sul de Minas. Os demitidos sao funcionários de faixa salarial baixa ou pouco tempo de trabalho, cuja indenizaçao nao ultrapassa os R$ 60 mil, informou nesta segunda-feira o Sindicato dos Ferroviários da Zona Paulista, sediado em Campinas. A assumir no lugar da estatal, a Ferroban encontrou a ferrovia com 3.000 empregados e, segundo o sindicato, além da atual lista de cortes outras deverao ser anunciadas em breve, já que o plano é enxugar o quadro e terceirizar os serviços.

Até 1994 os ferroviários da Fepasa tinham direito à estabilidade mas, diante do sucateamento da ferrovia, acabaram trocando a garantia de emprego pela cláusula indenizatória que estipula multa de 80% do Fundo de Garantia para todos os demitidos e ainda dá indenizaçao de um salário trabalhado para os demitidos com 4 a 10 anos de emprego, dois salários para os de 10 a 20 anos e 2,5 salários para os com mais de 20 anos trabalhados.

Os demitidos deverao apresentar nesta terça-feira suas carteiras profissionais para a baixa e em dez dias comparecerao a Campinas sede da empresa, para a homologaçao e o acerto de contas. Todas as informaçoes foram prestadas pelo sindicato e pelos próprios funcionários demitidos, já que até o final da tarde de nesta segunda-feira a Ferroban, segundo sua assessoria de imprensa, ainda nao havia se pronunciado.

A privatizaçao das ferrovias está provocando o esvaziamento das regioes que tiveram seu crescimento sobre os trilhos. Bauru, que durante décadas foi sede administrativa da Noroeste e teve uma regional da Fepasa, hoje está reduzida a ponto de passagem, já que tanto a Ferroban como a Novoeste (sucessora da Noroeste) hoje sao administrada pela holding Ferropasa, baseada em Campinas. A Ferroban, segundo funcionários deverá manter na cidade apenas um escritório e aproximadamente cem trabalhadores operacionais, utilizando serviços da antiga Noroeste, já que ambas hoje pertencem ao mesmo grupo.

A privatizaçao das ferrovias, iniciada em 1996, nao trouxe até agora a revitalizaçao esperada. As arrendatárias promoveram demissoes em massa e suprimiram o trem de passageiros na maior parte dos trechos. Em alguns pontos, como em Jaú (SP) o sistema enfrenta problemas que levam as autoridades locais a até propor a interdiçao da linha que, com dormentes podres, colocam em risco de acidente as populaçoes próximas.

"Está provado que as empresas só tem o lucro como meta e pouco se importam com a preservaçao do patrimônio e, muito menos, com a questao social" - disse nesta segunda-feira o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários de Bauru, Roque Ferreira, que cobra do governo fiscalizaçao para as concessionárias cumprirem as metas acordadas durante a privatizaçao.




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