Em depoimento curto na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Sanguessugas, que durou pouco mais de uma hora e 30 minutos, o ex-ministro da Saúde e deputado reeleito Saraiva Felipe (PMDB), negou nesta quarta-feira qualquer tipo de envolvimento com a ‘máfia das ambulâncias’.
No entanto, ele revelou que, atendendo a pedidos dos deputados Wilson Santiago (PMDB) e José Divino (PMR), nomeou Maria da Penha Lino para o ministério. As investigações a apontam como a representante da Planam no ministério. A empresa, liderada por Luiz Antôvio Vedoin, liderava o esquema de compra e venda superfaturada de ambulâncias com recursos do Orçamento Geral da União.
Felipe ainda afirmou que o senadro Ney Suassuna (PMDB), suspeito de participação no escândalo, pediu por várias vezes lideração de recursos ao ministério, mas jamais foi atendido. Segundo o ex-ministro, todos pedidos só eram liberados após estudos técnicos.
Como ter sido corriqueiro após as eleições, a CPMI estava vazia no depimento de Felipe. Apenas três parlçamentares compareceram e fizeram questionamentos ao ex-ministro: senador Wellington Salgado (PMDB), deputado Fernando Gabeira (PV) e deputado Fernando Ferro (PT).
Sugestão - O ex-ministro sugeriu ainda que, enquanto as emendas ao Orçamento individuais dos parlamentares não forem eliminadas, a liberação dos recursos dos ministérios para as prefeituras seja feita, aos poucos, por intermédio da Caixa Econômica Federal. Ele quer que os agentes financeiros acompanhem o processo.
Saraiva Felipe destacou ser preciso "pensar com seriedade" sobre a reforma política. Para o ex-ministro, atualmente, "o deputado bom não é o que tem bom desempenho parlamentar, mas aquele que consegue liberar mais emendas para a região". Segundo ele, essa situação cria uma promiscuidade entre o parlamentar e o eleitor.
Sistemas de controle - De acordo com o ex-ministro, caso não haja melhoria dos sistemas de controle, como a auditoria do SUS (Sistema Único de Saúde) e a reforma política, os escândalos continuarão ocorrendo periodicamente.
Ele afirmou ter tomado conhecimento da investigação da PF (Polícia Federal) sobre a máfia dos Sanguessugas por meio do controlador do Ministério da Saúde. Ao saber que a PF investigava desde 2004 processos de licitação para compra de ambulâncias, o ex-ministro declarou ter sido orientado a não fazer nada para não atrapalhar a investigação.