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India aponta dificuldades de acordo na Cachemira
Do Diário do Grande ABC
04/08/2000 | 11:16
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Os estrategistas indianos advertiram nesta sexta-feira que um acordo entre autoridades indianas e o principal grupo armado da Cachemira, o Hizbul Muyahidin, poderia transformar-se em um campo minado.

As advertências acontecem um dia depois que o governo indiano e o Hizbul Muyahidin concordaram em formar equipes negociadoras, em uma reuniao histórica em Srinagar, capital de verao da Cachemira, regiao que é motivo de disputa com o Paquistao desde o fim do domínio britânico, em 1947.

O ministro indiano do Interior, Kamal Pandey, declarou que muito em breve duas equipes se reunirao, para ``definir as bases' de um cessar-fogo.

O Hizbul declarou semana passada um cessar-fogo unilateral e incentivou o governo indiano a dialogar.

O renomado estrategista indiano Kapil Kak afirmou que o caminho até um acordo de cessar-fogo contém armadilhas perigosas. ``O Hizbul declarou um cessar-fogo unilateral e agora faz parte de um processo no qual os guerrilheiros nao-membros do grupo terao que ser neutralizados pelas forças de segurança indianas', explicou Kak. ``Políticos e negociadores indianos terao que decidir se o Hizbul participará da neutralizaçao dos demais combatentes'. Kak explicou que os negociadores terao que determinar se o Hizbul terá que ajudar o exército a identificar os outros grupos separatistas muçulmanos.

Além disso, o ``Hizbul terá que fornecer detalhes sobre suas posiçoes e seus dirigentes. Quem está armado? Devem entregar as armas ou poderao mantê-las'?, indagou. ``Se as mantiverem, os negociadores terao que determinar um procedimento para que elas nao sejam usadas contra as forças indianas'.

``O Hizbul nao é um exército regular, que recebe ordens através de uma rede de comandos, há militantes do Hizbul que se opoem ao seu líder', acrescentou Kak.

O vice-diretor do Instituto Indiano de Estudos de Defesa e Análises (independente), Uday Bhaskar, também recomendou prudência no otimismo que levou à abertura de um processo de cessar-fogo.

As conversaçoes em Srinagar aconteceram 48 horas depois de uma série de matanças, em que mais de 90 pessoas, a maioria civis hindus, perderam a vida, em várias localidades da Cachemira.

O primeiro-ministro da India, Atal Behari Vajpayee, atribuiu nesta sexta-feira o massacre ao grupo pan-islâmico Lashkar-e-Toiba (Exército do Arrependimento), radicado no Paquistao. ``Nao cederemos frente ao terrorismo', afirmou Vajpayee, acrescentando que a ``India nao abandonará seus esforços para restabelecer a paz na Cachemira'.




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