O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), nega a posição de interlocutor entre as empresas que participam da concorrência para venda de 36 caças ao governo brasileiro. Mas, ontem, ao ser indagado sobre sua viagem à França para conhecer o caça Rafale, disse que levará pessoalmente à presidente Dilma Rousseff (PT) as informações e impressões obtidas sobre o avião produzido pela companhia Dassault.

"O que mais importa são os investimentos que podemos atrair para a cidade, a região e o Estado. Não importa se é esse ou aquele (ganhador da licitação). Não sou eu que vou decidir, não estou tomando parte da decisão", ressaltou Marinho, após reunião no Consórcio Intermunicipal.

Assim como teve garantias de investimento da empresa sueca Saab, fabricante do Gripen NG, caso vença a disputa pública aberta pela União - cujo valor da compra para reforçar a Força Aérea Brasileira pode chegar a R$ 10 bilhões -, Marinho também teve compromisso firmado pela francesa Dassault.

O prefeito assinou espécie de protocolo de intenções com o vice-presidente da fábrica, Eric Trapier, para garantir investimentos do grupo em São Bernardo. Pelo acordo, a empresa se compromete a aplicar recursos em projetos na área de Ensino Fundamental, implantação de incubadora de empresas na área de engenharia e na cidade digital, um dos projetos do governo municipal.

Nos próximos meses, a Prefeitura realizará seminário com empresas da cidade e da região para que elas possam conhecer o programa do projeto Rafale e se preparar para participar do programa francês.

"Quando anunciei (a preferência) em relação ao Gripen, era até uma forma de provocar os demais concorrentes. Era para colocar São Bernardo como um dos endereços que as empresas que estavam disputando a licitação tinham de visitar, conhecer, interagir. Isso felizmente conseguimos. Agora é trabalhar o processo. Dizer qual dos dois equipamentos é melhor não é o objetivo, não sou técnico disso. O objetivo foi buscar investimento para a cidade", avaliou o petista, ex-ministro da Previdência e do Trabalho.

A terceira empresa participante da licitação dos caças é a norte-americana Boeing, fabricante do F-18 Super Hornet. Luiz Marinho estuda convite para ir aos Estados Unidos conhecer o supersônico.

POLÍTICA

Minoria na Câmara e a saída do PPS da base aliada são assuntos indigestos para Luiz Marinho. Indagado acerca do bloco de centro - formado por cinco vereadores -, que está inclinado à oposição, afirmou que "isso é mutável".

Sobre contato com o deputado estadual Alex Manente (PPS), ironizou. "Foi para perguntar se estava tudo bem, se ele passou bem o fim de ano. E que precisamos conversar. Só isso, nada mais."

Os dois devem se encontrar até a próxima semana para tratar de governabilidade na Câmara - Alex apoia o quinteto do centrão - e das eleições de 2012 - o parlamentar era governista, mas a relação com o prefeito está desgastada.